quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Mais uma chacina, desta vez mais uma carioca

O que houve no Rio de Janeiro? Não sei. As primeiras notícias foram de arrepiar, 64 mortos. Confronto entre polícia e bandidos traficantes? Só isto? Para mim o absurdo é só uma mínima parte da barbárie. O que mais, o que não estamos sabendo? O que não interessa que venhamos a saber?

Acordei, tomei café da manhã e olhei o celular. Triste notícia, Mif, minha querida Mif, minha protetora durante os anos de relacionamento dela com meu pai, se foi. Triste por que depois do seu tombo, creio que banheiro, que resultou num estado de demência, não a fui visitar. Não tive condições mentais, exausto com meus problemas, os mais variados que vieram numa tacada só. Fico feliz que tenha ido. Ninguém merece passar de certo ponto de vida. Ninguém merece.

Programei minha ida ao velório, caiu uma tempestade que parecia não ter fim, e já não tinha tanta certeza que conseguiria ir. E ouvindo as notícias na rádio soube que o povo estava carregando e depositando corpos da chacina do dia anterior no meio da comunidade, mais de 50. Celular na mão vi a foto da Reuters tirada por um drone. Imagem impactante, muitos corpos cobertos e muitos só de cueca, todos estendidos lado a lado no meio de uma rua, que segundo a rádio, uma das principais da comunidade. 

Liguei a TV e o que ouvi foi assustador, ou, melhor, desanimador, brochante. No meio da violência que vivemos ser assustador ficou para trás. Brochante! "Peço desculpas, Mif, mas não consigo ir (ao velório)" falei baixinho, olhando pela janela o sol que aparecia. No notícias do UOL começaram a sair detalhes que a rádio não dera. Selvageria total, com todos requintes de crueldade possíveis. 

Um monte de perguntas começaram a zuar minha cabeça. E uma exclamação que tenho certeza que deve estar na boca de muita gente: "bandido bom é bandido morto". Exclamação burra. Sou contra, não por razões ideológicas, mas por puro pragmatismo. Morreu, foi-se um arquivo, talvez precioso. "Numa guerra (guerra?) mortes são inevitáveis", disse algum imbecil sobre o ocorrido. Sim, numa guerra, a primeira que morre é a verdade. 
Estamos ou não numa guerra pouco importa, só me interessa resultado: quero, como todos queremos, paz. 

No meio de tantas perguntas que se seguiam às notícias voltei a me perguntar: O que realmente foi aquela operação policial no Guarujá? O que realmente está acontecendo? Por que nossos (nossos?) políticos e autoridades não conseguem resultados em relação ao crime? Por que nunca se interessaram para valer? Ineptos? Opa! na procura pelo sentido exato de 'inepto' dei com "ineptocracia". Com certeza, por aí. Mesmo que estejamos numa ineptocracia, vale a pergunta: Qual o interesse em manter as coisas assim? Violência é rentável, eu sei, muito rentável, dos mais rentáveis negócios existentes. Mas, o que mais? O que nos falta compreender?

O que realmente aconteceu nesta operação violentíssima, a mais violenta da história do Rio de Janeiro? O que está por trás? A resposta de vários comentaristas é simples e direta: eleições. Com certeza, sim; mas o que mais?

Quanto mais chegavam notícias, mais a situação toda se mostrava uma barbárie sem tamanho, injustificável. Os mortos, número assustador para um "confronto" entre polícia e bandido? Não, injustificável, porque ninguém consegue responder as perguntas mais simples e sensatas, começando pelo "como nesta operação para frear os bandidos o governo carioca não tem um programa de ação?" Entraram, encurralaram, mataram e foram para casa jantar? Este é o programa do Governo do Rio de Janeiro para a redução da violência urbana? Upa!

O que as forças de segurança cariocas (forças de segurança?) fizeram sabemos. Alguma coisa está vindo a tona, mas e o que mais? Começando pela pergunta: dos da comunidade, quantos foram ver os corpos, quantos protestaram, e quem? Quantos perderam os seus? Quem são? E a pergunta que não quer calar: quantos locais não podem se expressar livremente sobre o ocorrido? Imagine os que vivem um inferno cotidiano e querem que os que lhes trazem o inferno real no dia a dia vão para o inferno. Corrigindo, caso necessário: quantos simplesmente querem viver em suas casas na comunidade em paz? Paz!

Paz, mas a que preço?
Como se constrói a paz e prosperidade? 

Volto a recomendar que vejam os novos documentários sobre a Segunda Guerra Mundial que estão revendo a história, abrindo detalhes que antes não interessavam a muitos, mas que mostram que a verdade não foi exatamente aquela que conhecíamos. Revisitando a WWII, Revisando a WWII e WWII a cores. Contam a história como foi, não a dos vencedores e perdedores. 

Eu quero paz, e sei que a imensa maioria também quer paz. Só chegaremos a ela quando soubemos o que realmente está acontecendo. Este massacre na Penha e no Alemão pode ser chamado de um ponto fora da curva, um absurdo, ou qualquer outro adjetivo forte, dramático, mas faz parte de um processo que vivemos a décadas, que normalizou-se e é inaceitável. 

Talvez o meu bater sempre na mesma tecla seja só uma chatice. Talvez toda esta violência seja aceitável, não nas palavras e reclamações, mas na alma de muita gente. 




quarta-feira, 29 de outubro de 2025

A burrice de comprar de produtos muito baratos sem procedência

Eu nunca fiz a burrice de comprar algo que tinha consciência que era produto ilegal? Claro que sim. Mas, se arrependimento matasse eu estaria morto e enterrado. Aliás, algumas das besteiras que fiz não consigo me perdoar, nada fora do trivial de todos nós fazemos pela vida, besteiras comuns à juventude, mesmo assim não consigo me perdoar. 
Meu sonho, como de tantos, é um país melhor, mais justo com todos, sem exceção, e a construção deste ou de qualquer país, como de qualquer outra coisa, passa por não cruzar algumas linhas. Pelo que se está vendo, passamos direto e sem remorsos, pior, com frequência e com sérias consequências.

Minha cabeça começou a mudar lá pelos anos 90 quando foi publicado um artigo sobre o problema da informalidade da economia Italiana, muito alta, e suas consequências sociais, as mais diversas.

Há momentos que você se vê sem saída. Protecionismo é um destes fortes geradores de informalidade ou ilegalidade, que estão muito próximas, mas tem lá suas diferenças. A maioria das bicicletarias deste país teriam fechado as portas se não trabalhassem na informalidade, disto não se tem dúvida. Ciclismo de estrada profissional não teria existido durante a ditadura não fosse pela "ajudinha" da alfandega que fazia vistas grossas para a entrada das bicicletas.

Por imposição do setor de bicicletas, então oligopólio Caloi - Monark, principalmente Caloi, tudo era difícil e não raro comprávamos peças que sabíamos que eram contrabando nos primeiros anos do mountain bike. Produto de roubo era inaceitável. Esta linha, pelo menos o pessoal com quem convivi não cruzava mesmo, até porque naqueles anos, 80 e 90, sabíamos muito bem a diferença entre bandidagem e ilegalidades necessárias. Ilegalidades necessárias? Sim, ilegalidades que eram fruto de legalidades irracionais, ou, caixinha, obrigado. Ou, criar dificuldades para vender facilidades. É ridículo, mas ainda estamos margeando esta realidade.

Que se diga, naquele fim de anos 80 e início de 90, praticamente tudo dentro do mundo da biciclceta era 'por fora'. Quem estava dentro do mundo da bicicleta tinha notícias, de fontes confiáveis, de que até os oficiais, os bonzinhos, também sonegavam, quando não compravam 'por fora' para valer. (Não, você jura!?) Vivíamos por parte de alguns um "eu faço o que quero", traduzido para um "sabe com quem está falando?" feroz, ameaçador, malvado, e toca malvado nisto.

Não funcionou! Não funciona! O setor de bicicletas no Brasil desintegrou, literalmente, como tantos outros setores que desintegraram pelos mesmos motivos. E, óbvio, o país como um todo. Este desvio não é exclusividade do Brasil, mas como sempre nós caprichamos na dose. Tivemos o terceiro maior parque industrial ligado às bicicletas do planeta. Hoje não somos nada, simples assim. Fruto de proteção de mercado e bandalheira vestida de boazinha. Ou, "sabe com quem está falando?"

Dá para fazer dentro das regras? Claro que dá. Aliás, precisa! O início da Specialized no Brasil sob comando dos Dranger (1988 - 1992) foi nos conformes da lei. A Curtlo, marca tradicional de mochilas, bolsas, roupas e outros equipamentos esportivos, também. São Inúmeras as empresas que preferem jogar o jogo correto. Isto para citar dois que conheci a história, mas poderia citar muitos outros.

Fato é que o criar dificuldades para vender facilidades está aí porque este jogo de perde-perde tem aceitação geral. É o famoso "eu sou esperto". O que dizer de bebidas com metanol, veneno baratinho? "Bebida falsificada sempre teve", não é isto que dizem os entendidos? Eu não bebo, mesmo assim sabia da história.

Injusto dizer que é de aceitação geral? Como justificar aquele tempo que o "bom negócio" eram as lojinhas de 1,99? Como justificar as atuais bets digitais que trabalham na completa informalidade, inclusive patrocinando time de futebol grande. 

Da barraquinha vendendo bugiganga à entrada dos fuzis do tráfego. No final, qual a diferença? Sim, a diferença é que as bugigangas e outras besteirinhas armaram os bandidos do país. 

De grão em grão o bandidão enche a munição  


terça-feira, 28 de outubro de 2025

Uau! A USP aceitou ter uma estação de metrô


Quem acompanhou o projeto da Linha 4 sabe que o traçado original passava pela USP e que o conselho da mesma USP disse não, aqui não. Está publicado. Quando inauguraram a Estação Butantã caiu a ficha da burrice sem tamanho.

Mais atrás no tempo, foi apresentado o projeto de uma ponte passarela ligando a USP com a estação CPTM Cidade Universitária, do outro lado do rio Pinheiros, que também foi recusada pela USP. A alegação foi uma prévia do que aconteceria com a linha 4 do metrô.

USP é um enclave universitário, nos bastidores esta foi a alegação para os não. De fato é, mas "universidade" só se alcança com inteligência.

Volto a dar parabéns aos manda chuvas da USP por aceitar que seus alunos possam acessar a universalidade da inteligência sem ter que ir dirigindo um automóvel. Nada contra automóveis, tudo a favor de uso inteligente de todas possibilidades disponíveis para transporte.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Segurança, colaboração, empatia

A partir do momento que eu parei de reclamar dos erros dos outros no trânsito passei a pedalar muito mais leve e seguro. De novo, as pesquisas não deixam qualquer dúvida que minha sensação tem fundamento. Quanto mais tenso estou, mais suscetível estou para erros e acidentes. 

Na romaria dei com um senhor tentando consertar um vazamento no banheiro. Era um trabalho complicado porque para resolver ele teve que trabalhar pelos dois lados da parede, sem fazer muito barulho. Estávamos num hotel. No momento que fui ver o que acontecia, ele estava parado, olhando o cano que ainda pingava, pronto para descer e ir tomar um cafezinho. Contou que tinha chegado o momento que estava perdendo o equilíbrio emocional, com uma vontade imensa de estourar tudo para se acalmar. "Conserto deste lado, começa a vazar do outro. Estes canos estão velhos, tinha que trocar tudo, mas é impossível. Tenho que dar jeito. Vou tomar um café e depois volto para olhar isto com calma". Contei alguns dos meus 'causos' de quando perdi a cabeça por não conseguir resolver o problema. Demos muita risada com nossos causos, ele se acalmou, desceu para o cafezinho, voltou e finalmente resolveu o vazamento.

Num jantar ouvi de Ricardo que ele estava indo à academia. Não aguentava mais sair da cadeira de trabalho uma hora sentindo dor no ombro, outra nas pernas, outra... Falei para ele aproveitar a bicicleta que está na garagem e dar umas voltinhas curtas. "Não me sinto seguro. Não tem onde pedalar. Não dá para ir ao Ibirapuera. Demora. Lá me sinto seguro". Tentei convencer o contrário, mas não consegui. Os seus dogmas estão muito bem encrustrados. Não é seguro e ponto final. Minha esperança, vã, diria, é que uma hora ele se dê conta que precisa de um chute para mudança assim como precisou para ir à academia.

Você sabe com quem está falando? Ou será o complexo de vira-latas? Nossos, digo. Segurança, colaboração, empatia, são parte de nossa cultura? Em que grau?

Uma camera de segurança pegou um motoboy sendo assaltado e tomando um tiro no pescoço com uma dezena de pessoas em volta. Caiu no chão, esticado, as pessoas olharam e se afastaram. O assaltante saiu corrento, mais andando rápido que correndo, sem muita preocupação em ser pego. Tem prática, sabe que ninguém reage. Um outro motoboy deu a volta com sua moto, parou dpasmano lado do corpo estendido no chão, olhou, acelerou e sumiu. Segurança? Empatia? Colaboração com a segurança pública? A sequência foi pasmante. Aquele corpo agoniante estendido no chão não significou nada para todos que estavam em volta. Segurança, colaboração, empatia? Zero.

Somos todos assim? Não creio, não quero acreditar. Então, por que deixar a bandeja sobre a mesa da praça de alimentação? O que uma bandeija deixada numa mesa tem a ver com um corpo estendido no chão? Tudo. O grande começa no pequeno detalhe. Deixar a mesa porca para o outro tem tudo a ver com não querer socorrer o próximo. "Pobrema dele!", foda-se o mundo.

Segurança, colaboração, empatia.
Unidos venceremos! Pense nisto.   








Há documentação farta sobre segurança, em todas áreas. Há documentação farta sobre qualidade de vida, em todas as áreas. Há documentação farta sobre a diferença que faz o comportamento individual no coletivo e o coletivo no individual. Todas as documentações, todos os dados, todas as pesquisas não deixam a mais remota dúvida que empatia e colaboração é o caminho para conseguir resultados positivos, em tudo, para todos. Segurança é fruto da colaboração. Segurança é fruto de empatia. Segurança, a real, não a falácia, tem tudo a ver com "unidos venceremos". Segurança sem colaboração, empatia, é uma retabilíssimo negócio.

Tenho batido nesta tecla a exaustão e espero que um dia as pessoas entendam esta verdade. Não é a minha verdade, até porque ela não existe, mas o que nossa longa história, como espécie viva, ensina.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Pesquisa mostra a aceitação das ilegalidades


O Estado de São Paulo
Notícias, Brasil 
Comentários 

Acredito nesta pesquisa que aponta a aceitação de compras de produtos irregulares e ilegais, mas tenho lá minhas razões para considerar os números baixos. Uma delas, a vergonha de falar a verdade que pensa. O trivial 'faz, mas não conta'. De qualquer forma a pesquisa é o mais fiel reflexo deste Brasil que vivemos. Nenhuma novidade. Complicado é fazer um exercício cruzando estes números de aceitação de irregularidades com outros problemas que temos, como a qualidade e responsabilidade social de nossas autoridades e representantes públicos, a bem dizer não só deles. Nunca a bandalheira foi tão escancarada e aceita.
A filosofia por trás de nossa realidade é "eu quero o meu, e quero agora", e não se enganem, aí entra um "antes que o outro leve". Ou, "não tem jeito mesmo, então..." Exemplo banal é o furar fila, hábito tão comum entre nós. Ontem mesmo uma 'senhora de fino trato' deu uma sensacional furada de fila do caixa de supermercado em cima de uma empregada com carrinho lotado de compras, óbvio, como se fosse regra natural. 
Fato é que o tradicional bar Ministrão, nos Jardins, reabriu as portas e o público voltou sem se importar onde compram a linguiça da feijoada. Ministão esteve fechado porque vendeu bebida envenenada que cegou uma mulher de 40 anos. Quem se importa?. Como apresenta a pesquisa, todas classes sociais se comportam igual. É triste realidade entranhada no nosso espírito. E, por favor, jeitinho brasileiro é outra coisa, pelo menos foi, usar a inteligência para buscar alternativas inovadoras e funcionais. Informalidade é uma coisa, aceitar bandidagem é outra, não confundam. Não aceitem.

domingo, 19 de outubro de 2025

Ocorrências na romaria. E a fé (?) na cidade de Aparecida.

Os números oficiais batem por volta de 40 mil romeiros que caminharam pela Dutra, com quatro mortes, dois atropelamentos e dois latrocínios. Atropelamentos fazem parte. Latrocínios é a deprimente novidade.

Um dos atropelamentos foi de um ciclista, divulgado numa das matérias jornalísticas, dá, como sempre, que "o motorista do caminhão fugiu sem prestar socorro". Tendo pedalado algumas vezes em estradas com romarias, principalmente na Dutra, pergunto: qual foi o tamanho do caminhão envolvido na ocorrência? Duvido que o motorista tenha percebido, principalmente se foi dos grandes. E precisa ver se ele "atropelou" o ciclista ou o ciclista colidiu, bateu, no caminhão. Fácil acontecer, até pelo deslocamento de ar provocado pelo caminhão que puxa o ciclista para dentro da pista. 

É perigoso fazer a romaria pela Dutra? Este ano tivemos um romeiro morto por 10.000 em acidente de trânsito. Não vou fazer os cálculos para comparar com a realidade do trânsito no geral. Aliás, vamos fazer uma correção, pelo que foi noticiado foram dois latrocínios e duas ocorrências de trânsito fatais, portanto 1 morte / 10.000 romeiros. O que pouco diz, porque foram divulgadas as mortes, mas não as circunstâncias, o que faz toda diferença. 
Afirmo com todas as letras: ciclistas fazendo barbaridades no meio da romaria é o que sobra. Em romarias passadas cansei de ver ciclista ultrapassando romeiro que caminha das formas mais absurdas. Vão culpar do caminhoneiro sem saber o que realmente aconteceu? Eu não entro nesta, não sou tão simplista, ou simplório, como queiram.

Contando como foi a minha romaria em bicicleta, mais uma vez ouvi que "é muito perigoso". Interessante é que uma terceira que estava na conversa respondeu por mim. "É menos do que parece porque tem muita gente no acostamento e os motoristas ficam atentos. Ciclista sozinho no acostamento é muito mais perigoso". Uau! Na mosca. 

Continuo recomendando a todos que façam uma romaria, mesmo para os que não são religiosos. É uma experiência única.
 
É emocionante ver a assistência que recebem os romeiros. São inúmeras as barracas, carros, picapes, ounibus parados distribuindo água, frutas e outros. A cada ano que passa a estrutura na Dutra cresce e fica melhor. Os responsáveis pela Dutra querem tirar a romaria de lá, mas duvido que consigam. 

A Basílica de Aparecida sempre foi imponente. A área de recepção ao romeiro bem estruturada. Mas a cidade de Aparecida... é horrorosa. É um grande mercado de pulgas, com uma poluição ambiental impressionante, um comércio de bugigangas as mais variadas que faz o que quer. É de uma pobreza sem tamanho, pobreza que custa caro, pega turista, pega romeiro, abusa da fé, e custa caro, bem caro.
 
Tive que esperar para embarcar no ônibus de volta a São José dos CAmpos por mais de três horas. Peguei a bicicleta e fui rodar para ver melhor a cidade. Fui um pouco para o lado dos bairros, que não fogem da precariedade que se vê nos  bairros de classe média das cidades de interior. Agora o centrinho, onde está o comércio pega romeiro, pega turista e pega trouxa, este é um escândalo de bagunçado. Exagero? Ora, vá lá e faça uma comparação com a área cercada da Basílica e a própria Basílica, e tire suas conclusões. Aparecida toda é pega turista, a questão é como e com que qualidade dentro ou fora da área da igreja, leia-se Basílica.

Deixo algumas perguntas. Aquilo, da forma que está, é rentável para a "Santa Igreja Católica"? Pensando como alguém que tem formação cristã, será que Cristo concordaria com aquilo tudo? Olhando aquilo vem a cabeça imediatamente a passagem dos vendilhões do templo. 
Igreja é uma coisa e poder público é outro, ou deveria ser, mas será que a igreja não tem poder de pressão para organizar um pouco melhor tudo aquilo? Por fé na no feio, mal feito, desagradável, faz parte da formação religiosa? 
Política e religião não devem se misturar, o Estado é laico, mesmo que em todos os poderes seja comum ver um crucifixo nas paredes e agentes do estado citando Deus.

Olhando tudo aquilo, toda a poluição visual, toda a bagunça comercial, o povo circulando para comprar lembranças de seu ato de fé (?), o contraste feroz com a beleza da Basílica... Não pude deixar de pensar muito. 



quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Roubos banalizados nos condomínios resultam em roubos bilhionários

Na reunião de condomínio sobre o fim da reforma da entrada do condomínio e garagens, falei sobre a questão da segurança das bicicletas, problema comum em praticamente todos condomínios. Roubo da bicicleta completa ou de peças, algumas que não fazem qualquer sentido, mesmo assim roubam.

Terminei de expor minha opinião, a síndica contou uma história que me surpreendeu. Olha que achava que já tinha ouvido de tudo. Um dos moradores decidiu sair para pedalar no domingo, pegou a primeira bicicleta que encontrou, uma feminina de uma outra moradora, e foi embora. Desceu a dona da bicicleta, deu falta da bicicleta, armou-se a confusão, foram até as filmagens e deram com o ocorrido. Final do dia volta o larápio, melhor, quem tinha tomado emprestado a bicicleta, bicicleta sem a cestinha, daquelas grandes e caras. Vão ao encontro dele, que fica furioso por estar sendo interpelado, e mais furioso ainda quando a dona da bicicleta pergunta onde está a cestinha. Responde ele irritadíssimo que a cestinha fazia barulho, ele ficou irritado e a jogou fora sem lembrar onde.

Roubo nos bicicletários dos condomínios é relativamente comum, mas está longe de ser problema exclusivo. Num outro condomínio, duas torres muito bem estruturadas para classe média alta, foi instalado um micro mercado com o básico do básico, depois que houveram alguns assaltos nas ruas próximas. Óbvio que o micro mercado com sistema de segurança, camếras e um dispositivo para entrada. Você entra, pega o que quer, passa num leitor, paga e leva, como deve ser. Só os moradores tem acesso. Mesmo assim ocorrem roubos. Pior, frequentes.

Nunca ouvi, nunca soube, que um destes casos, roubos, tenha resultado em uma reação mais civilizada, ou seja, pelo menos levar a conhecimento coletivo do ocorrido expondo em aberto o responsável. Mas, como se costuma dizer, para não criar mais problema, deixa como está.

Temos que parar de abafar os ditos pequenos problemas. Lembro que este maldito habito do silêncio custou a todos um discreto desvio de mais de $ 60 bi de Euros, na contação da época, no Petrolão, aliás sóna Petrobras,  desvio devidamente contabilizado. Os responsáveis foram julgados inocentes por erro processual, mesmo com documentação farta provando a culpa. O dinheiro foi devolvido? Não me lembro. É provavel que não. Começa pelo roubo na garagem e termina nos bi. Coisas do país que para não piorar, deixa como está.