quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Pelé

O Brasil perde hoje o maior nome de sua história, depoimento de Simoninha, filho e de Wilson Simonal. É a mais pura verdade e não a fala de alguém que sempre teve contato com Pelé. 
O nome Pelé, o jogador Pelé, a figura pública Pelé levou para o planeta um país até então pouco conhecido chamado Brasil. Parece exagero, mas não é, o sabe quem é viajado e ouviu de pessoas das mais diversas origens sempre palavras de carinho, admiração e respeito. Falou Brasil falou Pelé, falou sobre Pelé e as portas se abrem como compatriota de Pelé, uma honra.
Com certeza vai ser recebido por Tom Jobim, o único cidadão brasileiro que fez tanto quanto pelo Brasil. A diferença é que Tom, nome pouco conhecido pela multidão, compôs 4 das 10 músicas mais tocadas no mundo projetou para o mesmo mundo o nome de um Brasil poético, leve, divertido, genial. Incluí Tom a esta homenagem a Pelé porque o que os dois fizeram por nós, brasileiros e Brasil, é difícil de mensurar e muito mais difícil de entender para quem não viveu aquela época, ou não sabe o quanto eles ajudaram na construção de um Brasil muito, muito melhor.

Obrigado Pelé, o Atleta do Século XX, o jogador e o homem cidadão do mundo, brasileiro!

"Pelé era sonho de Brasil possível" - Globo News, frase perfeita. 

domingo, 25 de dezembro de 2022

Sonhos para 2023

Quais são seus sonhos para este 2023 que se avizinha?
Os meus não muitos, a bem da verdade poucos, mas consistentes. Batendo estas teclas vou estreitando meus desejos, o que é bom.
Mas antes um comercial sobre este Natal que aqui termina:

Terminou o Natal. Até que enfim posso voltar aos meus horários de dormir. Será que Papai Noel olha para quem dorme às 22:00 h e acorda religiosamente às 6:00 h, para quem almoça antes do meio-dia e janta lá pelas 18:00? Noite de Natal, jantar às 23:00 h, dia 25 almoço às 16:00 h, estou moído! Bom, pelo menos tenho uns dias de descanso até a Noite de Ano Novo. 
O nascimento do menino Jesus Cristo a meia noite de 24 de dezembro foi e continua sendo um sonho de alegria e paz para a humanidade, por que não posso comemorar a data sonhando com os anjos com meu travesseiro na minha cama? Coisa de velho? Não! ponto de exclamação. Não sou único a pedir isto para Papai Noel. 

Adorei um subtítulo de matéria no jornal que dizia que o Natal é um momento de se praticar a paciência. Sou muito mais paciente quando durmo direito. Não é uma verdade só minha. Durma direito e terás muito mais paz e boa vontade com as pessoas desta terra. Vai um Peru aí?
E a paciência, foi necessária neste Natal? Muito pelo contrário. Foi um encontro de família agradável, cada um em sua mesa, com seu grupinho. A comida estava ótima, nos empanturramos e como cachorros magros terminado o jantar voltamos cada um para seus cantos ou, como queira, suas casas e seus quartos.
 
Falando sério, não me lembro de ter tido Natal para reclamar. Foram uma benção, alguns mais, outros menos, mas uma benção. Esta noite de Natal, como sempre, foi ótima. O sair do horário faz parte e dá para repor em uns dias. Pessoas ótimas, conversas agradáveis, leves, nem uma palavra sequer sobre política (benza Deus!), comida farta. Comi (pouco) sem dor na consciência porque fiz uma doação sensível para uma ONG que cuida da festa de gente de rua. 

2023 vem aí!
Feliz Ano Novo!
façam seus desejos, deem três pulinhos, vistam branco, abracem forte todos que passarem pela frente
Feliz Ano Novo!
A bem da verdade é o que espero para todos e em especial a este Brasil. Vamos lá.

E os desejos que você tem, quais são? Não conte, pense ou sonhe, como queira.

Os meus? Cá conto:
  • voltar a correr a pé, o que tudo indica que não vai dar mais
  • Comprar um morro careca, daqueles que beiram a estrada pipocando de cupins, e conseguir reflorestá-lo. 
  • viajar de bicicleta, este factível 
  • ver este Brasil melhorar
Enquanto 23 não vem, aproveita e dorme bem.


Comentário:
Comprar um morro careca, daqueles que beiram a estrada pipocando de cupins, e conseguir reflorestá-lo? Esta não entendi.

Desde pequeno sempre vi morros completamente carecas tomados por cupinzeiros, uma tragédia. Na época falava-se que "ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil", outra praga de nossos campos e frase que vale para cupins. Não é acabar, mas controlar. Até hoje me dói ver campos e morros tomados e devastados por cupins. Imagino que deva haver uma técnica para controlar a situação e reflorestar sem contaminar mais ainda o terreno. Já ouvi maluco contando que detonou dinamite nos cupinzeiros, que foi uma beleza (?), mas não adiantou nada. Li sobre um processo lento, trabalhoso e custoso que reverte o processo e seria isto que gostaria de fazer, mas creio que não tenho mais condições. 
Morro com cobertura vegetal escoa as águas sem agredir o solo evitando erosões. Acaba sendo tão importante quanto mata ciliar. 


quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Os dias que antecedem o Natal

Vai chegando o Natal e tudo fica diferente. Não precisa luzinhas piscando, árvores de Natal cheias de bolinhas e enfeites delicados, nem de Papai Noel aparecendo em tudo quanto é canto, a vida fica diferente, o trânsito fica pesado, quanto mais próximo do jantar de 25 mais infernal. O clima é de confraternização, as buzinas que o digam, os xingamentos também, até porque até o diabo tem direito a presente de Papai Noel, afinal os dois vestem vermelho, o Diabo veste Prada, o PT também (veste Prada), só a seleção da Argentina veste azul celeste e branco, sei lá por que negando a santidade de Bergoglio, Papa Francisco, argentino, com suas cores oficiais branco e amarelo (ou será amarelo e branco?). Natal porteño terá o Velhinho Barbado listrado em azul celeste e branco, quase um presidiário das alegrias do tri. Vice-campeões os franceses estão vermelhos de raiva pelos pênaltis, esqueça o bleu blanche rouge, é Natal. Vermelho de Papai Noel, eles, franceses, festejaram o vice, enfim, é véspera de Natal.

Nem pedalando se pode negar que o trânsito virou um inferno. Estará o trenó estacionado em fila dupla? Quem limpa a bosta das renas? Não sobra espaço sequer para a magreza de uma bicicleta. O espírito natalino é comunitário e vou eu, ciclista, rezando em comunidade junto com motos, motoboys e scooters na faixa apertada e inexistente entre carros parados, lentos e com certeza irritados, mas vou. Olha! tem loira digitando no celular, provavelmente fazendo seus pedidos para o Bom Velhinho. E a uma semana da festa tudo fica mais tranquilo, gente fina é outra coisa e quem pode se sacode e foge desta loucura natalina, entupindo as estradas para todos lados, todas direções. Felizmente para mim e quem fica. 

Foi uma delícia pedalar a noite com a cidade vazia. Sai de um jantar e mudei o caminho habitual para casa, passei por dentro do Parque Ibirapuera, segui por ruas e avenidas com pouco trânsito e poucas luzes para um Natal, uma lá outra acolá, discretas. Feliz. Não é a intensidade, mas a felicidade. Noite feliz! Dormi com os anjos.

Ontem suspenderam um dos jantares de congratulação pelo Natal. Passou para hoje. Voltei para casa, comi pipoca, banana com sorvete, li um pouco e dormi com os anjos, acordei bem mais tarde que costumo. Estou descansado, provavelmente meu verdadeiro presente de Papai Noel. Ufa!
Hoje tem jantar, amanhã tem jantar, óbvio da que dia 24 tem jantar e 25 tem o almoço de Natal. Dia 26 chega minha vez, fui bom menino, será que Papai Noel me dá mais uma noite de sono com os anjos?

Feliz Natal a todos

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Nosso futuro e o desperdício das inteligências

Na escola, ainda criança, fiz como todos os alunos um teste para medir QI. Sei lá como me saí, não deve ter sido grande coisa, também não importa, hoje se sabe que estes testes apontam só uma pequena parte da inteligência. Só me lembro do entusiasmo que tive fazendo o teste. Sou disléxico, algo que na época era um sinal de estupidez, ou como diziam na época "burrice". "Como você não aprende? Como não consegue ler isto?" 
Não sei bem quando, creio que volta de 1983, mas lembro bem quão feliz fiquei quando li que o conceito inteligência mudara considerando falha a avaliação por um único parâmetro, como era feito com o famoso, todo poderoso, teste de QI. A ciência abria caminho para o que se nomeou inteligências múltiplas e habilidades específicas. Não me lembro de terem citado Howard Gardner da Universidade de Harvard, o responsável pela mudança de parâmetro.

Fazia sucesso, faz e de certa forma continua sendo considerado inteligente, quem tem fluidez nos parâmetros sociais do momento, como ser chique, ter dinheiro, falar bem, boa memória, ter sucesso... Pode até ser, e são habilidades importantes, mas são inteligências mais voltadas a condução da boiada. 

Tive a sorte de conviver com um bom número de pessoas com inteligência acima da média e com uns poucos que podem ser considerados superdotados. Tenho inveja dos superdotados única e exclusivamente por suas facilidades com respostas específicas; e definitivamente não tenho a mais remota inveja deles na dificuldade, em alguns casos profunda dificuldade, que alguns tiveram com o tratar de algumas situações básicas do dia a dia, inclusive nos relacionamentos. É um mundo aparte que aqui no Brasil não é compreendido, respeitado, aproveitado, e estimulado, principalmente no caso dos superdotados.

Como tudo o bom aproveitamento se constrói nos detalhes.
O que seria mais importante; mostrar seus ricos brincos de diamantes nas orelhas ou vencer o Mundial? O que tem a ver uma coisa com outra? Muito mais que possa parecer: chama-se postura.
Um dos bons diretores de multinacional de seu tempo foi contratado e assumiu o marketing de uma respeitadíssima franquia de lanches rápidos. Feliz da vida deu-se de presente um carro importado, um luxo naqueles tempos. No primeiro dia que apareceu com o carro na empresa recebeu em seu escritório a visita do presidente da empresa que sem meias palavras disse: Ou continua na empresa ou fica com o carro, escolhe.

A partir do momento que os Beatles decidiram que não iriam mais fazer shows e passaram a só trabalhar em estúdio foi criada uma extensa e incomparável obra prima conhecida e reconhecida em todo mundo. Mudaram a postura da fama para o resultado.

A construção de resultados está intimamente ligada à posturas. Qualquer distração tira o foco, diminui o potencial da inteligência, de qualquer nível de inteligência.
Uma das formas de se avaliar a inteligência é através de resultados, mas não a única. A postura de nossa sociedade cobra posturas sociais de sucesso, o que pode estimular ou mascarar uma verdadeira inteligência.

A vida é feita de escolhas, algumas delas parecem detalhes ou bobagens, mas é justamente no detalhe que está a inteligência e por conseguinte o resultado proveitoso, mesmo que não pareça ou seja ou ainda se apresente imediatamente. 

Inteligência muitas vezes é considerada perigosa para o poder ou para a boiada e é até perigosa para a outra inteligência, a concorrente. Entra aí o que se pode chamar de inteligência coletiva para avaliar o que está em jogo. Em todo este jogo complexo de avaliações e resultados, a inteligência especial, a que faz diferença, pode ou não ser um produto vencedor dependendo da forma como toda a sociedade a vê e aceita, mais, como a protege. Uma sociedade com complexo de inferioridade enraizado provavelmente repudiará e perderá suas inteligências mais valiosas, proveitosas. A boiada se junta para manter seu status quo de boiada. Múúúúúú.

Em nome da moral e dos bons costumes o MEC foi simplesmente desmontado. Segundo aquela tropa que agora sai era preciso retirar todos comunistas do caminho. O comunismo é o mal e ponto final, sem mais. Em nome da moral, dos bons costumes e da fé inabalável também foi preciso desmontar a ciência porque eles (cientistas e pesquisadores) duvidam, questionam, são todos comunistas. 

Urge neste Brasil ter uma discussão séria sobre educação, que no final das contas é inteligência, e o ponto de partida deve ser o que se define como inteligência, o que tudo indica que neste país não está muito claro, acredito que mesmo para os que trabalham com inteligência. Talvez para desembaraçar o tema e ter algumas respostas mais digestivas para o grande público se deva definir a princípio para que se quer a inteligência, qual sua finalidade ou algum ponto de partida, rastaquera que seja. A bagunça que está sendo deixada, melhor dizendo, abandonada pelos que foram derrotados é tão grande que a reconstrução deve ser feita tijolo por tijolo, como é feito na reconstrução das cidades arrasadas pela guerra. 

O único ganho com a barbárie que nos foi imposta goela abaixo, e aceitamos, diga-se de passagem, nestes últimos tantos anos está justamente no ter que reconstruir a educação, a cultura e a ciência praticamente do zero, ou seja, revisar o que foi, é e para que se pretende a "nossa inteligência".

Muitos dos superinteligentes são considerados esquisitos, uns chatos. Estamos montados numa boiada sendo arrastados ora pelos vencedores, que são a minoria, ora pela imensa maioria de perdedores que faz e anda se vai pisotear as novas sementes de verde pasto.
Os números provam que muito das melhores inteligências brasileiras estão voando para pousar e viver tranquilas em outras pastagens. Triste! 

por Gonçalo Junior
A15 Estadão
11 de agosto de 2022

O Estadão só abre para quem assina. Infelizmente não faz como o NY Times que permite que não assinantes leiam alguns artigos por mês. Como esta questão da inteligência é muito relevante e a maioria de meus leitores não vão ter acesso ao bom artigo eu fiz o que não devia e peguei as referências do próprio artigo e o faço como utilidade pública:
  • Olzeni Ribeiro, neuropsicopedagoga, especialista em superdotação, criatividade e expertise 
  • Ada Toscanini, presidente da Associação Paulista de Altas Habilidades e Superdotação (Apahsd)
  • Claudia Hakim - autora do livro Superdotação e Dupla Excepcionalidade
  • Prefeitura: Atendimento Educacional Especializado (AEE); Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI).
  • Dia Internacional da Superdotação

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Em que investir? Quando riqueza gera pobreza e quando pobreza gera riqueza

Não apostar em mula manca é uma regra sábia mais velha que o tempo da onça. A questão é que estamos em 2022 e é muito provável que já vá ter quem reclame aos berros contra a expressão "mula manca" que imagino não seja politicamente correta. Talvez o correto seja escrever não apostar no que não dá futuro, mas aposto que também gerará uma saraivada de urros de "não é politicamente correto", porque (ele) não teve as mesmas oportunidades, dentre outras ponderações. Não aposto em politicamente correto porque o inferno está cheio de boas intensões e mula manca não dá futuro.
Investir não tem nada a ver com aposta, com colocar as fichas aleatoriamente ou sob falsas premissas e deixar a sorte rolar.

Sei lá o que pensam ou deixam de pensar, mas eu aprendi muito tarde, não faz muito, a não apostar em mula manca e não apostar no que não dá futuro. Com um forte sentimento de culpa e dor no coração estou aprendendo a deixar para trás o que tem tudo para dar em nada. Estou muito cansado de ser usado por quem não vai retribuir no mesmo grau como é cuidada. Egoísmo? Não. Seleção.
Gente que vale a pena investir é o que não falta. A escolha pode ser emocional ou racional, sendo que a emocional via de regra não costuma dar resultado. A racional também pode dar errado, mas numa escala infinitamente mais baixa com prejuízos muito menores. Mesmo que dê errado um investimento racional, realizado em base sólida, sempre deixa algo positivo para trás, o aprendizado.
 
Entrou o emocional complica. A vida faz que por conta da sobrevivência todos joguem o convívio social, relacionando-se com os outros da forma que mais pareça vantajosa. É uma troca, são investimentos. É incrível a variedade de técnicas de sobrevivência social que fomos capazes de criar.  Tem quem só converse sobre desgraça como fórmula de receber alguma coisa em troca, migalhas que seja. Pensando bem, tem muita gente, a maioria. Desgraça faz sucesso, é rentável, dobra avisados e desavisados, emplaca geral, jogo fácil. Você fica com pena e dá o que ele quer. Mendigos profissionais que o digam, profissionais no literal e mais ainda no figurado. Mesada para o bonitinho comportar-se bem é o que?

Não dê esmolas? Depende de que tipo e para que fim.
Segundo uma entrevista de uma socióloga (desculpem não lembrar o nome) que estudou o ciclo completo das esmolas dadas para pedintes de rua é uma forma importante de transferência de renda que não raro traz benefícios. Sei que tem muito mendigo que conseguiu construir suas casas, sustentar suas famílias, com filhos que se formaram e trabalham para dar aos filhos uma vida bem distante da mendicância. Também há os absurdos como os que estão na segunda geração de pedintes na esquina das av. Brasil com Nove de Julho e que fazem bebes caminharem no meio dos carros para aumentar a renda. É bom que se saiba que são exceção e só estão por aí pela inoperância do poder público.

Como controlar o valor agregado de uma esmola? Exatamente como se deve fazer quando você cede e dá algo para a criança parar de encher o saco. Comparação absurda? Nem tanto, a maioria cede, quer se livrar imediatamente do problema, não controla o pós e depois briga dizendo que quem está criando problema é criança ou quem recebeu a "esmola", se quiser leia "mesada". A possibilidade de virar confusão futura é grande, para não dizer encheção futura líquida e certa. A culpa sempre é do outro?

Então o que se faz, dá esmola ou tira o tapete? A maioria dos que estão pedindo esmolas não sabe sequer o que é um tapete, primeiro erro. O ideal é ajudar procurando gente que conhece e trabalha com o problema. Em outras palavras e mais uma vez: investir com informação, investir racionalmente. 
Esmola pode ser um investimento. Dinheiro para ONGs sérias é investimento. 

Investimento não é aposta, mas se pode investir numa aposta a partir que se tenha números que levem a um processo racional. "Investir em educação..." ninguém discute que é ganha ganha... se for controlado. 

O Brasil tem um grave problema conhecido como "nem nem", nem trabalha, nem estuda. Afeta todos níveis sociais e é uma verdadeira praga, pior que dengue. Não tem absolutamente nada a ver com a besteirada que se ouve por aí. Números oficiais mostram que Bolsa Família no geral é investimento com bons resultados, mas também pode ou não gerar nem nem. Vira baderna se não tiver contrapartida, tempo e escala de desmama, e principalmente controle, o que até as esquerdas concordam. Incluo nesta baderna social uma outra bolsa família, aquela dada por pais, tios, irmãos e avós aos definitivamente não necessitados, os nem nem mas mesada sim. 
Dar ou não dar mesada? O retorno não se vai dar só porque "ele é tão bonzinho..." Recebeu? O que vai dar em troca? Não deu? Se f.....! Tchau!

O país está cheio daquela triste verdade: "avô rico, pai remediado, neto pobre", ou seja, torra tudo, ou ainda, dinheiro improdutivo, dinheiro jogado fora, riqueza que gera pobreza. O triste é que é comum que este processo de degradação financeira de famílias ricas envolve empresas, portanto empregos, terceiros que que pagam o pato sem ter nada a ver com a irresponsabilidade de pais e netos perdulários. O número de empresas familiares brasileiras que afundaram na segunda e terceira geração é grande. Danem-se os funcionários.

Riqueza tem que gerar riqueza, gerar crescimento, progresso, cultura, inteligência, sabedoria, fazer bem, qualidade, liberdade, bem-estar. 
Aliás, o que significa "investimento"?

substantivo masculino
  1. 1.
    aplicação de recursos, tempo, esforço etc. a fim de se obter algo.
    "seu maior i. tem sido em si próprio e em seu talento"
  2. 2.
    ato ou efeito de investir(-se).
 
"No Brasil ser rico é um crime": em certo sentido verdade. "Eu tenho horror de pobre (ou de pobreza)"; estou cansado de ouvir. 
Primeiro, estas duas afirmações dizem respeito a monetário, dinheiro, bens, e aí começam os erros grosseiros em cascata. Riqueza ou pobreza se referem só a dinheiro e bens? Quando a resposta é sim quanta pobreza. Adorei quando ouvi o comentário "pobre rico pobre" sobre um idiota que tem dinheiro e faz tudo errado, fez de sua vida um inferno, fez a vida dos próximos o inferno, imbecil total.

Os judeus estão absolutamente corretos, aprenderam das formas mais duras: só a riqueza da cultura e educação constrói e pode reconstruir o que virou pó. Perde-se o secundário, preserva-se o primário, cultura e educação. A verdadeira riqueza é imaterial e impossível de roubar da pessoa.

Inúmeros sociólogos e estudiosos deste Brasil afirmam que para boa parte de nossa elite não tem consciência da importância do retorno para a sociedade, o bom investimento, o que parece que está mudando aos poucos, mas ainda estamos a um ano luz de outros países.

Como cidadão da melhor idade (- a puta que os pariu! -) como dou retorno ao que recebi? Como invisto no futuro dos outros? Como invisto em mim mesmo para que meus investimentos futuros sejam cada dia mais produtivos? 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Vitorias, derrotas, titulares, reservas... eles e nós

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo
 
Sinto pela derrota da seleção brasileira, acontece, faz parte do esporte. Pelo menos vimos uma seleção que foi muito melhor, mais aguerrida, mais lutadora, unida do que as passadas, sem dúvida mais digna. Mesmo na derrota para o Marrocos deu gosto de ver. Qual será o reflexo de mais esta derrota e eliminação de uma Copa no espírito dos brasileiros já maltratado pelos anos bolsonaro? Minha esperança é que amanhã o brasileiro levante a cabeça e siga em frente. A qualidade dos comentários que se farão sobre esta ou qualquer outra derrota influenciará muito um resultado positivo em nossa qualidade como cidadãos. A forma como o brasileiro vê seu próprio país vem piorando muito nestes últimos anos e acredito que vamos sair deste fundo de poço. Para isto urge fortalecer nosso espírito criativo, lutador e construtivo, o que qualquer esporte praticado e entendido pode ajudar e muito. Do contrário esportes são nada mais que uma ferramenta do populismo.

Há ainda quem sequer entenda o que é populismo e o tamanho do estrago que traz para todos. A afirmação de um campeão mundial onde "(para o brasileiro) O segundo lugar é o primeiro perdedor" nos leva ao "nós e eles" que vem faz muito regendo o Brasil. Esta é a base do populismo que se instalou. Populismo, assim como as ideologias, se apoia e sobrevive no pensamento simplório ou não se sustenta e desaparece. 
A construção de uma nação estável, forte, imune a erros grosseiros, se faz pela educação de seus cidadãos, educação formal e informal, Educa-se as massas pelo "esporte é cultura". Futebol é o esporte nacional, até tido como símbolo desta nação, uma ferramenta poderosa de educação e organização social, que infelizmente não só não vem sendo aproveitada, como tem um pé, porque não dizer os dois pés no mais puro e malévolo populismo. Exagero? Os estádios com torcidas únicas e as pancadarias que o digam. Passados bons dias da derrota do Brasil para Camarões ainda me incomoda a forma como os reservas de nossa seleção foram tratados pela imprensa e comentaristas. "O segundo lugar é o primeiro perdedor", "nós e eles",  "vencer ou vencer". 

"Quem não sabe perder jamais saberá vencer".
 
Caso tivesse colocado o nome Piquet como autor da frase (para o brasileiro) "O segundo lugar é o primeiro perdedor", no início deste texto acredito que provavelmente não seria lido.
O Brasil já nação de vários esportes vencedores. Futebol é um deles, boa parte dos outros foram cancelados do noticiário ou só aparecem em momentos muito específicos. Ou se é herói nacional ou é inexistente. "O segundo lugar é o primeiro perdedor". 
De minha parte agradeço a todos jogadores desta seleção, incluindo a reserva tão criticada. 


Mensagem enviada para Rádio Eldorado pós derrota do Brasil para Camarões

Bom dia.
Fracasso dos reservas? 
Sou público. Para mim futebol tem que ser divertido, interessante, cativante, e o jogo dos reservas foi muito mais divertido que a chatice do jogo dos titulares, que aliás não perderam ou ficaram no empate por pura sorte. 
Futebol resume se a resultado? Perdeu os perdedores são inúteis?  Pelo que ouvi dos comentaristas parece que sim. 
Como leigo digo que estes reservas são um ano luz melhores, mais divertidos, tem mais raça que as seleções passadas.
Vamos com calma com a bipolaridade. Há muito mais em jogo que o perdeu e ganhou. Do jeito que foram jogados os comentários parece que os comentaristas estão jogando para a torcida, tipo o mais puro populismo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

A obesa e a aviação comercial

Viajei de trem pelo centro norte dos USA onde o número de pessoas com obesidade e obesidade mórbida é alto. Dependendo do tamanho do cidadão o assento para acomodá-lo era obrigatoriamente duplo e por razões que não têm nada a ver com gordofobia, mas pelo fato, uma verdade da qual não existe escapatória: o respeito às leis de física. Simples de se entender, a impossibilidade de acomodá-los num único assento padrão que é projetado para o corpo de uma pessoa média.

As companhias de transporte têm por obrigação legal acomodar com conforto e dar segurança durante a viagem a todos os passageiros, dependendo das leis do país onde está incluindo as exceções à regra. Pelo sim ou pelo não o fazem pela simples razão que a concorrência é brutal e um desagrado pode se transformar num problemão comercial para a companhia.

Quem já viajou com um obeso sentado ao lado sabe que terá que conviver pelo menos com o braço dele invadindo seu espaço, quando não as pernas, dentre outros detalhes. Com um pouco de compreensão segue-se viagem, mas há limites. Fiz uma viagem torcido no assento por conta de um prepotente espaçoso e mal-educado o que me valeu dor na coluna e o gasto extra com massagista. A aeromoça fez o que pode e calei para não piorar mais a situação durante o voo.

A aviação comercial barateou tanto suas passagens que hoje tem que contar centímetro por centímetro e quilo por quilo o que será embarcado ou a conta do combustível não fecha. Não faz muito pensou-se em pesar os passageiros antes de embarcar. Chegaram a este ponto, mas não conseguiram.

O que houve com a passageira brasileira que não conseguiu embarcar de volta para o Brasil foi gordofobia? Boa pergunta. Curioso, mas é fato que ela foi para lá, embarcou, mas como?

Não faço ideia de como ajeitaram a garota obesa na viagem de ida para o Líbano, mas acredito que tenha havido uma cortesia. Não sou médico, não tenho o teor de gordura dela em mãos, mas visualmente parece que ela já se encaixa em obesidade mórbida, ou seja, ela é muito grande. Todos assentos num avião são padrão com algo entre 42 e 46 cm de largura e entre 67 e 73 cm para as pernas. Já viajei com assentos de medida mínima foi um inferno para meus 1,85m com 85kg. Dependendo do grau da obesidade mesmo os assentos da classe busines, que são um pouco mais largos, são apertados. Os assentos dos trens no meio dos Estados Unidos são largos, provavelmente como os padrão de uma classe busines de avião, e dependendo do obeso ele era obrigado a sentar em dois assentos; disto não tenho dúvida porque vi, me impressionou muito, marcou a imagem.

Qualquer coisa fora do padrão tem que ser comunicado pelo passageiro à companhia aérea antes até do check in, é a regra, mas onde se encontram estas regras?
Infelizmente até algumas das informações mais básicas das companhias aéreas podem não ser tão fáceis de se encontrar no site. Tive uma experiência bastante desagradável que me obrigou a abandonar uma bicicleta no aeroporto de Paris, que só foi esclarecida depois que 5 funcionários da empresa, Air France, pesquisaram para achar a informação perdida no site, que também não era assim tão explícita. Perdi minha causa para não alongar a loucura. Em suma: voe KLM. Em uma coisa os funcionários da Air France tinham completa razão: eu comprei a passagem e com isto aceitei as normas da companhia, ponto final. Se não li todos os termos antes de assinar ok problema meu. That's life!

É comum ver pessoas com necessidades especiais sendo embarcadas com cuidado e preferência. Nunca vi confusão com isto. Já vi confusão com brasileiro querendo embarcar muito mais mala que o permitido, até ouvi de uma o nosso famoso "você sabe com quem está falando"; mas funcionário da companhia aérea destratando passageiro nunca. Talvez mal-humorado, destratando nunca.

Outro ponto a se ponderar é que a distribuição dos passageiros dentro do avião deve atender aos quesitos de segurança da aeronave e dos próprios passageiros. A acomodação dos passageiros deve levar em consideração uma eventual evacuação do avião ou se arrisca aumentar o número de vítimas. É comum ter a perna de um passageiro ou passageira dormindo sentado na fila do corredor atrapalhando a passagem dos outros. Quando este é obeso, mesmo sendo leve, ele ou ela se acomoda melhor com parte da perna avançando no corredor, o que é aceitável e se faz vista grossa enquanto todos dormem. Cruzar o corredor a noite vira uma corrida de obstáculos.

Na aviação é obrigatório pensar em todos os detalhes, daí vem o altíssimo nível de segurança em voo. Não interessa o que o passageiro pensa ou é, interessa a segurança de todos. Como somos todos humanos, as companhias aéreas se esforçam para acomodar o melhor possível as diferenças, mas para tanto tem que estar cientes do que vão ter a bordo, ou seja, ser avisada com antecedência, obrigação do passageiro. 

Tem muito buraco nesta história.

Influenciadores colocaram muita gente que era excluída ou mesmo cancelada na ordem do dia, o que acho maravilhoso. Este processo de inclusão ainda é uma novidade e podem acontecer escorregões de ambas as partes, dos excluídos ou cancelados e de quem vai recebê-los, o que é normal. 
Calibrar as palavras, os pensamentos, as posições é algo que ainda não somos craques, aqui me refiro a todos sem exceção. As eleições passadas provaram por A+B que exageros, besteiras grosseiras, bobagens fazem muito mais sucesso que o que está certo ou deveria ser, e como dizia Andy Warol "No futuro (este presente) todos terão seus 15 minutos de fama". Na mosca, mas a que preço?

Não isento os erros das companhias. O ocorrido com Mara Gabrilli, que teve sua cadeira de rodas danificada num voo, aponta para que as companhias aéreas, aliás como tudo neste mundo, são bem-preparadas e treinadas só para o que se chama de público geral, não para as exceções. Segundo matéria do Fantástico sobre o caso desta brasileira que não embarcou, as leis que regem as companhias aéreas mudam de país para país, o que complica mais ainda. Não sei em que língua a brasileira e a atendente do check in se comunicaram, o que pode ter sido mais um agravante.

Houve gordofobia por parte da companhia aérea? Como se diz na minha família, eu não estava lá para ver e ouvir, mas pelo meu longo histórico de viagens guardo o direito de duvidar. A menina, em suas próprias palavras, disse algo como "eu paguei, eu tenho direito", frase tipicamente brasileira que diz muito. Lá fora frases como esta costumam ser muito mal-recebidas e gerar problemas.

Já briguei muito pelos meus direitos e aprendi a duras penas que se em vez de brigar você conversar o resultado sempre sai melhor. 

Bato aposta que o desespero ao vivo, minuto a minuto, da brasileira que não embarcou deve ter bombado nas redes. "Me ajudem!" repetia ela nas redes sociais. 


Pela imagem da brasileira acredito que pese bem mais que os 98kg da figura acima. 

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Milagre, alargaram a calçada da Ponte Cidade Universitária

Quando começou a obra e vi os tapumes sendo colocados a dois metros do meio fio fiquei pensando o que poderia sair de lá. Até pensei que poderia ser o alargamento da calçada, mas nem de longe foi a hipótese aventada mais provável. Gato escaldado desconfia até de garrafa pet. Quando começaram a cimentar o alargamento simplesmente não acreditei. Que felicidade!

Está feito. Depois de décadas os problemas de cruzamento de pedestres e ciclistas na Ponte Cidade Universitária estão praticamente resolvidos. Pelo menos o conflito entre pedestres e ciclistas deve terminar, bastará um mínimo de cortesia por parte dos ciclistas.
Falei décadas? Sim. Mesmo antes da construção da rampa de acesso para a ciclovia Capivara já passavam por lá ciclistas, estudantes da USP e muitos trabalhadores. O volume de cruzamento era alto tanto que chegaram a projetar uma ponte passarela em paralelo a atual que sairia de dentro da Cidade Universitária direto para a outra margem e a estação CPTM. Nunca saiu do papel por razões que, dizem, vão além da lógica racional e se encaixam na mais pura coisa boçal. Esta ponte acabaria com o perigoso cruzamento de pedestres que segue lá quase na entrada da USP, logo depois de uma curva fechada de acesso dos veículos para a marginal sentido Santo Amaro, durante muito tempo uma das provas cabais da displicência das autoridades. Displicência é de uma educação sem fim. Que seja. Já foi muitíssimo mais crítico. 
Reginaldo me lembrou que houve um outro projeto, na época do PedalUSP, bons tempos. Seria uma passarela sobre este cruzamento no acesso, ligaria o interno da Cidade Universitária com a ponte, obra relativamente simples. Também não foi para frente. A história do porque o metro não passa por lá justifica a inteligência do não, discretamente reforçada pelo velódromo abandonado.

Bom, alargaram! Milagre! é o que me resta pensar. Faltam os acabamentos, mas com tal feito quem se preocupa?

Sou homem de fé, dependendo do desejo mais para uma esperança vã. Urge o alargamento da calçada que hoje é mais ciclovia na Ponte Cidade Jardim, mas se fizerem esta vou passar a acreditar em gnomos e que tais. Ali o conflito é absurdo nos fins de semana. Pedestres? Quem? Entre ciclistas. Baderna generalizada. Aliás a escadaria metálica permanentemente improvisada de acesso à ciclovia Pinheiros sentido Santo Amaro é um crime. Mínimo: alargamento e rampa; mínimo!
Esta situação se repete em várias pontes. Não posso deixar de citar (de novo) a ponte que liga Ermelino Matarazzo ao bairro de Cumbica em Guarulhos, um absurdo para trabalhadores, pedestres, ciclistas, veículos particulares e de transporte, talvez o símbolo máximo do descalabro que há muito vivemos.

Pelo menos o primeiro milagre aconteceu. Uau!