segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Qualidade das ciclovias ou segurança no trânsito?


Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Segurança, não só no trânsito, só ocorre quando são tomadas medidas necessárias para a correção de erros e distorções do sistema, sem interferências de paixões, achismos, políticas, ideologias ou de qualquer fator que não seja a lógica e a razão. Neste sentido o estudo realizado pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) é mais que louvável. Realizado em 257 km dos ditos 484,8 km de malha cicloviária da cidade de São Paulo aponta para o reconhecimento que 227,8 km, praticamente 47%, não interessam ou não atendem a critérios de avaliação dos próprios ciclistas. Ou 143 km (28%) descartáveis se forem levados em consideração os tão gritados 400 km de ciclovias de Haddad. O estudo aponta para o abandono da infraestrutura existente, principalmente no que diz respeito a sinalização, o que o ocorre não só na malha cicloviária, mas em tudo. O apagado da tinta vermelha de solo se deve ou por bom uso, grande número de ciclistas circulando, ou pela baixa qualidade do material empregado, o que demonstraria mau uso de dinheiro público. Avaliar bem a qualidade do tipo de pavimento só é possível quando se tem como referência a péssima qualidade geral de todo pavimento viário da cidade e desconhecendo o significado da palavra drenagem. Ou ciclista não tem direito de pedalar na chuva? O estudo da Ciclocidade é honesto, dá a São Paulo nota correspondente a 10% do ideal estabelecido por um índice criado em Recife e que vem sendo usado no Brasil. Lembro que o primeiro encontro internacional para troca de experiências e busca de boas e inteligentes soluções para as grandes cidades ocorreu em Nova Iorque em 1898 e que desde então estas trocas de conhecimento vem ocorrendo, o que influenciou muito na melhora da segurança no trânsito e principalmente na qualidade de vida geral de todo cidadão. A palavra de ordem para um futuro melhor hoje é integrar, não segregar, inclusive no trânsito. Intensificar o uso da bicicleta e de outros modais ativos é ponto pacífico para esta melhora, mas com bom senso, inteligência e racionalidade, e educação de seus usuários. Total respeito aos pedestres, como diz a lei. São Paulo (e o Brasil) insiste em encontrar soluções próprias, muitas delas mágicas duvidosas. Não dá certo e custa caro, a verdade está aí.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

A venda de balas por crianças na 9 de Julho voltou

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo
Crianças pequenas voltaram a venda de balas na esquina da av. 9 de Julho com av. Brasil, uma situação absolutamente vergonhosa que não tem fim. A primeira vez que vi a menina, que deve ter uns 5 anos, ela ainda era bebe e era carregada nas costas do pai enquanto este distribuía os saquinhos pelos espelhos dos carros parados. A carta enviada ao Fórum do Leitor do Estadão (que está nesta mensagem) surtiu efeito por uns dias, mas a situação voltou ao que era em poucos dias. Nenhuma situação justifica a venda de balinhas por crianças, pré adolescentes e adolescentes nas esquinas. As crianças fazem a distribuição dos saquinhos de balas  (provavelmente industrializados) descalços no asfalto tórrido para causar dó nos motoristas, o que já vi várias vezes. Os tênis ficam escondidos em alguma moita e são vestidos quando voltam para casa. Exaustos caminham lentamente entre os carros para recolher os saquinhos de balas  (provavelmente industrializados), o que deixa o trânsito mais lento ainda, o que gera imensas perdas econômicas para toda cidade. Tudo indica que há toda uma indústria por trás deste trabalho infantil, o que constitui crime. Ademais, repito o que já escrevi: quando alguém atropelar uma das crianças, de tão pequenas invisíveis dependendo do tipo de veículo, de quem será a responsabilidade criminal? Provavelmente a responsabilidade recairá sobre o motorista ou motociclista. É de uma desonestidade social sem tamanho.




domingo, 16 de dezembro de 2018

Você mora aqui?

O que tem lá?
É a nossa cidade 
Minha, tua, dela, dele, deles
Ou deveria ser 
Cá, lá, acolá, em todo lugar

A vista é maravilhosa. A rua dá exatamente de frente para ponte estaiada da Marginal Pinheiros que de lá vira o X da questão de todo o resto. A primeira foto foi logo na divisa entre o Real Parque "wanna be" e a favela Real Parque. Fiz um caminho completamente novo por dentro do bairro, por conta disto não me dei conta que lentamente os carros que passavam por mim foram mudando, ficado mais velhos, gastos, barulhentos, nem estranhei os edifícios mais simples, menos imponentes, de fachada classe média que começaram aparecer quando cheguei ao topo do morro. Uma menina bonita bateu o barulhento portão de ferro à minha direta e saiu rebolando sua mulatice por uma calçada mal cuidada e suja. Levantei os olhos, para cá e para lá, os edifícios padrão de moradia popular, parede branca, janelas retangulares de esquadrias metálicas e vidro alinhavam a rua até o ponto onde claramente começa a favela. Comunidade. A sujeira jogada na calçada fez a menina ir para o meio da rua e a frente de seu rebolado vi o horizonte de prédios ao longe, mas não ainda a ponte estaiada.
Um pouco a frente, no começo da descida, logo depois de uma construção improvisada em tijolos vazados sem pintura, pude ver o imenso X e seus tirantes. Não foi a primeira vez que entrei numa favela, talvez e espero que não seja a última. É sempre uma situação incomoda, cheia de alertas inconscientes que querem ou devem, não sei ao certo, colocar medo, evitar a imprudência, não sei se social. vital ou real. É minha cidade, é paisagem pública, por que não?
A vista aberta para a paisagem, o horizonte e o imenso X estaiado deveria fazer parte do deleite, da vida de todos, está protegida por uma grade de ferro que acompanha e desce para direita e esquerda da rua. Está lá, à esquerda escondida por alguns edifícios padrão moradia popular, todos iguais, todos sociais. A esquerda a bela vista é impedida a todos por barracos de madeira encostados e apoiados no gradil, um monte de peças de carro jogados no chão com um inconfundível motor de VW, mais barracos incompreensíveis, e assim vai rua abaixo para a direita. 
Encostei a bicicleta no ferro velho de peças, dei uns passos cuidadosos sobre outro entulho jogado no chão, encaixei a máquina entre as barras de ferro da grade e tirei algumas fotos. Volto o corpo e vem a mim um adolescente mulato gordinho e bem vestido que olha para meu celular e para minha bicicleta, e só depois de investigar cuidadosamente o material olha nos meus olhos e pergunta se fazendo de bobo "Você mora aqui?".
- Não, não moro.
- Mora onde?
- Pinheiros.
- Tá fazendo o que (aqui)?
- Tirando umas fotos. A vista é linda, você não acha?
- Fotos do que?
- Da estaiada. Daqui ela é maravilhosa.
- Para que? Baixa os olhos para o celular e completa, - Tira boas fotos..., diz visivelmente desprezando a minha velha bicicleta.
- Organizar a cidade, organizar os bairros... e guardo tranquilamente o celular no bolso.
Tive a sensação que ele intimaria o celular, mas para minha surpresa não o fez mesmo seguindo em sua conversa boba malandra. Me despedi com um sorriso, peguei a bicicleta, perguntei a um senhor se tinha saída para a Decatlhon pela descida da direita ele me respondeu que sim, "só descer e virar na padaria" Desci confesso que rápido, um pouco preocupado com aquele menino que deixei para trás e com a possibilidade de ter que pedalar numa subida, por mais leve que fosse, onde seria presa fácil. Neuroses, neuroses, mas quando dei no asfalto próximo à Decathlon fiquei aliviado. Neuroses?

Foi igualzinho em Paraisópolis. Eu e Jonas fomos lá fazer uma vistoria técnica e logo apareceu um jovem com cara de bobo com a mesma conversa mole para saber o que o "alemão" está fazendo no pedaço. O chefe do pedaço podia ser visto a uns 100 metros olhando para nós e esperando informações do fronte.

Exatamente como em Paraisópolis se chega lá por ruas ricas, arborizadas, de verde cuidadosamente cuidado, ladeadas de edifícios luxuosos dos quais só se vê o muro, a portaria, os seguranças, e esticando o pescoço a torre que leva uma vontade sem fim de arranhar o céu. Amém. O inferno é logo ali ao lado. Bairro chique sem vida, sem pedestres, mães com bebes no carrinho, velhos de bengala caminhando, crianças brincando, ciclistas fazendo molecagens, duas cadeiras na porta de casa para jogar prosa fora. Sem vida a não ser pelos caros carros que saem de vez em quando e quando chegam em casa faz com quem imediatamente surja um segurança para garantir que o portão da paz se abra sem contratempos ou coisa pior. "Sempre acontece. Não soube do outro dia..."
Exatamente como em Paraisópolis, você cruza uma rua, anda mais um quarteirão e entra num outro planeta. Ruas cheias de gente caminhando, conversando, crianças brincando, como deveria ser e lá é. Construções simples para abrigar a cabeça do que vem do céu e esgoto a céu aberto. Ou é ali ou não é, não espaço para temores, o medo real mora ali, o medo faz parte, que se supere o medo e se leve a vida. Não há folga para olhar a paisagem.
- Se você tirar a Mega-Sena de Ano Novo o que vai fazer?
- Vou comprar dois carros, um para mim e minha filha com motorista, outro para meus seguranças.
(Conversa real com uma senhora moradora de uma favela, leia-se comunidade)

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Morre ciclista acidentado no Pedal Anchieta 2018


Nestes exatos 30 anos de passeios noturnos em São Paulo só consigo lembrar de uma morte, um ciclista que no meio de uma descida acentuada encaixou e travou a roda dianteira numa grade criminosa, um tombo horroroso. Se tivesse havido outra morte provavelmente eu teria sabido.
A morte do jornalista Roberto Zaghini decorrente de um gravíssimo tombo ocorrido na descida da Serra do Mar durante o Pedal Anchieta 2018 entristece, mas não empana o evento. Repito, no meio de mais de 33 mil ciclistas ter dois gravíssimos e um grave é praticamente nada. Não deveriam (nem poderiam) ter acontecido; havia uma forte torcida dos organizadores para que o passeio corresse bem, e a verdade é que correu, foi muito bom.  

Foram 19 ocorrências só na Serra do Mar. Muitos foram derrubados por imprudência de outros ciclistas que acham que sabem pedalar, mas não fazem ideia do que é pedalar em grupo, no meio de um pelotão. Pelo que dizem Zaghini foi tocado por um ciclista que vinha mais rápido ou correndo e caiu, mas estou no pelo que dizem. Saber exatamente como ocorreram cada um dos 19 acidentes na serra é de suma importância para saber o que tem que ser melhorado na próxima edição do Pedal Anchieta. O que é certo é a profunda irritação de muitos com os idiotas que desceram a mil sem respeitar ninguém, pior, sem olhar para trás quando provocavam a queda de outro. 
Não tenho dúvida que precisamos parar de passar a mão na cabeça dos idiotas, dos sacanas, dos de má fé. 

Gostaria de saber o que aconteceu de fato com Roberto Zaghini e principalmente se a pessoa que causou o acidente (se realmente alguém causou o acidente) parou para ajudar, o que como brasileiro tenho inúmeras razões para duvidar que tenha ajudado. O acidente foi um pouco a frente de onde eu estava. Passou o atendimento e parou tudo por mais de meia hora. Quando voltou a andar, bem devagar, um grupo de ciclistas que ajudava gritava que todos entrassem em silêncio no túnel a frente por que ainda estavam fazendo atendimento. Adiantou? Dentro do túnel foi uma gritaria ensurdecedora. Comportamento bem brasileiro; 'o outro que se foda, eu quero me divertir'.

Meu pesar a família e amigos do jornalista e ciclista Roberto Zaghini.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Códigos de acidentes diferentes

O Estado de São Paulo
Fórum do Leitor:

Estou acompanhando o processo de um acidente de trânsito e acabei descobrindo que cada órgão de trânsito, atendimento ou socorro tem seu próprio código de ocorrências. Fica difícil saber se o acidentado teve uma colisão com outro veículo, se caiu sozinho, se colidiu em obstáculo parado ou o que de fato aconteceu. A unificação dos códigos de ocorrências é elemento básico para a comunicação entre órgãos e facilitaria enormemente a obtenção de dados e estatísticas confiáveis. Samu, Corpo de Bombeiros, Socorro, PM, CET, Polícia Rodoviária, concessionárias, não falam a mesma língua em suas planilhas. Este é o momento para corrigir mais esta distorção já que parece que caminhamos no sentido de ter uma inteligência centralizada para a segurança pública. Por que não fazer o mesmo para a segurança no trânsito?

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Comemorando 70 anos de sua assinatura por todas as nações:

Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem; Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão; Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações; Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla; Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais; Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso: A Assembleia Geral Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição. 

Artigo 1.º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. 

Artigo 2.º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. 

Artigo 3.º Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 

Artigo 4.º Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. 

Artigo 5.º Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 

Artigo 6.º Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua personalidade jurídica. 

Artigo 7.º Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 

Artigo 8.º Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. 

Artigo 9.º Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. 

Artigo 10.º Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida. 

Artigo 11.º 1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. 2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido. 

Artigo 12.º Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei. 

Artigo 13.º 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. 2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14.º 1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. 2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas. 

Artigo 15.º 1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. 

Artigo 16.º 1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. 2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos. 3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado. 

Artigo 17.º 1. Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade. 2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. 

Artigo 18.º Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 

Artigo 19.º Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão. 

Artigo 20.º 1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 

Artigo 21.º 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. 3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22.º Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país. 

Artigo 23.º 1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego. 2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social. 4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses. 

Artigo 24.º Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas. 

Artigo 25.º 1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. 2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção social. 

Artigo 26.º 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. 2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos 

Artigo 27.º 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam. 2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria. 

Artigo 28.º Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração. 

Artigo 29.º 1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade. 2. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática. 3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas. 

Artigo 30.º Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

Centro de Informação das Nações Unidas em Portugal 
www.onuportugal.pt

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Pedal Anchieta 2018


Uma das grandes oportunidades perdidas em minha vida foi num 31 de Dezembro de 2002 ou 2003 quando eu deveria descer para o Guarujá e não fui porque o trânsito estava parado desde a avenida dos Bandeirantes na altura da av. Santo Amaro. Demorei algo como uma hora para conseguir sair da loucura e neste meio tempo liguei o rádio para saber o que estava acontecendo. "O trânsito está parado desde Santos e São Vicente e as autoridades estão pedindo que as pessoas não venham para as rodovias (Anchieta e Imigrantes)..." Fiquei sonhando que poderia descer pedalando fácil, fácil. Não fui e me arrependo amargamente. Realizei parte do velho desejo quando pedalei no último evento da Rota Márcia Prado. Foi das melhores experiências de minha vida, mesmo assim faltava a velha Anchieta que me deu tantas histórias de vida. E me avisaram que iria acontecer. Nossa! É agora! E inscrição feita número 17658. E os inscritos foram aumentando, aumentando, aumentando…

De sexta-feira para sábado tive dificuldades para dormir tão excitado que estava. Se tivesse 10 anos e tivesse ganhado uma passagem com tudo incluso para ir à Disney provavelmente não teria ficado tão excitado. De sábado para domingo consegui ficar mais tranquilo, mas..., mas..., Pedal Anchieta 2018, Pedal Anchieta 2018, Pedal Anchieta 2018... E acordei às 4:00 h como previsto, tomei café da manha, peguei a bicicleta e rua! para encontrar o amigo Zé às 5:15 h; rápida parada num posto para um café e pipi e lá o pessoal estava espantado com a quantidade absurda de ciclistas que passavam. “O que está acontecendo?”, perguntavam. E respondíamos Pedal Anchieta!

Desde os primeiros metros foi tudo muito bem organizado. Meu primeiro medo, proximidade da saída com a Heliópolis, desapareceu imediatamente. Estúpida neurose social. O caminho entre a estação Metro Sacomã e o viaduto que dá início á Anchieta, ainda uma avenida, estava bem sinalizado, conificado e policiado. Muito ciclista chegando, uma faixa da avenida para os pedalantes falantes, felizes e tranquilos. Dois km de avenida depois a Anchieta em si, a estrada, a via expressa.
A massa de ciclistas que foi aparecendo aos poucos, 30 mil, segundo Polícia Militar, 35 até 40 mil segundo outros, foi bem menor do que eu esperava (o dobro), mesmo assim encheu a pista expressa da Anchieta. Foi no limite, um pouco mais ciclistas e iria ficar chato ou até mesmo impossível.
Desde os primeiros metros fiquei espantado com o baixíssimo número de ciclistas sem plaquinha de inscrição e assim foi até Santos. Nunca vi tão pouco pipoca (não inscrito) na minha vida, provavelmente pela chuva do dia e noite anterior. Quando acordei estava um céu maravilhoso, estrelado, com uma lua em sorriso de gato brilhando e pensei “Que benção! Vai ser um dia maravilhoso”, e foi.
Bem no comecinho passei por uma menina que literalmente não sabia pedalar, ou seja, não conseguia sequer colocar a bicicleta em movimento. Os amigos em volta a estimulavam a seguir tentando. Absurdo, insanidade! Espero que ela tenha tido uma luz de consciência e tenha desistido. A quantidade de ciclistas que sem ideia do que é uma bicicleta não me foi surpresa, já que tenho medo de sair pedalando na ciclofaixa de domingo, por exemplo. Reconheço que o pessoal está pegando o jeito, que está melhorando o pedal, mas se faz urgente ter campanhas para aprimorá-los. Segurança no trânsito, meu caro!
Fiquei impressionado como tem gente que não sabe como sair do pelotão e como parar corretamente no acostamento para não atrapalhar os outros. Eu amo as mulheres, sou um mulherengo convicto, não tenho a mais remota dúvida que elas são muito mais seguras no trânsito que os homens, mas neste passeio elas deram show de barbeiragem. Ou talvez tenha sido comigo a coisa; espero que sim. “Eu vou parar ali” e viravam sem olhar para trás de montão. Com bicicleta errada outro montão. Pedalando com selim baixo então! Na altura de São Bernardo do Campo uma menina forte, coisa de academia ou talvez até professora de spining de tão forte e definida, pedalava uma bicicleta bem pequena para seu porte e ainda com selim baixo, mas ia com tanta força e tranquilidade que deve ter chegado ao final girando a uns 100 por minuto os pedais com a mesma carinha “olha como eu sou linda”. Das que pedalavam errado muitas no ABC estavam com cara de “eu vou morrer”. E lá em Santos, numa conversa com um pessoal que tinha descido, homens e mulheres, falavam da loira linda de morrer com macacão rosa e amarelo grudado ao impecável corpo alto e bem definido. Esta não vi. Na serra uma senhora nissei descia a 2 km\h torrando as pastilhas do disco que já gritava mais que os macacos da mata. Todas chegaram lá. A descida da Anchieta é muito mais fácil, muito mais leve, que eu imaginava. É uma baba, dá para qualquer iniciante, mulher ou homem.
A estrada entupiu algumas vezes. Três para e anda. Costumo encarar numa boa, mas minha ansiedade ficou de saco cheio. Fiz o passeio em exatas cinco horas, mas poderia ter feito em umas três e meia fácil, passeando, amando a paisagem. Pelo menos meia hora de para e anda em cada entupimento de ciclistas na Anchieta. Para mim foi o ponto chato do dia. É lógico que numa destas paradas veio um homem de meia idade clipado em sua bicicleta de estrada, passou por mim, parou e não conseguiu soltar do pedal. Caiu feito um poste. “Ai meu saco! Vai dar atendimento. Se quebrou”, mas não, envergonhado desclipou no asfalto e levantou-se resmungando estar bem. Eu quis dar o velho conselho de minha família “Velho não se mete a besta”, mas a sabedoria de maus cabelos brancos decidiu ficar quieto.
E chegamos à fábrica da Volkswagem, um dos marcos do Brasil moderno. Um pouco mais a frente, antes de chegar à represa, mais ou menos na altura do acesso ao Rodoanel, é um conhecido local de assalto a ciclistas. Dias antes do passeio havia preocupação com assaltos e até mesmo com possível arrastão, mas no meio daquela massa não acredito em tamanha ousadia. Aconteceu na Rota Márcia Prado, lá no fim da estrada de manutenção, dai o temor, mas numa Anchieta completamente abarrotada? Não!
Enquanto cruzávamos a ponte sobre a represa Billings num anda e para infernal, mas ótimo para apreciar a linda vista, passava no acostamento do outro lado da pista montarias, inclusive com algumas crianças. Como deve ser descer, ou subir, a cavalo para Santos? Não monto, não tenho jeito, mas tenho inveja deles e gostaria de fazer a aventura. Quem sabe um dia criem uma trilha para eles. A tropa de Dom Pedro I fazia montado em mulas, não cavalos. O famoso quadro doi grito da Independência ou Morte de Pedro Américo é uma fantasia e como tal uma mentira. Mulas, não cavalos.
Foi nesta ponte que passamos da pista expressa para a pista de subida da Anchieta, e lá ficamos até a baixada, descendo a serra pela subida. É o pedaço mais lindo do passeio. Lindo é pouco, maravilhoso. Mata atlântica dos dois lados… E até o início da descida da serra pedal livre e solto. Na boca da descida da serra outra parada, esta mais breve, mas não menos chata.
E a descida. Agora, depois de uns dias e pensando bem, tendo visto alguns vídeos, a descida foi tranquila. Óbvio que tiveram os imbecis de praxe, mas mesmo estes foram menos imbecis que de costume. Nos pontos onde a vista se abre muita gente parou para apreciar e tirar selfie, e quem vinha descendo rápido gritava “parou! parou! parou!” de maneira muito mais organizado que eu esperava, mostrando que o monte de grupos de passeio que estão por ai estão fazendo um bom trabalho de educação. Eu não vi acidentes, mas passaram por mim dois socorros, um ainda lá em cima vindo na contramão com muito cuidado e todas luzes e sirenes ligadas e o outro no meio da serra para atender um dos tombos graves do passeio. Nesta ficamos parados bem uma meia hora. No fim da serra, no bairro cota, uma viatura da Rota dava segurança aos ciclistas. O local é conhecido pelos arrastões quando o trânsito para. A segurança em todo trajeto do passeio foi muito boa. Não ouvi uma história sobre assalto ou outra violência qualquer.
E felizmente acabou a descida da serra. Não tenho qualquer problema com descidas, mas prefiro subir. Ainda espero um dia subir a Serra do Mar; vamos ver se o velhinho aguenta.
Lá em cima já sabia que na baixada pegaria vento de frente. Estava ventando, mas mais leve do que esperava. Pedalar contra o vento é cansativo, para muitos deve ter sido o vento de misericórdia. Acabou a serra dá a sensação que já acabou, mas não é bem assim, tem ainda uma boa pedalada. O morro com as casinhas vai crescendo, crescendo, até chegar no arco em forma de peixe que dá boas vindas aos visitantes de Santos. Mas ainda tem pedal até chegar na rodoviária e no Valongo, o final oficial do Pedal Anchieta 2018, que nem passei perto. Cruzei o túnel, fui para o Gonzaga e aí sim estava em minha Santos da minha infância. Prazer cumprido!
Entrei na Anchieta exatamente às 7:00 h e cheguei em Santos 12;00 h cravados, seco, só respingado por uma leve e rápida garoa no meio da serra. Por muita sorte no exato momento que entrei no restaurante o mundo caiu. O pessoal do meio para o fundão do passeio tomou sopa de tempestade. Felizes e ensopados.

Pedal Anchieta 2018 - o que melhorar?

O Pedal Anchieta 2018 foi bem organizado e correu tranquilo. Começando no melhor estilo brasileiro: Os 19 acidentes divulgados oficialmente, com dois acidentados graves, quando colocados frente aos mais de 30 mil participantes é um número baixo se for levado em consideração tudo que esteve envolvido.

O que tem que ser trabalhado para a próxima edição do Pedal Anchieta?


As autoridades acreditarem que bicicleta existe

Tenho longa vivência e pelo que vi e ouvi acredito que mais uma vez as autoridades não levaram a sério a força que a bicicleta tem. O trabalho das Polícia Rodoviária, PM e CET São Paulo, Eco Vias foram elogiáveis

Mas o que aconteceu em Santos mostra que teve autoridade que não acreditou no tamanho da brincadeira. Tanto é verdade que os comerciantes não sabiam o que estava acontecendo. É de uma inocência sem tamanho acreditar que os ciclistas chegariam no Valongo e lá ficariam, restritos ao Centro de Santos. Houve leve confusão na boca do túnel completamente desnecessária. 



Todos tiveram muita sorte que na noite anterior tenha chovido e que a meteorologia tenha previsto chuva para todo passeio, chuva que só caiu lá pelo meio dia. Melhor, temporal. Com tempo bom apareceriam muito mais ciclistas e aí teria sido bem complicado.

Mapear acessos ao passeio
Mapear e informar com antecedência os melhores e mais seguros caminhos para acessar o passeio se faz necessário. O próximo passeio deverá ser muito maior que este e não dá para continuar acreditando que ciclista é motorista que só pode acessar por um ou dois locais. Desculpem autoridades, mas creio que vocês deveriam levantar uma bicicleta para descobrir que bicicletas são leves e facilmente podem ser levantadas e colocadas do outro lado da barreira ou guard rail. 

Educar os ciclistas se faz urgente
Problemas de falta de civilidade, companheirismo e coletividade, foram muito menores do que eu esperava. Não se pode esquecer que são um mal nacional, não uma exclusividade dos ciclistas. A verdade é que a cultura do bom pedalar ainda não foi disseminada entre a população. Não se pedala a devida suavidade, sabedoria e inteligência. No mínimo os ciclistas precisam ser educados ou pelo menos informados sobre regras básicas de como pedalar civilizadamente. 

A imensa maioria se comportou bem, mas isto só não basta. Se faz tarde que esta maioria comece a pressionar os pregos, cabeças duras, mal-educados e irresponsáveis para que também se comportem devidamente. A mudança tem que começar em casa, nas ciclovias paulistanas, por exemplo, onde vale quase tudo.

A saber; no dia seguinte tinha bastante santista chateado com o comportamento dos ciclistas que vieram no passeio, a maioria paulistanos. Vi pessoalmente algumas cenas e digo que os ciclistas não fizeram nada mais que repetir o comportamento trivial que se vê nas ciclovias, ciclofaixas e ruas daqui, São Paulo. Pedalam sem se preocupar com os outros, param como querem e onde bem entendem, não se importando se estão atrapalhando a passagem de todos ou os colocando em risco. Pior, não sabem dizer "por favor", "com sua licença", "obrigado', e muito menos "me desculpe". 
Santos já tem um sistema cicloviário acanhado até para o movimento local e com a enxurrada de ciclistas do passeio foi gritante a falta de civilidade. Finalmente: pedestre tem prioridade e ponto final.

Desculpem se generalizo, mas foram tantas as besteiras que têm ser desta forma. Parabéns aos civilizados. Não fizeram nada mais que a obrigação.

Aconteceu bastante besteira na estrada, por parte da eterna minoria dos "eu sou o bom" e por parte dos "eu pedalo" (mas não faço ideia do que estou fazendo aqui).

Deixar fluir o passeio.
Pelo amor de Deus, para e anda, para e anda, não dá, ninguém merece. Coisa mais chata! Foi o ponto negativo do passeio pela Anchieta. Deve haver uma forma mais inteligente de controlar o fluxo que fazer todo mundo ficar numa 'fila de INSS'. Se não foi controle de fluxo foi o que então? As autoridades não acreditaram que desceriam 35 mil? Pois deram sorte de ter chovido até o meio da noite anterior ou teria fugido ao controle.
Acabei de saber que não foi controle de fluxo, mas erro grosseiro de engenharia de fluxos: tenda de apoio, banheiros químicos, desvio, acesso posicionados de forma errada. Provavelmente ou com certeza um projeto subdimensionado para a massa de ciclistas. 
Parabéns pelos pontos de apoio, que evitaram quem mais ciclistas precisassem de atendimento por falta de água e comida, mas que sejam melhor posicionados. Obrigado a SABESP pela água.

Conter quem estraga prazer.
Brasileiro tem que parar com esta burrice de passar a mão na cabeça de quem estraga prazer de todos. Dos 19 acidentes, quantos foram causados pelo pessoal sem limite? Vi Polícia Rodoviária parando "super ciclistas" que saíram do espaço estabelecido para o passeio para pedalar mais rápido no acostamento da via aberta aos veículos, e só tenho que parabenizar esta ação da polícia. Não dá mais para aceitar o "eu faço o que quero", "eu sou esperto", "vocês que se f...." como um grito de liberdade. Não é. Um evento coletivo deve ser respeitado como tal. Liberdade é uma coisa, imbecilidade é outra.

Descida:
Vendo o vídeo da Renata Falzoni sobre o Pedal Anchieta 2018 no Bike é Legal lembrei de um detalhe importantíssimo: a descida da serra, o ponto mais perigoso do passeio. Seria interessante que antes do passeio a pista fosse lavada, pelo menos nos locais onde há maior retenção de gordura, óleo, na pista. O ideal seria que lavassem toda descida. O que acontece é que no início da chuva ou, pior, com chuvisco, a pista fica mais escorregadia do que já é. O banho diminui a gordura aumentando a segurança dos ciclistas.

Faltaram banheiros químicos.
Como diabético vi pouquíssimos. Dois estavam posicionados no acostamento atrapalhando o fluxo, quando poderiam estar um pouco mais a frente num acesso. E vi nenhum depois da Represa Billings. Se havia faltou sinalização indicando "... a frente banheiros". 

Turismo:
Mais uma vez o turismo perde uma preciosa oportunidade. Deprimente. Os santistas poderiam ter feito um bom dinheiro com este evento.

A boa nota é que as empresas de ônibus aguentaram o tranco bem, trabalhando meio de um quase caos. Conversei com funcionários da Cometa e eles elogiaram os ciclistas. Já os ciclistas disseram que na rodoviária foi um caos de verdade. Parece que a experiência passada da última descida da Rota Márcia Prado foi esquecida ou não serviu para nada. É sempre assim, por isto não vamos para frente. 

Informações mais bem divulgadas
Informação houve, estava na mídia social, mas poderia ter sido mais divulgada ainda. A questão é que divulgam mais e o passeio tem grande possibilidade de crescer junto, até de sair do controle. O que fazer? A pensar.

Acidentes:
Oficialmente foram 19 acidentes; ou terão sido 19 atendimentos? Tenho um número, algo em torno de 40 atendimentos, que me parece mais realista. E tenho notícia que a maioria destes foi por falta de alimentação ou hidratação; não tomaram café da manha, não levaram comida ou água. 
Os dois acidentados sérios continuam hospitalizados, um em estado grave. Há uma filmagem que mostra um acidente gravíssimo na serra, com o ciclista capotando de frente porque caiu na valeta de escoamento de água da pista, que é bem profunda e perigosa. Vi um filme que um ciclista também cai, sem gravidade, nesta valeta. 

Enfim, quais as causas de cada um dos acidentes? Esta é a única forma de se melhorar a segurança geral. O resto é fofoca que só leva a outras bobagens e a futuros perigos. Segurança é informação precisa, não suposições.

Terminando: 
Discordo do jovem químico formado pelo Ita, a elite da elite de nossa educação, que disse algo como “por ser a primeira vez...” Inteligente, articulado e boa conversa, ele reflete ´na sua juventude uma verdade brasileira que trouxe este país a esta situação horrorosa que vivemos. Desculpe, mas tem que acertar de cara. A informação necessária para isto está aí a disposição de quem quiser. Basta usa-la corretamente. 

O Pedal Anchieta 2018 foi ótimo, mas poderia ter sido muito melhor. Sempre pode ser melhor. E será melhor no próximo. O que me deixou feliz foi saber que a primeira reunião de avaliação a fala geral foi "o que podemos fazer melhor..." Tenho certeza que farão. 
Parabéns aos organizadores. Parabéns aos participantes, a maioria deles. Parabéns.
De minha parte digo: muito, muito, muito obrigado a todos organizadores. Bravo! Bravo!




Contos brasileiros:
O embarque de volta para São Paulo foi complicado, com muita gente não respeitando o bilhete comprado com antecedência e na mão do próximo. Numa destas um grupo apresentou bilhetes, colocou as bicicletas no bagageiro, entrou no ônibus e na hora de sair deu com as bicicletas jogadas no chão. Alguém, que já estava dentro do ônibus, simplesmente abriu o porta malas e tirou as bicicletas de lá para colocar as próprias e seguir viagem. Se os donos das bicicletas que foram retiradas não tivessem percebido chegariam em São Paulo sem elas. Os responsáveis pelo absurdo? Sei lá? Dá para acreditar? Dá, ô se dá.

Vera saiu catando a grande quantidade de saquinhos de gel que ficaram espalhados pelo caminho. "Para que usar gel (energético) num passeio destes?" perguntava ela. A brincadeira de jogar no chão saquinhos com alimento, principalmente estes de gel, mata macacos, lagartos e outros animais silvestres. Segundo Vera, na descida Márcia Prado o número de animais mortos e autopsiados foi grande. Crime ambiental