Andei ouvindo mais algumas conversas
sobre o que fazer com o "sistema cicloviário" de São Paulo.
Todos perdidos no espaço. O que fazer? Que passos dar daqui para frente? Como
abrir espaços na Prefeitura? Muitas reclamações, muitos comentários, poucas
respostas práticas. É de se esperar que no meio de toda esta baderna
generalizada que vivemos no Brasil o pessoal esteja um tanto desorientado. Pelo
menos tenho ouvido que "precisa despartidarizar", o que para o que
tínhamos até ontem parece ser uma mudança de posição inacreditável de um
pessoal que até pouco tempo não conseguia sequer ser objetivo e confundia
ciclovia com Brasília. Uns ainda confundem.
Diz
a sabedoria milenar que para sair de uma situação confusa é preciso dar um
primeiro passo. Despolitizar é sem dúvida um belo passo rumo à luz do túnel.
Tive
uma breve e superficial experiência com a coisa pública e aprendi que lá dentro
as coisas fogem um pouquinho, só um pouquinho, da lógica e bom senso esperados.
Tipo assim: em 2005 numa vistoria em Interlagos \ Grajaú dei de cara com a
Ponte Vitorino Goulard da Silva, em Jurubatuba, paralela a barragem da represa
Billings, já em estado avançado de obras. Ninguém do projeto GEF Banco
Mundial para bicicletas na periferia, que reunia mais de 10 Secretarias da
Prefeitura e Estado, mais CET e outros, inclusive sociedade civil, sabia da
existência sequer do projeto da bendita ponte. Olharam com cara de espanto
para mim, como se eu estivesse surtando, e só acreditaram quando mostrei as
fotos, pior, quando foram ver pessoalmente. É uma burocracia e corporativismo
infernal, um jogo de esconde-esconde ridículo. Até o diabo em pessoa deve achar
aquilo fora do controle, coisa de maluco. É obvio que foi projetada e concluída
com uma calçada acanhada para receber o trânsito partilhado de pedestres e
ciclistas, mesmo sendo uma das áreas com maior número de ciclistas da
cidade.
Ouvi
num passado não muito distante de muitos cicloativistas que "dar um passo
atrás é inaceitável". Negociar, uau, estão falando em negociar, tem um
pessoal falando em conversar, negociar. Bravo!
Mais
incrível ainda é que já ouvi aqui e ali vozes de ciclistas falando que “a
cidade existe” e que “o sistema cicloviário deve estar integrado a cidade”. Um
não exclui o outro, muito pelo contrário. Ainda vão chegar lá, calma que vão
chegar lá.
Sistema cicloviário não é o fim, é o
meio.