A reclamação de Ciro Gomes nos debates políticos foi muito mais que pertinente. Apontar o dedo para o adversário só serve para encaminhar o Brasil para um beco sem saída. Sim, Ciro, o malvado, o maldito, um dos dois, junto com Tebete, que tentou levantar a discussão da situação do Brasil e apresentar propostas para governo com números, dados, estatísticas. Alguém quis ou quer pensar o Brasil?
Perguntei para uma amiga, lulista, petista ferrenha, como estava da ressaca das eleições (primeiro turno) e a resposta dela foi seca "Não estou de ressaca. Nós ganhamos". A resposta parece ser fato isolado, mas infelizmente não é, mostra o estado de ânimo que fez e continua fazendo desta eleição um momento crucial de nossa história. Não conseguiu entender que vamos ter um Congresso de direita, extra direita e populista religioso, que já demostrou ter posições nada amigáveis às mulheres e principalmente aos LGBT+, dentre outros esquecidos deste país. Casada com uma outra amiga, e gosto muito das duas, mesmo que se confirme a vitória de Lula no segundo turno terá tempos difíceis, pelo jeito bem difíceis, para não dizer desagradáveis. Já teve com um vizinho ultra bolsonarista. Imagine o que será a vida de milhões de brasileiros "diferentes"?
Aluísio Nunes, uma figura política experiente e sensata, acaba de dar uma entrevista na Rádio Eldorado e disse o óbvio: só se constrói um país, um futuro, o bom progresso, com as discussões entre a direita e esquerda para se chegar a um ponto comum, que sempre existe. Acho que com este futuro congresso será difícil que se venha a ter esta sensatez.
O Brasil está inserido no planeta, acredite se quiser. Tem quem não acredite. Ingleses enganados por uma ideia maluca votaram no Brexit, deixaram para trás o famoso unidos venceremos e agora colocam a mão na testa. O planeta está globalizado e vai continuar globalizado para sempre em vários setores, em outros nem tanto. Apostar num nacionalismo feroz fazendo qualquer besteira não vai dar certo. Europa e Estados Unidos estão passando do aviso para ações para proteger a Amazônia, o exemplo mais claro do que tem que ser entendido imediatamente por nós ou a coisa aqui vai ficar muito feia. Falta de vacina e o Brasil se transformar em disseminador para o planeta de doenças extintas? Upa!
Pós pandemia, guerra na Ucrânia? Que tal o Credit Suisse, um dos bancos mais icônicos do sistema financeiro internacional com perigo de quebrar? Como assim? Pelo que li estava alavancado. O que é isto? Não bom, simples assim. Banco suíço alavancado? Algo tipo investir sobre o dinheiro investido que também veio de investimento. Upa!
Eu não entendo nicas de economia e muito menos de macro economia, mas como cidadão macaco velho aprendi que se eles, o pessoal que administra nossas vidas, cometem erros básicos, primários, quem se ferra para valer somos nós; então é melhor prestar atenção nas marolas e muito mais ao recuo do mar antes do tsunami.
Não duvidem, seguro mesmo é o arroz com feijão ou feijão com arroz, não importa como vai ao prato, se a direita ou esquerda, fato é que com o básico não tem erro, você estará alimentado. Então dará para arriscar nos complementos, experimentar novidades, um quiabo a milanesa (que eu adoro) por exemplo, não vai fazer sucesso. Quem não gosta que fique no delicioso e nutritivo feijão com arroz e peça outro acompanhamento. Com básico ninguém passa fome.
Como é, vão apresentar projeto de governo agora no segundo turno? O que houve, cartas marcadas no primeiro para afastar quem não interessa?
Vi de dentro de um navio dois jangadeiros pescando a 55 milhas náuticas de distância da terra, isto aí, uns 100 km da terra. Para os jangadeiros sem problema, eles sabem navegar. Imaginem se na jangada estivesse alguém de extremo populismo dando ordens para o jangadeiro? Vai atirar o jangadeiro no mar por ser musculoso, estar bronzeado e sem camisa e rezar Pai nosso para voltar para terra? Eu acho que não vai dar, só acho, mas há quem acredite que este é o único caminho.
O Brasil não tem projeto nem rumo.
Dois artigos que foram publicados no caderno Economia do Estadão apontam para um futuro bem problemático para o Brasil. Servem de esteio para uma verdade: vamos votar sem saber no que estamos votando? De novo? Mais uma vez? Vamos ouvir blá blá blá e aceitar? Onde estão os números? Onde está o projeto para o Brasil? Que Brasil temos hoje? Para onde queremos ir? Quais são as prioridades que temos que atacar? etc... Sem um alvo nosso voto será um tiro no escuro.
O primeiro vem do The Economist e tem como título "A nova divisão econômica; Falta de vacina para países pobres alimenta temores de crescimento desigual e pânico nos mercados globais" e fala sobre a diferença de velocidade e amplitude de vacinação, e outros cuidados para conter o contágio da pandemia, e sua relação com o crescimento econômico de países. Foi publicado faz um bom tempo e na mosca!
A pandemia nos mostrou o valor da informação. A desinformação causou uma barbaridade de mortes e miséria. Desinformação é uma pobreza - literalmente - que nos leva a degradação, a miséria, ao caos.
Aliás, O Estadão publicou um longo artigo sobre uma pesquisa que não deixa dúvidas que voto errado é fruto da baixa qualidade da educação. Bingo! A prova está aí.
O segundo, também no Economia, "Crise expõe falhas de modelo elétrico; Garantia de estrutura superestimada, que induz à contratação insuficiente de usinas, deixa o País mais vulnerável ao risco de apagões. O problema é que, no Brasil, a garantia física nem garante, nem é física". Título e sub título longos, mas de novo na mosca. Sem energia elétrica... não preciso dizer o resto.
Qual é o gasto energético per capita, por local e por setor econômico? Qual é o custo / benefício de ter disponibilidade segura de energia na construção de bens de capital com valor agregado? Qual é o comparativo de nosso uso de energia com países de primeiro mundo? Qual é nosso índice de desperdício e perda de energia, pergunta mais que pertinente quando se sabe o tamanho do problema que temos com a água potável. Qual é o share de uso de energia para sistemas de comunicação e inteligência artificial? Qual é o grau de estabilidade que nosso sistema tem por região? Quem, onde, como, porque, para que, para quem, quanto, quando, sob que números...?
A verdade é que não entendo porra nenhuma de energia elétrica, mas me interesso pelo Brasil e por conseguinte leio, procuro me informar. O que para mim é claro é que temos um custo Brasil insuportável causado por absoluta falta de informação, discussão, respostas e projeto. Fé em Deus definitivamente não é projeto de governo, está até nas palavras sagradas.
Depois destes dois artigos publicados lá atrás saíram inúmeros outros. Alarmismo?
Números de hoje podem ser voo de galinha, e tudo indica que serão. Cocó ou banania?
Vamos votar neste para ir contra aquele? Nossa decisão será tão medíocre, simplória?
Jabuticaba brasileira como foi a mudança no padrão das tomadas é tudo o que não podemos repetir.