sábado, 30 de março de 2019

Justiça pré Internet: anacrônica e injusta

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Acabo de receber um Mandato de Citação sobre um processo de Usucapião onde estão citadas minha mãe, morta em 2004, com nome e sobrenome grafado errado, e uma tia também morta nesta época. Dos seis herdeiros das duas o único que aparece citado sou eu, o resto é desconhecido, mesmo que sejam facilmente encontrados na Internet.   
A Justiça não teve o cuidado de checar a razão social ou fazer pesquisa básica na Internet para encontrar o endereço e quem é o presidente da mega empresa multinacional Sky, aquela que veicula montes de propagandas com a Gisele Bündchen. Citaram duas vezes uma pequena empresa de administração de bens.
É fácil encontrar muitas páginas na Internet sobre Teresa D'Aprile, mesmo assim sofreu um transitado e julgado por não ter sido encontrada durante 10 anos, alegou a Justiça. No mesmo processo foram julgados e condenados o ex marido e o cunhado, este desembargador aposentado, ambos vivos e também não encontrados. Teresa D'Aprile deu sua primeira entrevista para a grande imprensa em 1993 na TV Cultura, em seguida foi matéria de Veja São Paulo e desde então não parou de aparecer em todas mídias. O processo relacionado a compra de um apartamento pelos sogros, mortos um antes e outro no início do processo, tramitou por mais de 30 anos. Neste meio tempo o advogado sumiu, o ex cunhado, desembargador, não acompanhou o processo, que foi transitado e julgado. Final da história, Teresa é a única que está pagando o pato.
A Justiça brasileira tarda e falha até por erros simplórios, inadmissíveis com as ferramentas que temos hoje. A Justiça não consegue sequer encontrar pessoas ou empresas que tem documentação farta na Internet, imagine com a população de baixa renda.  Sem uma simples busca na Internet Transitado e Julgado por desconhecimento de paradeiro é letra fácil, injusta e cheira a populismo. Linche-se! Caso resolvido. Que se superlotem as cadeias.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Quem cura o país de loucos?

Fórum do Leitor 
Os Estado de São Paulo

Depois das insanidades de Dilma a criança messiânica e mimada Bolsonaro? Parece incrível, mas cá estamos,  ou continuamos, neste hospício desgovernado. Estamos colhendo a longa e cuidadosa plantação do país do nós e eles, ou do eles e nós, como queiram, depende do ponto de vista miope como fundo de garrafa de pinga barata. Brasil, país bipolar, do pula pula para esquerda e para direita, jogo de amarelinha para lá dos limites da esquizofrenia, céu e inferno imaginário, crianças descontroladas gritando em volta, ninguém para acalmar a algazarra. Mas não é hora para figura de linguagem. Qualquer exagero sempre é perigoso, mais ainda quando se trata de extremo. A sabedoria da história ensina que o equilíbrio (e o futuro) está em manter-se longe dos extremos, de preferência guardando distância tranquila até dos exageros. Está mais que provado que tratamento de choque elétrico só piora a situação. Não dá para continuar assim. Os brasileiros de boa vontade, com um mínimo de inteligência e sanidade mental estão começando (tarde) entender que a salvação não está nem à extrema direita nem à extrema esquerda. Alguém precisa colocar um "assim não dá, vamos com calma" para baixar a poeira, melhor, a tempestade de arreia. E somos nós, brasileiros. Crianças se estapeando e tirando sangue da outra nunca deu futuro. Jardim da infância cuidado por louco também não. 

segunda-feira, 25 de março de 2019

Feitiche de bicicleta

Fetiche, isto sim. No fundo da loja uma bicicleta recém lançada em um vermelho muito vivo, estranho, brilhante, entre o rosa e alaranjado, cor indescritível, mas de fetiche inevitável.  Dou uns petelecos nos tubos de alumínio e o som oco e agudo mostram sua fineza de espessura e de qualidade. Bicicleta boa, sem dúvida. "Deve ser uma delícia pedalando".  Não dá para testar, é destas tentações que nem com pedal vem. Não é tão leve assim, mesmo para uma MTB 29, 11.4 kg, mas é um bom peso pelo preço. Mas este vermelho misterioso, fetiche puro. Baba velhinho!
No mostruário acima está a bicicleta mais leve, 10. alguma coisa quilos. Em fibra de carbono. Preta. Linda. Sem charme, pelo menos sem charme tendo aquela vermelha logo embaixo. Não adianta, fetiche é fetiche. Não faz muito tempo lançaram uma 29 de tubos cilíndricos, tradicionais, sem trabalho hidroforme, básica, quadro tradicional minimalista, fora de moda, mas pintada em branco com grafismo azul claro e detalhes em preto, nome do fabricante destacado. Era uma pintura de grande mestre em museu. Tremi na base. "Para que você quer mais outra bicicleta? Fica quieto!" minha consciência falou definitiva e incisiva. Fiquei um tempo admirando minha tentação, fiz até um eufórico elogio sobre a beleza dela ao vendedor. Leva, disse ele vendo pelo meu sorriso que a bicicleta estava vendida. "É traição com as que tenho em casa" pensei sem conseguir controlar a expressão de tentação dos lábios. Sim! traição com as que tenho em casa. "As", não confesso aqui quantas, mas foram muitas. Ainda são, menos, mais racional, mas são. Gostaria de ainda estar com todas as que tive, todas. Sinto falta de algumas que se foram em especial. Sinto como se ainda estivesse sentado em seus selins, lombar relaxada, peito aberto, braço leve, cotovelo dobrado e mão segurando suavemente a manopla, dois dedos nos freios, olhar para frente, vento no rosto, frescor de alegria nos olhos. Consigo sentir o rodar, a resiliência de cada quadro, garfo, de cada material, em cada momento; a resposta nas curvas, o frear, o mudar de marcha, o levantar do selim, subir nas tamancas e acelerar para um sprint ou as pernas no fim de uma longa subida. Foram tantas bicicletas, todas amadas, mesmo as mais simplórias, até mesmo as irritantes em seus defeitos crônicos de baixa qualidade. Aprendi muito com todas. Não tive uma pela qual tenha broxado, não as minhas. Todas amadas. Algumas não as teria mais porque envelheci, meu corpo mudou e hoje sinto dor nas costas. É triste, mas é natural, o tempo passa. Se fosse só nas costas estaria ótimo. Mas ainda valem muito um dia de pedal e o teria, com certeza.
Onde estou passando uns dias tenho que subir três andares para a abrir a porta e entrar no apartamento. Quem não gostaria de ter uma bicicleta mais leve? Conforme a temperatura lá fora seria bom mais leve, muito mais leve, principalmente nos últimos degraus. Mas quem pode pagar?
Fetiche, isto sim! É possível que se pudesse pagar iria lá e voltaria para casa com a bicicleta do misterioso vermelho. A pretinha em fibra de carbono não me apaixona. Talvez pedalando, quem sabe. Um quilo mais pesada, mas linda, um tesão. Como diria o psicólogo Roberto Freire "sem tesão não há solução".

quinta-feira, 21 de março de 2019

Registro: imbecil

Imbecil é e será imbecil até morrer independente de sistema político e dos esforços que se faça para salvá-lo de sua imbecilidade. Está encrustado na alma. Mesmo num socialismo utópico com equidade sem igual o imbecil continuará sendo imbecil. O mesmo com os de má fé. Aí é uma questão de caráter. Não importa o que se faça eles serão o que são, talvez um pouco mais controlados, talvez cometam menos erros, mas praticamente imutáveis. Ainda tem os imbecis de má fé, dentre eles os famosos e tão difundidos "espertos do Brasil" e estes são de longe os piores. Você já fez obra na sua casa, reforma ou algum tipo de conserto ou reparo? Então sabe bem sobre o que estou falando. Como este blog tem bicicleta no nome podemos incluir mecânicos e até mesmo vendedores de bicicletaria. Não para aí, tem empresa que tem como missão tratar o cliente como imbecil, as campeãs de reclamação. Não se pode falar em má fé porque aí dá processo. A verdade verdadeira é que quem trata o outro como imbecil imbecil é ou tem culpa no cartório.
Imbecilidade está em todas as partes. Veja bem, num país, no caso Brasil, onde mais de 40 milhões de ciclistas circulam por nossas ruas diariamente você escreve no texto a palavra "bicicletaria" e ela fica sublinhada em vermelho como erro de digitação. Abre o Google e procura nos dicionários e muitos deles simplesmente não reconhecem a existência do termo "bicicletaria". Coisa de imbecil, de má fé, os dois juntos, de ignorante ou o que? De onde se conclui que no Brasil não existe bicicletaria. 

"Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade", Goebbels.

No país onde vivemos, Brasil, não é inteligente demitir um empregado por justa causa. Mesmo que o sujeito faça repetidamente tudo mal feito seja por ignorância, imbecilidade ou má fé, a lei e o sistema o protege. Não importa que ele tenha cometido erros absurdos que tenham causado danos sérios, provavelmente o pobre trabalhador estará protegido pela lei, senão por ela pelo juiz, e por grande parte da sociedade. Este regime de proteção deu certo, diminuiu as desigualdades, fez do Brasil um país melhor?

Faz uns 60 anos o pessoal se esforçava para fazer as coisas certas. O Brasil foi crescendo aos trancos e barrancos, mas foi caminhando para frente. Num determinado momento colou o discurso tão repetido "que vocês têm direito". Dançamos. E não se sabe quando o baile Brasil vai parar. Todo mundo tem direito, dos mais necessitados aos bem instalados, mauricinhos e coxinhas e outros que tais da vida. "Você tem direito" carro chefe da propaganda populista colou. Goebbels na cabeça! Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores... Alemães. "Minta mil vezes...." Ok, Machiavel, a meia verdade, os direitos estavam esquecidos, quando não negados, mas não explicaram o resto. Repita mil vezes a meia verdade e teremos o Brasil de todos.

Olhe a foto abaixo. Como troco o corinho do registro do chuveiro? Como faço o reparo do registro? O pedreiro que colocou os ladrilhos cimentou sobre o registro.

Que Brasil você quer? Eu quero um Brasil com pessoas responsáveis. Nós e eles. Direitos e deveres. Responsabilidade. Respeito. Eu quero um Brasil com diferenças sociais muito menores, um país mais justo, o fim da miséria, etc... Mas quero ter o direito de esganar o fdp que fez esta merda. 
Nós só teremos o país sonhado quando o justo pé na bunda não só for liberado, mas incentivado. Fez errado, está brincando, quebrou? Pé na bunda, pra a rua, vai pensar no que fez, descobre seu erro, se aprimora, vê se aprende a fazer bem e se tiver interesse as portas vão estar abertas. Vale para o pião fdp, para o coxinha fdp que não respeita ninguém na ciclovia, tem que valer para todo mundo. 
Chega! País de merdas não dá mais. Quero um país de cidadãos, de brasileiros. 



Este é o registro do chuveiro do banheiro de Teresa. Os donos anteriores fizeram uma reforma - inteligente e aparentemente benfeita - nos banheiros e os pedreiros fizeram isto que se vê. Não entendeu? Como se troca o courinho do registro para parar de pingar? Vou ter que quebrar o ladrilho. Mais, quando o novo dono recebeu o apartamento dos antigos proprietários, o dono do apartamento de baixo veio conversar para pedir que fosse descoberto de onde vinha um vazamento que acontecia a três anos. "Três anos? E não descobriram a origem?" Veio o Adriano com um encanador sério, ele olhou o apartamento de baixo, subiu, olhou o apartamento que tinha o vazamento e perguntou "Posso levantar seu vazo sanitário?" Vazo sanitário? Como assim? Pode uai. E lá estava o problema. Os gênios que fizeram a reforma colocaram um piso novo sobre o velho e não subiram o cano de esgoto, instalaram o vazo sanitário e não colocaram o anel de vedação adequado para a diferença provocada pelo piso novo. Exatamente o mesmo erro que fizeram com o registro do chuveiro. Como tudo ficou bonitinho e os antigos donos não trabalham com obra os pedreiros entregaram a obra, receberam elogios e o pagamento e desapareceram. Imbecis ou gente de má fé. Os dois juntos? Ou espertos Brasil?

O que me dá esperança é que o pessoal está despertando.
Sempre perguntei a quem está no meio de obra se ele assina um projeto de lei que vai ser enviado para o Congresso que dá o direito a esganar o pião que fizer cagada. Nunca ouvi um não assino. 
Outro dia estava com uma amiga para lá de socialista que está no meio da reforma da casa e ousei fazer a brincadeira com ela. A resposta foi imediata e incisiva: "Traz que eu assino já".

segunda-feira, 18 de março de 2019

Perigos na ciclovia

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Perigos na ciclovia

Cresce rapidamente o número de ciclistas que preferem pedalar no meio do trânsito para não pedalar nas ciclovias. A razão é fácil de entender: nas ciclovias é muito mais perigoso, tanto por conta de um grande número de ciclistas (?) que não fazem ideia o que é civilidade, quanto pela possibilidade de assalto cada dia mais frequente. Fosse o interesse real de Haddad socializar a bicicleta teria educado os ciclistas, o que não aconteceu. Assim como rede de esgoto, educação para o trânsito não dá voto, ao contrário de vistosas ciclovias e ciclo-faixas pintadas de vermelho. O resultado está aí, liberou geral, cada um faz o que bem entender com seus próprios direitos, mas ninguém faz ideia do que seja dever de mobilidade cidadã.
Faz alguns dias um amigo meu parado no sinal com sua bicicleta teve o braço quebrado por um ciclista desembestado numa bicicleta sem freio. Mal pediu desculpas e se arrancou. Correm muitas histórias como a dele, com nome, sobrenome e local conhecido, que não são notificadas e ou noticiadas. Mas pode ficar pior e ficou. Nem Haddad poderia imaginar a chegada completamente anárquica dos patinetes elétricos. Ser pedestre próximo de ciclovia já era um perigo, agora com estes patinetes é um terror em qualquer canto ou recanto imaginável. Para completar as novas mobilidades também temos os ciclistas entregadores por aplicativos. Que saudades! Antigamente os ciclistas se matavam dentro da ciclovia. Agora sai da frente! A mobilidade progressista sou eu! A baderna é geral. Ninguém mais está a salvo. Mas vida dá voltas. O interessante é que até ciclistas mais radicais estão descobrindo que motorista é menos perigoso que ciclista.

domingo, 17 de março de 2019

simples, compreensíveis e fáceis... seguro

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

A espera de ser atendido dei de cara com a manchete no jornal (Valor) "STF decidirá este ano se é crime não recolher ICMS declarado". O que me passou imediatamente pela cabeça é que o STF deveria decidir se interna num hospício comum ou hospício judiciário quem criou mais esta jabuticaba de nosso sistema tributário, seja lá o que seja. Como cidadão comum, ex microempresário, tenho certeza que ICMS ou é uma releitura de Kafka ou é uma obra da mais refinada esquizofrenia. Não muito diferente de todo nosso sistema tributário. Está provado que quanto mais simples e compreensível é um sistema melhor ele funciona. A simplificação que se fez na declaração do Imposto de Renda tornou a compreensível e exequível por qualquer mortal. Melhor para os cidadãos, melhor para a Receita Federal, melhor para todo país. Impostos deveriam ser simples, compreensíveis e fáceis de pagar até por mentecaptos funcionais. Quando isto acontecer teremos um país de verdade.

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Uma das mais movimentadas cidades turísticas de São Paulo, que também é local de passagem para outras importantes cidades turísticas, tinha um sério problema: quem chegava pela estrada e tinha que passar obrigatoriamente pela cidade para ir para as outras cidades se perdia nas entradas da cidade transformando o centro num caos, coisa de ficar parado no mesmo lugar por mais de hora. 

O problema foi solucionado quando foram retiradas mais de 20 placas indicativas que estavam instaladas nos últimos quilômetros da estrada antes da cidade. Restaram umas 15, se tanto. Ou seja, era tanta informação que ninguém entendia nada.

Simples, compreensível, fácil de entender e usar
... seguro.

Em Sevilha as ciclovias tem pintado nos cruzamentos um grande e de fácil leitura ponto de exclamação (!). 
Em Paris, como em várias outras cidades europeias, nos cruzamentos pequenas flechas pintadas no asfalto indicam o trajeto seguro para o ciclista.
A sinalização indicativa nas ciclovias holandesas é feita por pequenas placas de leitura rápida, precisa e bem localizadas. Nem cego se perde.

Qual é a relação entre ICMS declarado e mobilidades?
A forma de pensar. Brasileira, bem brasileira. Completamente incorporada em nossas vidas. Todos nós aceitamos, reclamamos, mas aceitamos. 
Ser prolixo aqui é ter poder. Ninguém entende nada e aí é fácil controlar a situação. O segredo é ninguém entender nada. Como estamos num país de ignorantes, e não estou falando de analfabetos, mas de ignorantes, fica fácil manter o controle.
"A mentira dita mil vezes, torna-se verdade" Joseph Goebbels, responsável pela propaganda nazista, conceito usado com frequência até hoje não só por governantes. 

Simples, compreensível, fácil de entender e usar é a fórmula do sucesso. Poderia citar inúmeros casos de sucesso porque usam esta fórmula, mas basta um para bem explicar: MIcrosoft Windows, que dominou completamente o planeta. Muito simples, compreensível, fácil de entender e usar, até um mentecapto consegue. Basicamente é a mesma forma de pensar que quando se abre a porta do quarto, abre o armário, depois a gaveta, para pegar um camiseta… É igual na cozinha, no banheiro, na sua casa, na de sua mãe, de seus amigos, no hotel… É igual porque funciona. O passo a passo é simples, básico, funcional. MIcrosoft Windows, as portas e janelas da Microsoft, e de nossas vidas. 


Ou se muda no Brasil a forma de pensar ou vamos seguir eternamente nos mesmos mares revoltosos. Vide Argentina. Quem deve mudar somos nós.

Uma coisa nada a ver com a outra, mas é tudo igual e não é mentira.

sexta-feira, 15 de março de 2019

A representatividade das entidades pró ciclistas

Com tristeza soube que a pancadaria generalizada que virou este país está fazendo com que muitos ciclistas engajados no movimento ciclo-ativista se desconectem ou bloqueiem ciclo-ativistas que até então eram suas referências. Dá até para entender, mas é muito triste. A única coisa que é certa na história da humanidade é "unidos venceremos". Dissolveu, separou, ficou só, dançou.

É claro que o movimento ciclo-ativista não representa todo e qualquer ciclista ou usuário de bicicleta. Nem poderia. Nestes tempos de "eu sou o universo (da mídia social)" conseguir um grupo que represente a maioria é realmente um feito e tanto. E acaba representando menos do que poderia pelo simples fato que 'as ideia' do povão 'tá tudo trocado' e o pessoal confunde as coisa. O objetivo da maioria que gosta de bicicleta e acha legal se locomover pedalando é melhorar sua condição de segurança, mas na receita desta boa intenção costuma entrar ingredientes inesperados e ineficientes. Daí a segurança no trânsito virar um campo de batalha ideológico, uns gritando todos semáforos para dar real segurança para os ciclistas devem permanecer sempre no vermelho e outros no verde e amarelo. Segurança no trânsito é segurança no trânsito, e misturou ingredientes estranhos à segurança no trânsito a probabilidade do resultado ser um cocô mole de cachorro vira-lata pisado é grande, se não provável. 
Como o pessoal quer pedalar com segurança no trânsito, mas não se preocupa em ler ou estudar sobre o que se trata, cada um acaba falando uma coisa diferente, muitas vezes sem o menor sentido. Torre de Babel completa em país campeão mundial de mortos. Acaba que grupos de abnegados dizem representar os interesses dos ciclistas em geral, quando alguns destes abnegados, quando não muitos, mal sabem que estão representando a si próprios, isto quando estão.

"Bom, e aí, o que existe entre um extremo e outro?" não é uma pergunta que ajudaria a chegar num bom senso?

Boa parte das entidades pró ciclistas realizaram trabalhos valiosos, mas é inegável que boa parte de seus participantes permanecem enclausurados em suas verdades e princípios, não entendo a dinâmica do que está acontecendo não só com a mudança no poder como com a transformação da sociedade.

O que quer que eu faça?

Chegando em casa por volta de 23:30h senti um cheiro muito forte de queimado já na rua. Rodeei o edifício e o cheiro estava bem forte nos fundos. Olhei para cima para ver se saía fumaça ou havia algum outro sinal de fogo, algum ruído estranho, aquele crepitar de fogo ou alguém com voz alterada, mas nada, tudo calmo. Chamei o segurança, que estava distante e não tinha percebido nada, quando se aproximou ficou assustado e decidiu dar a volta por trás dos outros edifícios para ver se via algo. Voltou dizendo que o cheiro era forte lá, mas não havia sinal de fogo ou fumaça. Vai ver que já tinham apagado, mas aí ele saberia. Lá pelo começo dos anos 70 pegou fogo na lixeira do edifício que morávamos e a experiência foi marcante. Vi o incêndio do edifício da CESP na Paulista, minha avó morava a não mais de 150 metros de lá, e sei bem como é. É muito rápido e trágico. Minha avó era a Chefe de Cerimonial do Governo Abreu Sodré quando o Edifício Andraus pegou fogo matando 16 e deixando 330 feridos. Ela teve que acompanhar muito de perto e o pouco conseguia falar sobre a tragédia era muito doído. Não tenho dúvida, com fogo literalmente não se brinca.
Fiquei na rua por um bom tempo para ver se acontecia algo que chamasse a atenção. O cheiro seguia forte, mas não aumentava, um bom sinal. Não era cheiro de panela queimando no fogo, nem de curto circuito, nem de papel queimado, era o cheiro de fogo de incêndio, quem já vivenciou sabe que é cheiro muito particular. Nesta hora a maioria dos moradores do prédio, trabalhadores, aposentados e idosos, estão dormindo. Um único apartamento tinha suas luzes acesas. Fui lá e bati com delicadeza na porta. Tudo que não queria era fazer alarde porque a situação parecia controlada. Tocar uma campainha aquela altura da noite acordaria todo o pequeno edifício, sei como é. Bati na porta de novo com um pouco mais de força e um senhor de uns 50 anos abriu. Nunca o havia visto antes, nem sabia que morava lá. Com a porta entreaberta pude ver sua mulher em pé mais ao fundo. Perguntei com cautela "Vocês estão sentindo um cheiro de queimado?". Ele respondeu seco "Não", e ela disse "Meu filho percebeu o cheiro forte de queimado", e ele completou com irritação "O que quer que eu faça?" e fechou a porta.

O que quer que eu faça?

Se o edifício e o apartamento tivesse torrado "O que quer que eu faça?" se transformaria imediatamente num apontar o dedo no buscar o primeiro culpado que se encontrasse. Vai fazer o que? É sempre assim, é Brasil.

quinta-feira, 14 de março de 2019

- Você não vai publicar nada (sobre a escola de Suzano) no blog? - Faz diferença?

A pergunta título é doída. Passei o dia péssimo. Fiquei sentindo a dor da Miriam e do Jairo que perderam seus filhos jovens. Por mais que me doa provavelmente não consigo dimensionar a dor que eles e todos pais que perderam filhos sentiram olhando as imagens do massacre da escola de Suzano na TV. "Você não vai publicar nada no blog?" Minha resposta é muito dura, impiedosa: 


(Fórum do Leitor - O Estado de São Paulo) 
Faz diferença? No contexto Brasil são só mais 10 crianças. Este massacre é diário e milhares de pais perdem seus filhos assassinados por ano, por mês, por dia, por hora. Milhares! O massacre da escola de Suzano só chama atenção porque é diferente, novidade, tem imagens fortes, whatsapp!. Partilho a dor abissal dos pais e parentes que perderam seus filhos porque tenho ideia de quão profunda é. Tenho noção pela morte dos filhos dos amigos Miriam Araujo e Jairo Gurman, que como todos jovens promissores que desaparecem não serviram para nada, não fizeram o Brasil, melhor, os brasileiros entender que morte violenta é o caminho mais rápido para a miséria humana, não só a do espírito, mas a do colapso social e econômico. Continuamos, brasileiros, a ser profundamente individualistas. O massacre destes 10 estudantes vai fazer diferença? Só até acabar as notícias sensacionalistas. Depois... segue a vida, segue a matança. Ninguém vai se importar, não faz diferença. "Não vai acontecer com os meus".

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Antes de instalarem a rede de esgoto nas cidades, isto faz mais de um século, os moradores faziam suas necessidades num pinico, balde ou vasilhame, abriam a janela e jogavam a merda no meio da rua, muitas vezes sem sequer olhar quem passava em baixo da janela.
O Brasil ainda está pensando em instalar sua rede esgoto. Mas não tenho dúvida que continuamos jogando nossas merdas pela janela. Quem se importa?

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Você tem filhos ou netos. Pois então conversem com eles.
What mental health experts say to their kids about school shootings

quarta-feira, 13 de março de 2019

O significado do fechamento da fábrica da Ford

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Os Governos Federal, Estadual e Municipal, representantes legítimos da vontade do povo, deram volumosos incentivos ao setor automobilístico sob o aplauso efusivo de toda a população. Só a Ford levou 7.5 bi. Acabou a festa. A Ford vai fechar uma fábrica e não deve ser a única marca de automóveis a tomar o mesmo caminho. A tradução do que está acontecendo é que não dá para ficar no mercado brasileiro (e sul-americano) sem subsídio. Ou alguém acha que mais de 35 marcas embarcaram no mercado brasileiro por que somos bonitinhos? Não existe almoço grátis. Quem manterá ou fará novos investimentos no meio desta baderna fiscal, insegurança jurídica e incerteza sobre o futuro? A imagem do Brasil que já não é nada boa pode ficar muito pior caso os atuais governantes não negociem com inteligência. Negociar é uma coisa, falar grosso mirando populismo é outra. Até agora Mercedes Bens e GM mandaram o mesmo recado a público, mas duvido que sejam as únicas esperneando.

Este não é o gran finale da cascata de estupidezes sem tamanho feitas no passado. Os brasileiros vão pagar por décadas o custo de mais esta política populista. Pensando com responsabilidade social, a de resultados, automóvel deve ter sua função voltada para o bem comum e de todos. Facilitar da forma como foi facilitada a compra do automóvel próprio foi populismo na sua forma mais irresponsável.
O sonho de uma cidade mais humana, mais respeitosa à vida vai demorar por aqui e muito. Quanto tempo o Brasil levará para racionalizar o setor automobilístico colocando-o numa perspectiva de equilíbrio de desenvolvimento social? Em quanto tempo os automóveis que estão entupindo nossas cidades vão ficar obsoletos e desaparecer? Qual o custo desta obsolência para a vida nas cidades? Qual o custo para a geração de empregos, riquezas, bens sociais? Tratar toda esta questão com simploriedade é mais que dar um tiro no pé.   
Negociar empregos e ressarcimento dos incentivos concedidos para a Ford e todas outras não basta. É necessário estabelecer uma política de estado de curto, médio e longo prazo para transportes, mobilidades, logística, e principalmente para as cidades.   

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/03/para-governo-bolsonaro-ford-deve-acao-social-a-sp-por-ter-subsidio-federal-na-ba.shtml 

terça-feira, 12 de março de 2019

Meio na ciclovia, meio na rua

Tomei um café sentado ao lado de um jovem pai segurando um lindo bebe de colo que não parava de olhar para mim e rir. Elogiei a beleza da criança, perguntei de onde vinha o sotaque dele, pai, e conversa vai, conversa vem, acreditem – a conversa acabou caindo no pedalar na cidade. Ele trabalha numa empresa de logística (das grandes e conhecidas) e vai para o trabalho pedalando, uns 3 ou 4 km. Metade do percurso é por dentro do bairro e metade pela ciclovia da Faria Lima. "Seria melhor se toda a cidade tivesse ciclovias. Eu me sinto mais seguro na ciclovia". É lógico que seria, assim como faz todo sentido sentir-se mais seguro na ciclovia, principalmente com toda a propaganda que fizeram e seguem fazendo.
Perguntei quantas vezes ele teve incidentes com motoristas na rua e quantas com ciclistas, patinetes, e outros quando pedalava na ciclovia. Ele parou, ficou com olhar perdido e pensativo e disse nunca tinha pensado nisto, mas acabou falando sobre uns ‘probleminhas’ na ciclovia, sem deixar de completar sobre os perigos de pedalar na rua. Não insisti, mas qual será o índice de incidentes e acidentes numa e noutra situação? Do pedalar na rua o pessoal só lembra dos incidentes, mas quando puxados começam a lembrar que foram poucos se comparado aos muitos quilômetros tranquilos e prazerosos. Liberdade!
Quantos quilômetros os ciclistas paulistanos estão fazendo pedalando nas ciclovias e ciclo-faixas quantos no meio do trânsito? Ou ninguém tem que pedalar na rua para chegar até a ciclovia?
As reclamações sobre ‘probleminhas’ nas ciclovias só crescem enquanto se ouve cada dia menos reclamações sobre incidentes na rua. É lógico que depois de tanto martelarem sobre só existir segurança para ciclistas em ciclovias a imagem está bem consolidada, assim como é lógico que no meio do trânsito a bicicleta é o elo frágil e o ciclista está exposto a situações mais perigosas, mas ainda não se pergunta onde é mais perigoso.

Converse com um médico especialista em atendimento de emergência e ele dirá que o atropelamento por moto com velocidade de impacto a 25 km/h é muito pior para o pedestre que ser atropelado por automóvel. A explicação é simples: motos são cheias de pontas enquanto automóveis tem a frente lisa, sem pontas, com para-choque em plástico e capô que amassa fácil, projetados para diminuir os ferimentos num atropelado. Colisão contra uma bicicleta com velocidade resultante de impacto 25 km\h machuca menos que uma moto, mesmo assim machuca para valer, podes crer.

As ruas vão ficando cada dia menos perigosas por duas razões simples: os motoristas estão acostumados com a presença dos ciclistas na rua e principalmente os ciclistas estão sabendo pedalar com mais segurança no trânsito. Interessante é que muitas destas histórias sobre os malditos perigos das ruas e seus motoristas assassinos são contadas por ciclistas que se você sair para pedalar atrás vai entender tudo.
Colocando tudo na balança o que dá? É claro que ciclovias ajudam, mas tem lá seus problemas que a propaganda e o discurso comum simplesmente abafam. Se queremos uma cidade mais justa o caminho não é ter ciclovias em todas as ruas, mas onde são realmente necessárias. E de preferência bem projetadas.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Brasil cheira a peido; e Alcapone não escapou da Receita Federal

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Vamos muito mal. Tivemos uma Presidente (desculpem, 'Presidenta' (?)) cuja inteligência estocava vento, agora temos um Oni-Presidente que tem como prioridade divulgar escatologia. Uau! Se juntar os dois cheira a peido.

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O Estado de São Paulo

Mariana e Brumadinho; resolvendo de outra forma.

Quanto mais se vê entrevistas com especialistas sobre o rompimento da barragem de Brumadinho, mais fica claro que tudo vai acabar em pizza e que se alguém for punido serão os peixes pequenos que recebiam ordens. O presidente da Vale pediu licença do cargo, vai lá saber por que e para que, mas não cheira bem. O absurdo de Mariana já se sabe que vai passar praticamente batido porque não há suporte legal para uma punição proporcional ao brutal dano ambiental e para populações indiretamente atingidas. Brumadinho gerou instantaneamente uma enxurrada de mortos e desaparecidos, que é imagem muito mais dramática que Mariana, mesmo assim há boas inúmeras razões para se não acreditar em justiça. O direito adquirido estava a favor da mineração, isto se não continuar.

Por que não aprendemos com a história. Al Capone escapou de todas, menos da Receita Federal. Como estão as contas destas mineradoras e de todos seus senhores?

segunda-feira, 4 de março de 2019

O malandro goiaba e quem de fato faz

Malandro goiaba é uma expressão das antigas que se refere aqueles que com malandragem chumbrega acreditam que sempre se estão dando bem, saindo por cima, tirando vantagem, levando a melhor. Pela vida vi montes deste tipo e todos acabaram mal. Há uma pandemia no Brasil de malandros goiaba. Os espertos funcionais, o pior câncer de nosso tempo.

"Pode ficar tranquilo..."
Logo depois de terminada a reforma geral as pias da cozinha uma hora escorriam a água lentamente, outra entupiam de vez. Foi chamado o chefe de obra, que mexeu aqui e ali, e na hora o problema parecia resolvido. Ele se despedia sorridente com a eterna última fala: "Pode ficar tranquilo, não vai acontecer de novo". Lógico, acontecia. Farto do que parecia uma brincadeira de mau gosto o dono do apartamento comprou dois imensos desentupidores de ralo, meteu um em cada pia e os acionou com toda a força. "Ou vai, ou racha. Não aguento mais". Acionou uma vez e melhorou um pouco. Acionou a segunda, a terceira vez com mais força e raiva então saiu um pedaço enrolado de fita isolante.



A geladeira nem era velha. O freezer começou a ser inconstante, uma hora gelando bem, outra nem tanto. Foi chamado um técnico de firma respeitável que trocou o termostato. "Está resolvido". Mas o problema seguiu. Veio outro técnico da mesma firma respeitável e falou sobre problema com o gás, que deveria ter vazado, e que nada podia fazer. O jeito era trocar a geladeira. Como o problema era só no freezer, que tem porta separada, a geladeira foi dada e bem recebida pela empregada que levou-a para casa. "Está funcionando perfeitamente" avisou à patroa, "inclusive o congelador. Funciona tudo perfeito, uma maravilha". E chegou a nova geladeira, que hoje tem tomada do Lula de três pinos, um para o terra que não existe em 99,99% das residências. Para não colocar um adaptador, que é perigoso, foi trocada a tomada e ali se descobriu o defeito da velha geladeira: durante a reforma o eletricista (provavelmente o mesmo que usara a pia como lixeira para a fita isolante) que instalara a antiga tomada deixara pouco apertado o parafuso que prendia um dos fios elétricos, que com o vibrar da geladeira foi-se soltando.

Se for continuar dando exemplos de malandros goiaba conto a história do Brasil.

O contraste: 
O mordomo ficava quieto e impecável num canto da sala de jantar enquanto o banqueiro e seus amigos se reuniam nos frequentes almoços ou jantares. Sempre foi empregado exemplar sabendo o momento que devia servir, obedecer pedidos ou ordens, tomar providências ou recolher-se ao silêncio. E ficar atento a ouvir. A casa do banqueiro e sua família sempre foram muito bem cuidados por ele, mordomo, e sua mulher que mandava na cozinha. Ficaram lá por algumas décadas, tiveram filhos ali, todos sempre sorridentes e solícitos. O banqueiro morreu e os filhos pediram para que o mordomo e sua família continuassem lá para tomar conta da casa até esta que fosse colocada a venda. Quando toda a papelada do espólio ficou pronta e pregaram a placa de vende-se no muro o mordomo fez uma proposta como comprador. "Como assim? O mordomo? De onde ele tirou o dinheiro?" e os filhos foram saber o que acontecia. Chamaram o mordomo, que desceu de seu quarto sobre a garagem. "Eu servia e ouvia. Um dia um empregado da casa vizinha precisou de dinheiro e eu emprestei. Ele pagou tudo direitinho. E outros vieram pedir empréstimo. Era na confiança, sem papelada, juros mais barato que no banco. Aprendi a negociar ouvindo os banqueiros. Quando fiz um dinheirinho o pai de vocês me ajudou nas aplicações. Tá tudo documentado. Não fiz nada errado, não roubei nada. Meus filhos nasceram aqui, gosto do lugar e quero comprar a casa". Por puro orgulho a família não vendeu o casarão para o mordomo, que um pouco triste comprou o casarão vizinho de muro. E um pouco depois comprou um outro um pouco mais abaixo na mesma rua.
Questão de atitude e de entender a regra do jogo.

O direito de saber a realidade
Como fazer uma jovem de 20 e poucos anos educada, bonita, esforçada, de boa fé, vinda de um bairro quase periférico que tem um histórico de violência pesado, portanto transbordando de malandros goiaba, entender o que é esperteza imbecil funcional e o que é para valer. Difícil tarefa num país vivendo uma pandemia de malandros goiaba. 
Não importa o que ela vá fazer com a própria vida, mas ela tem o direito de saber como as coisas que dão certo realmente funcionam. Como cidadão mais velho tenho o dever de mostrar o caminho das pedras para as gerações mais novas, principalmente para aqueles que valem a pena, que podem ser boa semente. 

sábado, 2 de março de 2019

primeiro presunto em patinete?


Acabo de saber sobre o primeiro presunto resultante de uso de patinete. A fonte é confiável, fidedigna. Deve ter acontecido faz tempo. O patineteiro pegou uma pedra e enfiou a testa no chão. Virou quiabo, os danos foram irreversíveis e seus órgãos foram doados. Acho normal que não tenha sabido pela imprensa ou até mesmo por fofoca. Alguém se interessa?

Não é teoria da conspiração acreditar que deve ter um monte de gente se arrebentando em patinete elétrico e não interessa a divulgação. Diz que diz tem aos montes. Os coxinha (segundo os revolucionários de prantão) coloca uma grana pesada (grana preta não pode mais) neste novo negócio "de modalidade" de mobilidade, a Prefeitura e o Poder Público dão graças a Deus que tem um carro a menos nas ruas gerando congestionamento e ainda entra uns trocados de impostos, os neguinho quer chegar rápido e estar na onda do momento (expressão velha que não sei se ainda vale), quem vai falar uma palavra contra? O passado condena. Num passado não muito distante (umas 3 ou 4 décadas) alguém realmente estava interessado em divulgar o matadouro da fábrica de presuntos da modalidade motoboy. Sim, divulgaram, mas porque era notícia ruim, dá Ibop, e porque os malditos (censurando o que os colarinhos brancos diziam sobre os motoboys) atrapalhavam o trânsito ("Morre fdp!" era a frase must da época). Eu chamava de mortoboy, mas fui censurado. E não era? Só interessava que a encomenda chegasse o mais rápido possível, o resto era efeito colateral plenamente aceitável. 
Ontem parado numa esquina do Itaim Bibi um motoboy já senhor (sim, envelheceram, casaram, tiveram filhos e criaram juízo) reclamou assustado das barbaridades que um imbecil em patinete fazia vindo em nosso sentido na contramão da Bandeira Paulista. Enquanto reclamava abafado pelo capacete quase foi derrubado da moto pela caixa rosa choque de um dos quatro entregadores de aplicativos de comida em bicicleta que dobraram a esquina em cima dos pedestres seguindo na mesma contramão, três atrás do patinete e um no meio dos carros já em movimento fazendo gracinhas para os amigos. 
Na esquina com a Nove de Julho mais três entregadores de aplicativos pedalando com suas caixas nas costas. Dois estavam com chinelos velhos e quase maltrapilhos, garotos realmente pobres procurando seu sustento. Entraram na Alemanha (a rua) e seguiram juntos conversando. "Só vão falar sobre a loucura dos patinetes quando morrer alguém importante, tipo artista conhecido" disse o senhor motoboy lá atrás. É! Destes meninos de chinelo....