quarta-feira, 7 de abril de 2021

Vai fazer besteira? Pelo menos faz bem feito, não se machuca.

O pessoal está pedalando na contramão como se fosse a coisa mais normal.
Os dois acidentes mais graves que um ciclista pode sofrer é colisão lateral e frontal, nesta ordem.

Todos tinham dito que contratar aquela empregada não ia dar certo. Era uma belíssima mulher, e põe belíssima, com um dos pares de seios mais perfeitos criados por Deus mal escondidos pelo uniforme de tecido fino. O dia que ela começou a trabalhar até as mulheres da casa ficaram impressionadas. Mais que os homens da casa, todos em constantes sorrisos, de bem com a vida, os adolescentes se inquietaram, suavam frio e andavam sem parar pela casa da avó. Um dia aconteceu não o que se esperava, mas aconteceu. Um dos garotos, alucinado com a beleza da menina, subiu no telhado e foi espiar a beldade tomando banho; só que, de tão excitado, enfiou a cabeça inteira para dentro do vitro. Gritos, família correndo, garoto entalado no tesão, incapaz de fugir ou se esconder é facilmente descoberto por dedos apontados. "Desce daí moleque! Desce!"; "Cuidado para não cair"; "Cara, antes de descer põe para dentro e fecha o ziper". Pai chamado as pressas sem saber o ocorrido chega em casa e senta a frente do cabisbaixo adolescente e sua mãe séria explica a inaceitável besteira. Não teve bronca, o pai caiu na gargalhada, não conseguiu falar nada, acompanhado pelo filho. Aliás, bronca bem dada. Retomado o folego pediu para o filho tomar cuidado. Assunto encerrado.

Pedalar em completa liberdade é ter a frente as maravilhosas tetas da liberdade. Mas as tetas da liberdade definitivamente não são airbags, muito menos amortecem a porrada. Pedalando, besteira não costuma terminar em risos. Em muitas ocasiões é na besteira que está o bom caminho, mas é preciso saber olhar para não ofender nem tomar um murro na cara. Respeito é bom e todo mundo gosta.

Da molecagem o mais sério, fora o desrespeito à menina, seria ele ter caído do telhado, um acidente besta que normalmente não termina bem. Poderia ficar aqui contando histórias horrorosas das fraturas, rupturas de ligamentos, lesões permanentes na coluna vertebral e outras mais de pessoas que caíram do telhado e só voltam a vida normal depois de longa recuperação. Quem caiu aprendeu da maneira mais estúpida que ser displicente em certas situações é de uma burrice sem tamanho.

Chapar um carro de frente é acidente horroroso, dependendo da velocidade do ciclista e automóvel fatal.

Domingo de manhã na rua Canada e passou um casal pedalando tranquilamente exatamente no meio da rua e na contramão. A rua Canada é tranquila, naquela hora, cedinho, ouvia-se claramente os pássaros, e pedalar na contramão pode parecer não tão problemático. Mas se aproximar e entrar na av. Brasil da forma como fizeram, exatamente no meio da rua, devagar, distraídos, um olhando para o outro numa conversa sem fim, completamente alheios ao trânsito da avenida e sem olhar para ver se vinha alguém... Tivesse um carro dobrado a esquina simplesmente não teria para onde desviar. É o tipo de situação que a a cada dia é mais comum. Não há estatística sobre acidentes provocados por ciclistas completamente displicentes.  

Você é o coelho e o carro (ou moto) é a bala do caçador. Só em filme de ficção o coelho desvia de bala certa. Não existe ciclista que pedalando na contramão consiga desviar de um carro que vem rápido. Mais, na contramão você está fora do olhar normal do motorista (motociclista, pedestre). Na contramão você está praticamente invisível, especialmente nas esquinas. 
Nunca ouvi falar de motorista que quer chegar em casa com o capo amassado e o para-brisa quebrado.

Um dia o pai de um amigo deu uma bronca federal na minha presença: "Quer fazer merda? Pelo menos faz bem feito!" Verdade. Vai fazer besteira pelo menos faça de forma a não se machucar ou machucar os outros.

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