quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Sonhos para 2018

Feliz Ano Novo. 2018. Tem que ser ou tem que ser. Olhar para frente. Pior que está não fica (pelo menos esta é a vontade, porque pior sempre pode ficar)....
2018. Quem sabe o que será? Incertezas, incertezas. De certeza só o fato comprovado que é nas crises que surgem as grandes oportunidades. Oportunidades. 
Tai a Mega Sena que não nega e deve pagar mais de R$ 250 milhões. Odeio a certeza que não vou ganhar, mas adoro a brincadeira de sonhar com o prêmio. Mais ou menos R$ 1.750.000,00 por mês só de juros. Dá para viver. Dá para pensar um monte de besteira, dar risada. Se ganhar já sei qual será meu primeiro ato?: vou me internar num hospício. Vou deixar um monte de gente feliz.
Sonhar sai muito mais barato que uma psicologa. A fezinha semanal vem carregada de sonhos. Sonhar faz bem, gera esperança, principalmente quando se tem um pouco de bom senso para entender no que pode dar o sonho. Tem sonho prático, realizável, assim com tem delírio e estupidez completa. Somos mais propensos ao último. Igualzinho ao que fazemos do nosso dia a dia. 
Se ganhar na Mega Sena nunca mais uso papel higiênico fura bolo nacional, isto é certo.
Para algumas coisas dinheiro é inútil. Para outras por mais dinheiro que se tenha não se resolve nada. É impossível reverter os efeitos de uma doença crônica, de uma cegueira, da burrice... Fato consumado é fato consumado, não aceita sequer suborno. Mas sonhar permite ficar exercitando a inteligência sobre o que faria com a própria vida. O egoismo vem antes. Ajudar amigos, família, quem mais? Como ajudar os moradores de rua? Casar ou comprar um bicicleta nova? Esta é fácil: fico com a bicicleta e faço a mesma recomendação a todos. Bicicleta não abre a boca e quando range basta umas gotas de óleo que ela te leva para frente
Sonhar pode ser divertido ou angustiar muito. 
Uma coisa é fato: não dá para simplesmente torrar dinheiro. Dinheiro não aguenta desaforo, nem nasce em árvore. 
Não dá para torrar a vida em sonhos, utopias, mentiras. Vida não leva desaforo para casa. Sonhar, ter utopias, esperanças não só faz parte da vida, como deve ser um vento que ajuda a ir em frente, mesmo no vento contra. Vai fazendo zig-zag, mudando a vela, engolindo as ondas e a água que respinga furiosa na cara, mas segue em frente, sempre em frente. Demora mais chega lá.

E nunca esqueça: se tirar a Mega Sena ou ganhar um dinheirinho extra mantenha a boca fechada, não conte nem para a sombra. Dinheiro é como merda; atrai um monte de mosca.

Finalmente: se tirar a Mega Sena não se interne no hospício. Saia dele. Interne sua sogra, o irmão chato, o filho malcriado e eternamente adolescente, o primo, a tia que não para de falar, o amigo sem noção, os politicamente corretos... Seja bondoso, tem montão de gente que precisa desesperadamente de um internamento. Com R$ 250 milhões dá para construir um hospício novinho com lindas camisas de força. Deve sobrar um trocado para umas cadeiras de choque elétrico. Não gostou? Então manda o pessoal para um fim de semana no califado do Estado Islâmico, eles vão adorar. Dinheiro faz milagres.

beijos e abraços
Feliz 2018

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Londres Victoriana, 1900

Este filme é cheio de detalhes interessantes. As ruas estão cheias de bosta de cavalo, um problemão que afligia todas as grandes cidades na virada no século XIX para o XX e que foi uma das razões do sucesso primeiro da bicicleta e depois do automóvel. Aos 1:40 é possível ver um carro de bombeiros a direita. Aos 2:40, no canto à esquerda, um sujeito tenta aprender a pedalar uma bicicleta e toma um tombo. Ele é levantado e tenta de novo pedalar com ajuda de alguém. O aprendiz consegue descer a ladeira na frente do bonde, mas para logo e não consegue seguir.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Feliz Natal

Os dois enormes golden retridever vem arrastando seu gordo proprietário. O velho de camiseta vermelha que mal lhe cobre o barrigão, barba por fazer, branca, e cara bonachona parece se divertir com o exercício forçado. Não dá para ser diferente com tão simpática raça de cachorro. É véspera de Natal e o velhinho faz lembrar Papai Noel a algumas horas de sua entrada em ação. Tropical, bem tropical, pernões brancas e gordas ao vento, chinelão de dedo, urbano sem dúvida. Provavelmente mora num dos apartamentos e tem que sair com seus maravilhosos golden para fazer pipi umas tantas vezes por dia, mas tal figura nunca foi vista antes. Segura uma coleira em cada mão como se estive sob o comando do grande trenó puxado pelas renas. Dá passinhos apressados como se estivesse voando sobre nossos tetos, corpo inclinado para trás como se freando o trenó para entrar na próxima chaminé.
O pequeno de passos ainda incertos se segura no carrinho de bebe da irmã que dorme sob a luz suave do fim do dia olha para o velhinho e seus golden. Vai girando a cabeça até que o Papai Noel passe por trás do arbusto. Agarra e puxa a saia da mãe que segue em frente meio apressada e esta pergunta meio impaciente "o que é?". O pequeno gira a cabeça e o corpo para procurar o velhote gordo, quase cai, a mãe num gesto rápido consegue segurar o pequeno. Ela para, agacha-se, segura o filho com mãos delicadas, maternal, olha nos olhos do menino que tem uma expressão de espanto e magia enquanto estica o bracinho e aponta para trás no vazio. A mãe sobe o olhar, percebe uma fachada ricamente iluminada, cheia de pingos de neve brilhantes num pinheirinho. O velhote e seus golden desapareceram, mas o instinto maternal de alguma forma sabe que ele passou por lá.
Cruza caminhando leve um senhor mulato, magro, mochila velha com ferramentas de carpinteiro visíveis, provavelmente voltando para casa de um bom dia de trabalho. Sorridente deseja um Feliz Natal a todos.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Sobre a lei anticiclovia

O que falar? Primeiro porque quando me falaram sobre esta Lei anti ciclovia eu não dei importância porque acreditei que fosse mais um exagero típico dos anos Haddad 400 km, aquela época onde ou se era inquestionavelmente a favor das ciclovias ou você era um criminoso contra toda e qualquer liberdade, o bem de todos (não sei bem de quem, mas que seja), os direitos, bons costumes, e um futuro melhor para a cidade (qual?). Achei que havia mais um exagero tipico de resquício de tempos recentes. Conhece aquela historinha de Pedro e o lobo? Mas a lei está aí.
E ai me perguntaram se eu daria um depoimento sobre a dita Lei anti ciclovia. Talvez de lá, mas aqui e agora vai: 
A física reza, e nem mesmo as mais fanáticas ideologias negam tal verdade, que para cada ação existe uma reação. Na vida é igual, principalmente em país de índio bravo e branco todo poderoso. Fosse país de gente civilizada provavelmente se conversaria. 
O discurso dos cicloativistas durante bem mais de quatro anos, não só os de Haddad dos 400 km, foi "Vocês vão ter que nos engolir". Esqueceram fazer um cálculo básico: o número de ciclistas e de viagens pela cidade faz um percentual (ainda) muito baixo, nem vou tomar o cuidado de ver quanto, mas uns 5% se tanto, e que vocês, ciclistas, esqueceram que os outros 95% estão um pouco chateados com o tal discurso. Aliás, já estavam chateados com as portas chutadas, os motoristas xingados, agredidos, reações de apoderamento, e outras delicadezas mais. "Tá tudo tomado!" Infelizmente mesmo avisados vocês, ciclistas, repetiram tintim por tintim a história dos motoboys, que parece, assim, parece, que não deu certo e até hoje causa pequenos problemas, para dizer o mínimo. 
Teve o discurso "motorista assassino", "carro mata", "um carro a menos" exatamente quando o PT de Lula e Dilma, aqueles do "Brasil do nunca antes" socializaram o sonho do carro a preço reduzido para uma população de baixa renda que queria que ciclista se ______ . E outros que tais, o que vamos dizer é uma acusatória generalizada meio tipo..., Preciso colocar em palavras ou está subentendido? Enfim, não foi uma estratégia muito inteligente.
Para piorar a posição dos ciclistas estamos vivendo um momento, que espero que seja só uma transição, onde ciclista é visto com terror pelos pedestres, que como sempre diz Reginaldo Paiva sabiamente somos todos, 100% da população. E finalmente tem muitos ciclistas mal educados que apavoram outros ciclistas nas ciclovias. Enfim, no momento os ciclistas não estão nem um pouco bem na fita.
Num contexto deste vou falar o que sobre a dita lei anti ciclovias? 
Eu nunca fui a favor de introduzir a bicicleta como modo de transporte na porra louca, de ir fazendo sem grandes preocupações com os desacertos (ô palavrinha politicamente correta!) ou sem se preocupar com gastos tipo "faz depois conserta" e outras pérolas nunca antes ouvidas. 
Tem que ter projeto, tem que ter alguma demanda que justifique (a lei já exigia), tem que ter lógica, bom senso, diálogo. Assim como acho que tem que ser feito sem demora, mas num dentro de um projeto maior para a cidade, ou vamos ter muito mais problema para frente. 

Eu fico profundamente triste com tudo que aconteceu e está acontecendo. 

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Que merda!

Venho pedalando pela calçada da Ponte Cidade Universitária devagar e com cuidado com os pedestres. Um pouco a frente está a entrada para a rampa da ciclovia do Rio Pinheiros e mais a frente dois corredores a pé trotam lado a lado numa conversa amiga. Num relance vejo uma bicicleta vindo rápido, empurrando para o lado os corredores, passando com cara de bravo por ter sido atrapalhado e entrando a minha frente na rampa. Com roupa, luvas, capacete, sapatilhas, tudo de primeira, muito chique, uma Scott de estrada de fibra de carbono para bem poucos, desce o primeiro lance da rampa no embalo, desclipa furiosamente dos pedais e num passinho curto e apressado segue a descida empurrando a bicicleta, batendo os tacos no concreto. Sua expressão é mal humorada, de quem está desesperado para dar uma pedalada no que ainda resta de tempo daquela tarde. Enquanto vou descendo acompanho sua descida com um olhar recriminatório lembrando da agressividade com que tirou os corredores da frente. Estou curioso para ver para onde sai pedalando e quem sabe dar uma bronca, mas ele não vai para a ciclovia. Entra furiosamente no estacionamento dos banheiros, quase joga a cara bicicleta no paraciclo, sai em disparada sem se importar que a linda Scott de estrada está solta, destrancada, e se tranca no banheiro. UFA! E eu que estava até então furioso com a forma como ele havia aberto caminho na ponte empurrando para o lado os corredores a pé. A verdade é a seguinte: entre borrar as calças ou deixar a caríssima bicicleta jogada à sorte, conclui-se que todo homem almeja desesperadamente sentar com os fundilhos limpos no trono! Um peido para vocês.


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

União e segurança

Setores público e privado se unem para aprimorar segurança nas estradas. Sob incentivo da ONU, empresas se engajam e trocam informações para reduzir óbitos no trânsito (4º Fórum de Segurança da Arteris publicado pelo O Estado de São Paulo). 
E eu incluiria aí a população. E como já estive no meio da história me recuso a entrar no discurso que "eles não querem conversar" porque não é verdade. Diria que nós, sociedade civil, temos um problema de comunicação. Quando nós, sociedade civil, permitimos que alguns falem por nós o que lhes dê na telha a comunicação fica suja, difícil ou termina. Deve ser uma conversa, não uma imposição de vontades. Lembre-se sempre que por trás deles, setor público e privado, tem uma complexa rede de interesses pessoais e legais. Tente descobrir o caminho para um diálogo produtivo, sem acusações, e os bons resultados virão mesmo que com alguma demora. Pressão é uma coisa, agressão é outra.
Cada vez que cai o índice de acidente todo mundo sai ganhando, poder público e privado tem uma sobra maior de caixa e podem investir em outras áreas também importantes para a segurança geral. É bom negócio para todos.
O fato é que sem união de todos, disse todos, jamais conseguiremos a união, a segurança e a paz desejada por todos. 

Exterminar o achismo

Por onde começo? Ontem tive um ótimo exemplo de achismo:
Passei pela esquina av. Lineu de Paula Machado (a do Joquey) com a av. Lopes de Azevedo e dei de cara com esta obra que está nas fotos e uma funcionária da CET olhando a obra. Conversei com ela que disse que a obra era desconhecida pela CET. Ou seja, a Sub Prefeitura do Butantã tomou a iniciativa e fez. Isto é bom ou não? 
foto 1: A geometria do acalmamento para os veículos que descem a Lopes de Azevedo tem 45º, o que induz os motoristas a ir para a contramão. Não sei exatamente o que pensaram os projetistas, mas creio que o correto seria 90º.  É provável que mudem a mão de direção dos veículos antes do obstáculo, mesmo assim 45º é um erro porque também induz o motorista que sai da Lineu de Paula e sobe a Lopes de Azevedo a ir para contramão depois do obstáculo. 




foto 2: A geometria da esquina em curva aberta faz com que os veículos possam sair da Lineu de Paula e entrar na Lopes de Azevedo com velocidade maior do que a ideal para segurança dos pedestres. Com uma geometria mais "quadrada" a pedestre (na foto) teria mais facilidade de visualizar os veículos porque estaria mais próxima do alinhamento da Lineu de Paula




foto 3: A geometria do obstáculo criado não está alinhada com a Lineu de Paula o que daria maior proteção aos pedestres, evitando, por exemplo, que a pedestre fique pouco visível para motoristas e que veículos possam estacionar no meio da faixa de pedestre para descarregar passageiros.


foto 4: Um motorista sem entender o que deve fazer  invade a ciclovia para seguir em frente, resultado da forma confusa do obstáculo (foto 1) que está em 45º. Ok, a sinalização não foi instalada, mesmo assim o projeto é confuso e continuará com sinalização. 






O primeiro caso de Sub Prefeitura tomando a dianteira e agindo sem o expertise da CET aconteceu em Parelheiros. Construíram uma ciclovia com vários problemas técnicos que resultou na morte de um ciclista. Abriu-se ali um caminho de pressão contra a CET e Secretaria de Transporte eficiente e ao mesmo tempo perigoso. Parte do princípio, verdadeiro, que há um lado da CET duro de roer, mas não leva em consideração as razões para haver tanta resistência. 
Eu acho... e creio que ninguém duvida que acalmamento de trânsito e ciclovia melhora a segurança de pedestres e ciclistas; isto se bem feito! Do contrário há uma enorme possibilidade que seja dinheiro mal gasto e leve ao aumento da insegurança não só de pedestres e ciclistas. Exemplos é que não faltam por ai. De boas intensões o inferno está cheio! De achistas então...

No mesmo suplemento sobre o 4º Fórum de Segurança da Arteris publicado pelo O Estado de São Paulo, sobre o qual já escrevi aqui lê-se o título ABOLIR O "ACHISMO" e apertar fiscalização são medidas vitais para diminuir acidentes. Coleta sistematizada de dados tem de ser ponto de partida das políticas do setor, afirmam especialistas. O que adianta repetir? Quem se interessa?

Porque este país não vai para frente? Se você tem um mínimo de consciência sabe que esta é "a" pergunta. A meu ver por que o achismo impera sobre corações e mentes, continua sendo a ordem do dia. É sabido que somos 200 milhões de técnicos de futebol, todos vencedores, assim como temos opinião perfeita e fechada sobre todos assuntos. Ciência, cultura acumulada, história, para que? O dito melhor Brasil da história não foi resultado de um mandante que recitava seu orgulho de só ter lido um livro na vida? Que se dane a boa cultura, a ciência, o erro mínimo. 

Achismos tem um custo absurdo. Bobagem, burrice, mediocridade, falta de interesse pela verdade... mata, nunca duvide disto. 
Achismo é inerente ao ser humano, mas tem limites. Nós aqui no Brasil extrapolamos todos os limites.

PS.: Vão mudar a mão de direção no último quarteirão da Lopes de Azevedo. Previsível. O que não se justifica é que não tenham desviado o trânsito desde o início da obra.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

pedal pelo direito de ir para Santos

Não vou mexer no texto abaixo. Ele é uma resposta ao pessoal da UCB que está discutindo a questão da ligação São Paulo capital a Santos e o pedal que aconteceu no último domingo quando uns 3.000 ciclistas tentaram descer a serra e foram impedidos. Infelizmente não estava lá porque estou com o joelho inflamado, coisa de velho.
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É fato que por diversas razões não sai a ligação São Paulo - Santos. Algumas entendo, outras acho que é hora de serem superadas. 

Na época do Governo Montoro eu estava próximo do que acontecia e não fiquei sabendo da construção dos bicicletarios então instalados. Não sei quem fez a coisa acontecer, ou não me lembro. Talvez o Reginaldo Paiva saiba ou talvez seja ele o agente. 
​Contam que no Governo Quércia foram fechados os bicicletários por falta de uso. Moro ao lado da estação da CPTM Pinheiros e sou prova que durante anos vi uma ou duas bicicletas estacionadas lá, se tanto.  Sei que aconteceu o mesmo em outros bicicletários. 

​Tendo vivido aquela época posso dizer que um dos maiores problemas foi o erro de estratégia para melhorar a questão da bicicleta, o que realmente aconteceu. Muitas vezes foram pedidas coisas que eram irreais ou fora do tempo, o que prejudicou muito conseguir melhorar a vida de ciclistas. Infelizmente poucos sabiam ou entendiam, por diversas razões, que havia um número sensível de ciclistas, operários principalmente, circulando na Grande São Paulo, principalmente no ABC, área industrial. 

Uma coisa é o Legislativo, outra, complemente diferente, o Executivo. Eu não recomendo responsabilizar o Executivo por todos os males. Outra coisa, quem já viu o Executivo por dentro sabe que algumas vezes alguém do primeiro escalão quer, mas o projeto não sai porque o segundo ou mesmo terceiro escalão mela, para tudo. Existe uma lei sobre responsabilidade técnica nos projetos que dá mais força a um técnico concursado do que os mortais possam pensar. O projeto São Paulo Dá Pedal que tinha patrocinador para 255 km com tudo, ciclovia, ciclofaixa, partilhado, sinalização, totens, orientadores ciclistas, site, comunicação, projeto educativo.... foi negado numa canetada de terceiro escalão - ponto final. 
Outro ponto é que não se pode confundir a pressão que havia naquela época, praticamente zero, com o que aconteceu nesta década. Hoje tem bicicleta passando na cara de todo mundo , tem grupos organizados... 

​Para mim é muito mais importante dar uma força aos operários que circulam tanto pela Anchieta como Imigrantes do que abrir uma rota turística para Santos. Eu gostaria de ver acontecer os dois, mas um passo por vez. 
​Entendo a preocupação da concessionária, que não para na segurança de trânsito. Com se faz com os constantes assaltos que acontecem nas rodovias? Por que a gente não pede providências para dar mais segurança aos trabalhadores que pedalam ou caminham pela estrada?
​Também tomaria cuidado com o discurso porque temos exemplos de concessionárias que agiram. Na Ayrton Senna, em Rio Claro, e outros. Na Dutra, em Guarulhos, passava em 2011 um ciclista a cada 27 segundos em horário de pico, mas ninguém vê, ningue´m fala, ninguém se interessa. Na Ayrton Senna um grupo de funcionários implantou uma ciclovia para diminuir os constantes acidentes com operários que desapareceu e ninguém falou uma palavra. Vamos com calma com o discurso, procuremos saber o que acontece de fato para então pensar numa estratégia. 

​Ideia ou proposta apresentada ao Governo de São Paulo de uma ligação para Santos existe deste 1982, diferente desta que está ai, mas apresentada oficialmente. Não deu certo. Eu adoraria, melhor, eu sonho ver esta ligação acontecer, mas como? Qual a forma?

​Em anexo um documento de proposta para o cicloviário do Litoral Paulista. Não sei onde está o funcional. 

abraços
Arturo

sábado, 9 de dezembro de 2017

Ataque de TPM no trânsito

No cruzamento um motorista parou para que três senhoras cruzassem a rua. O motorista que estava atrás disparou a buzina e não parou até que o carro saísse de sua frente. Ainda abriu a janela e gritou sei lá o que aos montes. Ultrapassei o desagradável incidente e sinalizei com a mão que o outro carro estava parado por causa dos pedestres. O motorista furioso acelerou em minha direção, emparelhou, abriu a janela, empurrou com brutalidade a senhora sentada no banco de passageiros que fez uma cara de apavorada, e voltou gritar coisas que confesso não entendi (de verdade), acelerou e parou logo a frente noutro semáforo. Eu voltei a ultrapassa-lo e sua janela estava aberta com o homem gordo aos gritos. Olhei pelo para-brisa e vi a expressão de terror da senhora, não comigo, mas com o motorista. Não houve de minha parte xingamento, só o movimento com a mão pedindo calma. Talvez a forma de fazê-lo. Por precaução parei do lado esquerdo da esquina, longe daquele homem com ataque de TPM. Abriu o sinal, ele fechou a janela, dobrou a direita e se foi. Infelizmente nada a fazer.
Fosse em um país civilizado eu teria chamado a polícia. Provavelmente com rapidez teria chegado um carro policial, ou moto, teria abordado o furibundo para saber o que estava acontecendo. Vi isto acontecer em vários países e a eficiência da polícia é impressionante. Eu teria pedido providências ao policial principalmente por causa da agressão dele contra a senhora que viajava com ele, provavelmente sua mulher. Como estamos aqui neste Brasil de guerra civil oficialmente não declarada*, e mesmo estando numa das pouquíssimas áreas que tem padrão de segurança aceito pela UNESCO, é uma perda de tempo chamar a polícia que tem mais o que fazer. Entre parar um histérico ou um ladrão, fico com a opção do ladrão.

A velhice me trouxe sabedoria. Fosse no passado eu teria armado o maior barraco no meio da rua que não serviria para nada além de provar a mim mesmo que sou justo, que tenho bons propósitos, que consigo combater o mal que aflige nossa sociedade. Hoje tenho certeza absoluta que isto é uma besteira que não tem tamanho, uma atitude completamente contraprodutiva. Para mudar de verdade não se combate o efeito, mas as causas.
Há pesquisas e estatísticas que provam sem qualquer sombra de dúvida que ter um chilique no meio do trânsito diminui muito a segurança de todos em volta, principalmente a segurança de quem teve o chilique. Paz no trânsito vai muito muito além de uma simples frase publicitária.
Quer ajudar a melhorar o trânsito e a vida de todos? Controle-se, tenha autorrespeito. Só o autorrespeito leva ao respeito coletivo. Dar bom exemplo faz milagres.

*Ontem foi "publicado um informe da Small Arms Survey, referência mundial para a questão da violência armada que aponta o Brasil com 12,5% das mortes violentas no mundo em 2016, ou, O Brasil tem maior número de mortes violentas do mundo" (tirado da matéria de Jamil Chade em O Estado de São Paulo, A14, Metrópole, 08 de Dezembro de 2017). Quem se importa?

sábado, 2 de dezembro de 2017

Um mês sem telefone fixo Vivo: que Brasil queremos?


02 de Dezembro de 2017
O Estado de São Paulo
Fórum do Leitor:



Pela gentileza e ótimo serviço prestado pelo técnico Edson acabo de ter de volta meu telefone fixo da VIVO depois de um mês e três dias mudo. O primeiro pedido de conserto foi feito dia 30 de Setembro, 21:15 na agência do Shopping Eldorado, isto porque foi impossível completar a ligação para o 10315 tentada inúmeras vezes, e no site Meu VIVO dava como errado meu CPF, mesmo eu tendo o telefone e pagando em dia todas contas desde 1987. A partir daí foram 4 chamadas para o 10315 e, pior, 5 ligações para a Ouvidoria VIVO, sendo que em duas ocasiões conversei com supervisores. Tenho os protocolos e datas. Ouvidoria foi prestativa, mas ficou claro sua limitação. Uns 10 dias depois do primeiro protocolo veio um técnico e aí descobri que fora aberto um pedido de conserto para internet fibra, o que nunca fiz ou sequer citei. Tentei corrigir o problema nas ligações que fiz, mas em vão. Mais uns dias encontrei outro técnico na frente de casa consertando outras linhas fixas, uma a 10 dias muda, mas que não tinham ordem de serviço para meu caso. E hoje apareceu o técnico Edson, novamente com uma ordem para internet fibra. Quando lhe contei toda a história ele, calado, foi e resolveu o problema rapidamente; melhor, os problemas. A ventania de 30\11 partiu o fio aéreo. Dentro da caixa da VIVO, por qual razão um mistério, meu fio também estava partido. Não tenho como agradecer ao Edson. Quanto a VIVO... Vou mais longe: casos ridículos como este se repetem com uma frequência assustadora e ficamos quietos. Quem não viveu uma ou várias situações surrealistas de ineficiência ridícula de grandes empresas? Este é o Brasil que queremos? 

Esta foi a carta para o Fórum do Estadão. Aqui faço a mesma praticamente a mesma pergunta para os amantes da bicicleta: 
Quem não viveu uma ou várias situações surrealistas no atendimento das bicicletarias ou na qualidade das bicicletas e acessórios? Quantos fizeram valer seus direitos?
Só lembrando: Faz uns anos as concessionárias de rodovias  afirmavam que aproximadamente 35% dos acidentes fatais envolvendo ciclistas tinham relação direta com falha mecânica da bicicleta do ciclista. 

Fim de tarde mágico

A luz do sol de final de tarde entrava pela janela convidando a largar o trabalho e ir para a rua. Silêncio e olhar perdido. 
Dei um pulo da cadeira, desdobrei, montei e travei a bicicleta dobrável. Fazia tempo que ela não ia para rua, tive que encher os pneus. O fiz sem sentir culpa de abandonar o trabalho parado. Dei-me a desculpa de ter que comprar manteiga e queijo, e que teria obrigatoriamente que usá-la no dia seguinte. Desculpas, desculpas...
Peguei a mochila, abri a porta, o portão. Bicicleta no asfalto no calor da rua. Dobrei a esquina, apagou-se qualquer culpa. Dei de frente com o forte contraste do azul denso com o amarelo gritante cortado recortado com exatidão na torre da igreja e nos edifícios atrás dela. Que luz! Dobrei mais uma esquina jogando minha culpa, meu trabalho, minhas responsabilidades imediatas, jogando..., deixando para depois. Que importa? Nunca havia visto o Edifício Tomie Otake assim, banhado pelo amarelo forte, brilhante e apastelado daquele final de tarde. Parei no cruzamento e estiquei o pescoço para a grande construção. O Tomie Otake está envelhecendo com um buquê raro. O contraste de suas listras, ondas, formas, cores contrastantes, vermelho, preto, lilás, roxo, foram suavizadas pelo tempo, mais harmônicas com aquela luz estranhamente especial. O final de trade enche todo edifício e entra em dégradé próximo às árvores, calçada desenhada e asfalto. O trabalho de Rui Otake, seu arquiteto, mostra o peso que só as grandes obras têm: o tempo lhes muito é favorável. 
Não penso mais no supermercado. Seria um crime perder cada segundo da magia que está acontecendo. Vou em frente, sigo o pedal mágico. Praça Panamericana. Novamente paro, olho em volta, tento ver onde posso ver e viver melhor o que está acontecendo e logo se acaba. Ali próximo, ou Praça do Pôr do Sol ou Ponte Cidade Universitária, as melhores vistas. Não há tempo, a ponte está logo ali. E no meio dela já são 19:26 h. A ciclovia do rio Pinheiros fecha em 4 minutos. Um olhar profundo na beleza e quando abaixo a cabeça dou com um funcionário da ciclovia vindo para fechar o portão. Pergunto se ainda posso passar, faço comentário elogiando a beleza do fim de trade, ele sorri e me diz para entrar. Dou uma última olhada para o Pico do Jaraguá lá ao fundo imerso num alaranjado quase fluorescente. A semana nublada e de ventanias limpou o ar, provavelmente daí estas cores tão marcantes. Antes de descer a rampa giro o corpo e começo a rir de felicidade. Está laranja no Jaraguá e um suave cor de rosa a leste, o lado contrário. Rosa! Giro e volto a girar a cabeça e confirmo, laranja e rosa. Nunca vi igual. 
Peço desculpas ao funcionário pelo demora. Ele não se importa, também olha em volta feliz e sem tempo. Me diz para não me preocupar que sempre tem alguém na outra saída que vai abrir o portão. Cabeça erguida diz "Tá muito bonito", termina ele. 
Pedalo na ciclovia com rara felicidade com a vida, com a solidão momentânea, com a luz que me banha. A quem agradecer? A quem retribuir o que tenho, o que a vida me dá?
Cruzo a Ponte Euzébio Matoso e dou com a reta para a Cidade Jardim e Vila Olímpia com suas torres num amarelo alaranjado incandescente meio ao rosa do horizonte cada vez mais suave. Vou me aproximando delas e suas cores vão mudando, duas para prata azuladas, duas um amarelo ouro muito suave. 

Os funcionários me abrem sorridentes o portão e subo rapidamente a passarela do Parque do Povo. Paro, passa um trem, olho o trânsito das marginais e ponte, olho para o Parque do Povo. Ao fundo, lá na Faria Lima, um edifício teima em brilhar em prata. A luz da tarde vai baixando. A mágica vai se acabar. A quem agradecer?