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O Estado de São Paulo
Uma reportagem do SPTV sobre o triste absurdo de mais de 95 mil moradores de rua na cidade de São Paulo, e crescendo, colocou que uma das razões é o preço do aluguel de um quarto num cortiço: por volta de R$ 900,00/mês. Meu pai faleceu e vou ter que alugar o apartamento dele, que fica próximo ao Parque Ibirapuera e do metro Paraiso. Pelo que o mercado está pagando, não consigo mais que R$ 4.500,00, isto num apartamento de 100 m² com sala, dois quartos, cozinha, banheiro, lavanderia, grandes; mais lavabo, quarto e banheiro de empregada, vista livre, ótima ventilação e sol o dia todo. Fazendo as contas: 900 X 5 = 4.500. Ou seja, mesmo nesta conta rasa, sem incluir vários fatores, principalmente qualidade de vida, fica claro que os miseráveis pagam uma barbaridade para morar, e em condições precárias, sem nenhum luxo. Pior ainda se pensar que no apartamento de meu pai poderiam facilmente ser abrigadas bem mais que cinco famílias.
A mesma conta pode ser aplicada ao pequeno edifício da esquina das ruas Oscar Freire com Peixoto Gomide, que por uma briga entre seus proprietários virou um cortiço, sem luz, provavelmente sem água e esgoto. Já entrei lá e as condições de vida são para lá de precárias, verdadeiramente degradantes. É só uma invasão ou algum proprietário está ganhando muito ali, mais que se fosse alugado para famílias de classe média? Briga entre proprietários ou exploração de miseráveis? O que seja, não deveria ser permitido pelo poder público, se é que este tem algum interesse em comprir sua responsabilidade social definina na Constituição.
Lembrei também da história da Praça do Povo, que durante muitos anos foi também conhecida por "Clube do Mé" e seus campos de futebol. Quando a administração Serra decidiu tomar o espaço acabou-se descobrindo que tudo aquilo, que incluia uma pequena favela e uma grande academia de ginástica invisível, tinha um "proprietário", um paraibano (se não me falha a memória) que tirava algo em torno de R$ 500 mil/ano dali (publicado em matérias).
Com uma matéria sobre as enchentes no Jardim Pantanal que mostrava inquilinos nas áreas mais críticas, lembrei também que já faz muito ouço que muitos favelados da cidade vivem de aluguél e o preço é alto.
Fato é que não é de hoje que se ouve sobre a exploração direta e indireta da miséria . Quem fabrica os saquinhos de balas e chicletes que são colocados nos espelhos dos carros em várias esquinas da cidade? Será rentável? É mentira que muitas invasões são organizadas e estimuladas? Para que fins? Quem tem poder para isto? Quem lucra?
São inúmeras as fontes que afirmam que negociar com pobre é muito melhor que com classe média ou rico. Pobre paga em dia, não falha, tem vergonha de dever. Mais, não sabe fazer conta e parece haver uma profunda má vontade em educá-los. Ninguém tem interesse e incluo, com certeza, os ditos protetores dos fracos e oprimidos. Desculpem, sim, são verdadeiramente oprimidos, mas de verdade quem?
O escândalo do INSS serve como prova? Como bom exemplo, sim, serve.