quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Campanha de Bolsonaro: rir para não chorar e chorar de rir

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Esta história das não inserções das propagandas de Bolsonaro nas rádios se ainda não for a cereja do bolo destas eleições não sei o que será. Fico ansioso na espera da próxima que virá. Nesta campanha ri muito para não chorar, mas de um tempo para cá com a interminável patética besteirada não parei de rir até chorar. Se pensar que os que estão gerando esta montanha de trapalhadas neste curto período de campanha de Bolsonaro são os mesmos que tiveram o Brasil em mãos por estes últimos quatro anos..., bem, não quero nem pensar. Imagine só o que deve ter dentro da caixa de pandora dos 100 anos de sigilo. Neste fim de campanha impressiona que mesmo apoiadores de primeira hora de Bolsonaro estão sendo intimidados, acuados e deixados a própria sorte pelo próprio Bolsonaro e seus bolsonaristas de bolso, isto com uma eleição ainda não definida. Dada a forma como esta interminável besteirada vem sendo gerada e a quem está atingindo dificilmente será esquecida. Qualquer que seja o futuro o que nos espera deverá ser muito mais fragmentado, independente do resultado do próximo domingo, o que por um lado me dá esperança de uma reorganização social voltada para a racionalidade e a razoabilidade. 

Não demorou. Horas depois que divulguei o texto acima Guedes declarou que "Nós roubamos menos" percebeu seu erro e corrigiu "Nós não roubamos"... Só rindo.
Fogo amigo é pouco.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Veículo elétrico é a solução ambiental? Tenho sérias dúvidas?

E.V.s Start With a Bigger Carbon Footprint. But That Doesn’t Last; encontrei este artigo no NY Times sobre os problemas ambientais causados pelos carros elétricos.
Vou mais além que os problemas ambientais do artigo do NY Times e afirmo (que ousadia!) que a pegada ambiental dos carros elétricos é bem maior que os problemas de produção, descarte e reciclagem citados ali. 

Um Fusca tem basicamente 5.000 peças e dependendo do modelo mais. 
Um carro médio moderno de produção em massa tem algo em torno de 30.000 peças, dependendo dos acessórios de luxo muito mais. 
A sofisticação é prejudicial pela extração da natureza dos materiais necessários e no descarte e ou reciclagem. Reciclável? Reciclar em si é um problema ambiental até porque reciclagem também consome o meio ambiente. E olhando o caso de qualquer veículo pneu é um drama ainda não resolvido, mas não só. 
Vi um programa onde estavam desmontando um Tesla e fiquei assustado com o grau de sofisticação e muito mais com o absurdo número de partes, peças e componentes que o carro precisa para rodar sob as leis de segurança viária. Quando a esmola é muita desconfie do santo; se eu já desconfiava do discurso "carro elétrico é a solução para a questão ambiental" agora é que estou muito assustado com esta esmola. 

Já contei que dirigir um carro elétrico é uma delícia, suave, silencioso, potente, sem emissões de gases. Confesso que se fosse comprar um carro optaria por um híbrido. Não vai acontecer, é muito mais fácil, prático e infinitamente mais sensato para minha necessidade alugar um carro e minha opção sempre é pela função, não pelo status, potência, luxo ou conforto... Se for híbrido melhor, mas aqui ainda não temos esta opção para alugar, ou temos e é muito cara.
Fato é que carro é e continuará sendo indispensável na logística de nossas vidas. O que precisamos é racionalização, fazer uso sensato, e não só do carro, mas de absolutamente tudo. Racionalizar, a meu ver, é muito mais difícil, direi eu, improvável que repensar as mobilidades e abandonar o carro.
Se, se, se, se tivesse dinheiro, espaço, usasse com alguma frequência, enlouquecesse... eu teria um Panda, Fiat Panda, o apogeu dos carros minimalistas, aqueles que eram projetados para processos de fabricação muito simples, pouco material, modelo básico, eficiente, com um número de peças o mais reduzido possível, o máximo de praticidade em seu uso, ou seja, forma e função em seu estado mais bruto. 
Panda é o sucessor do Citroen 2CV e Renault 4. É bem mais despojado que um Fiat Uno básico. Pequeno por fora, grande por dentro, muito econômico, quebrou conserta fácil e barato, e reciclável, creio que completamente reciclável, fora pneus. A única mudança que eu faria seria no sistema de alimentação instalando uma centralina de última geração para reduzir drasticamente a emissão de gases e para dar um pouco mais de potência. Panda é o oposto de um Tesla ou qualquer outro full elétrico. Sei que rodaria bem pouco, mas ficaria olhando para ele e lembrando de uma época onde sonhávamos com um mundo racional, com um futuro de fato bom para todos.
Depois que numa bicicletaria vi a quantidade de fios de uma bicicleta elétrica e a bateria desmontada já deveria imaginar que num carro elétrico a coisa fosse muito mais complicada, mas nada parecido com que vi no programa de TV. É insano, ambientalmente um crime.
Ou estamos muito loucos ou num brutal coletivo de me engana que eu gosto. Ou os dois juntos. É, os dois juntos.


E este filme / documentário / propaganda sobre a produção do novo Ford Electric F 150 fala sobre a importância do 5G. Aí, meus caros, aqui no Brasil uma fábrica destas vai ter que pensar "E se chover; e se cair um raio, e se cair um galho sobre a fiação, e se...". Clique, desligou....


sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Quanto vale a histeria coletiva numa eleição?

Fórum dos Leitores
O Estado de São Paulo

Descartando os fanáticos de um lado e do outro sobra o pessoal que não votaria nem em Bolsonaro nem em Lula e diz que votará num deles pelo mais puro medo do outro. Quem impõe menos medo, melhor dizendo, menos pavor, leva o voto, posição tomada de forma racional, instinto de sobrevivência. Ainda tem muita gente que está escondida no escuro debaixo da cama enrolada no cobertor indecisa se sai de lá para votar. Quanto mais se aproxima o dia da votação mais aprofundados ficam os medos e pavores generalizados, uma situação de histeria coletiva sem precedentes. Quem só pensa em perigos não tem tempo para ser seguro. Numa situação anormal ou de perigo tudo o que não se pode fazer é perder a calma ou a situação tende a piorar mais ainda. No caso do Brasil já degringolou tanto neste tempo de campanha, a histeria geral é tão grande, que não precisamos sequer do resultado das eleições para saber que a coisa vai piorar muito mais ano que vem. Uma análise fria tendo a história como referência aponta o que estamos vivendo para terrorismo de estado e porque não dizer terrorismo religioso. Como acalmar, racionalizar, encontrar um caminho para sair o país desta barbárie? Falta uma semana para as eleições e com ânimos tão insuflados é mui improvável que surja alguém ou algum fato que faça o povo contar até 10, respirar fundo, se acalmar e racionalizar. Diz a sabedoria popular que o que foi roubado se repõe. Já vidas perdidas, ódios insensatos, acusações infundadas, discriminações doentias, e a fúria de moralistas tem preço, alto, muito difícil de reequilibrar, pagar e principalmente quase impossível de apagar.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Quadrophenia e as recordações da romaria

Peter Townshend´s Classical Quadrophenia está tocando de fundo. Prefiro o original, traz recordações de uma viagem de navio cargueiro para os Estados Unidos, recordação imediata da navegação tensa no Mississipi em meio a um tornado. 

A la loca. O que não fazer? Por que não fazer? E se fizer, no que vai dar? Que mal há em fazer? Um prato de arroz esquentado no micro-ondas e um resto de batata palha de saquinho já velha. "Este é seu almoço?" (Não deveria ser, mas) "Está bom, não se preocupe, é o que tem". Sol do meio-dia, calor, nada recomendável para sair pedalando sem destino, mas fui. Mochila nas costas meio cheia, nada recomendável para quem tem problema crônico de coluna, mas é o que tenho, vamos lá, abre o portão e se manda digo a mim mesmo. Pelo bom senso tem tudo para dar errado, mas vamos lá. Fui. 

5, 10, 15 km, os medos vão passando, a dor na bunda vai aumentando. O bom senso diz que bermuda acolchoada de ciclismo é mais cômoda que usar bermuda jeans com cueca de costura grossa. Estúpido! Já que fez a burrice de tirar a bermuda de ciclismo agora aguenta as consequências, cala a sensação de dor e segue em frente. Fui. 25 km, primeira parada, inteiro, feliz, livre. 
Brincadeira, só faltam mais 75 km. Tranquilo. Suco de melancia, sorvete, pipi, vamos embora. Sol torrante, uns km por dentro de Guarulhos, logo a Dutra sem sombra, pau!

Onde o bom senso limita a vida? Bom senso sim, mas mau senso existe? Upa! e como! Medos atávicos que julgamos bons costumes, bom senso, cada um tem o seu. Cá estou eu deixando para trás São Paulo, Guarulhos, a zona de conforto. Foda-se! Viva a vida. "Vivir a las medias es no vivir", aí está o bom senso, viver.
Zona de conforto não é exatamente um bom senso. Faz tempo que venho misturando as coisas, viver a vida, zona de conforto e bom senso, que virou discurso fácil para não tomar riscos; e não viver. 

Quadrophenia, quatro esquizofrenias. "Is it me for a moment..." (The real me).

A escada do navio amanheceu ora ficando plana ora um penhasco. Esperei que ela subisse e cruzei os degraus rapidamente antes que virasse parede atrás de mim. Fui até a torre de comando e vi a proa do navio mergulhar na imensa onda, o mar tomar o convés em espuma, senti o navio praticamente parar, levantar a proa que saiu das águas e subir lentamente a onda até o mar a frente desaparecer, proa apontada para o céu carregado em inúmeros tons de cinzas. Lentamente o navio fez uma gangorra, a proa a descer, o mar a reaparecer furioso para enfrentarmos a próxima onda, e afundarmos nas espumas. E assim passamos quase todo dia entre sobe, desce, escorrega, para, espumas e muito vômito, todos vomitando. Quadrophenia! Repeti uma vez com raro prazer a loucura num veleiro. Sinto falta. Non sense? Não, vida! Não existe vida sem possibilidade de morrer.

Vez ou outra a cueca se faz lembrar, e como. Só não está mais desagradável porque, bom senso, tenho disciplina para não pensar nela. Os romeiros que caminham vão ficando para trás, cada vez mais. Seus suplícios estão nos pés, os gordos no rala-coxa. Sol a pino, bom senso, vou tomando aos poucos água. Mais 40 km segunda parada, café, pão de queijo, pipi. Os romeiros por aqui já estão capengas, alguns tratando as bolhas dos pés. Não quero pensar na cueca. Contrariando o que imaginava estou surpreendentemente inteiro, e está calor, sol a pino, mas final de tarde a cada momento fica mais fresco, melhor para o cansaço. O bom senso sempre recomendou sair bem cedo, mas saindo cedo na hora que o cansaço bate o sol está a pino torrando. Faz sentido?

Romaria, ter fé, acreditar, cumprir os mandamentos. Dependendo da leitura pode ser ou não ser um bom senso.
"Comporte-se (bem)!" creio que foi o que mais ouvi na vida ou o que mais ficou gravado. Não é exclusividade minha, muito pelo contrário, de uma forma ou de outra todos temos o seu "comporte-se bem", freio fortemente gravado na testa ou nuca, depende. 
Até que ponto faz sentido entrar na romaria da vida, caminhar na fé coletiva, mais que a individual? Sim, faz sentido, todo sentido, o coletivo, respeito, dever, unidos, fé no conjunto guiado por certos dogmas. Unidos venceremos, unidos vencemos, mas em que termos? E eu?

Chego quase ao final desta pedalada, já noite e praticamente sem romeiros na escuridão, só eu que a bem da verdade não sou romeiro, mas tenho fé, a minha fé. Estou lá para ver e me divertir e apagar os pecados de mim para mim mesmo. 
Não enxergo quase nada, a estrada se estreita, breu ponteado pelos faróis que passam. Tenho que chegar à passarela mais a frente e cruzá-la vivo de preferência. Faz sentido. Não tenho medo. Me sinto livre e isto me despreocupa de tudo mais. Vivo! Faz ou não faz sentido?

"Navegar é preciso; viver não é preciso..."


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Debate, embate ou telecatch?

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

A fórmula dos debates políticos que temos é um insulto à inteligência nacional? Pelo jeito não. Estes têm muita audiência, discussões, comentários e as mais diversas manifestações sobre o digladiar do "debate". Propostas, projetos, números, dados expostos em planilhas, não! Confronto direto entre personagens, suas falas, posturas, composturas. Mas, ao que serviram para nossas vidas e este Brasil? Melhor, a quem servem? Quem ganha? Sim, a pergunta mais pertinente é: quem ganha com a transmissão de debates no formato que temos hoje? O tempo vem mostrando que não é o futuro do Brasil, muito menos o de todos brasileiros. Candidatos são concorrentes ao serviço público, não a astros de telecatch ou a filmes de terrir para não chorar. Serviço? Público? O debate deveria remeter ou pertencer ao povo, à coletividade, ou seja, a nós, mas não, por algumas horas o show pertence a eles, ponto final. Se os ditos "debates" alcançaram seu objetivo é puro reflexo do que nos resta como brasileiros: insultar o próximo. Não acredito. Mesmo com as mais profundas diferenças é possível seguir em frente e construir juntos e em paz, basta saber pelo que e para que se trabalha e principalmente conter quem gosta de tocar fogo no circo. O que muitos sábios construíram em 8 anos um idiota destrói em 8 minutos, velho ditado certeiro, é o que se tira desta luta-livre. Faltam regras que proíbam a baixaria, a medíocre mesmice (de todas partes, inclusive dos que não debatem), o óbvio inútil, que obrigue a exporem com dados projetos e soluções viáveis, realistas, para servir ao povo deste país, destes estados. Estou delirando? Posso estar, mas repito a pergunta de vários milhões: quem realmente ganha com debates realizados neste formato que persiste? Para que servem? A quem servem? Ao Brasil e seus brasileiros que não é.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

85 km de romeiros e 4 tanques militares novos

Se São José dos Campos é uma cidade para lá de agradável, o trecho conurbado da Dutra que cruza a cidade é horroroso para pedestres e ciclistas. Simplesmente não há espaço que não seja destinado ao trânsito de automóveis, ônibus e caminhões. Como pedalei mais de uma vez nestes 10 km conurbado, nos dois sentidos e em horários diferentes, sei que há ciclistas pedalando, trabalhadores de baixa renda, que se viram como podem para sobreviver. Não faço ideia de como os romeiros cruzam este trecho, mas é no mínimo tenso.
Para sair rumo a Aparecida contornei São José por trás, mesmo assim tendo que pedalar em avenidas estreitas e bem pouco amigáveis para um ciclista comum. Caí na Dutra para lá da General Motors, onde já há acostamento.

Dutra, pedalando no meio da romaria e um bom vento de proa, n
unca vi tanta gente caminhando junta. Perguntei num dos inúmeros pontos de apoio se esta romaria não tinha mais gente do que a dos 300 anos e responderam que não, que esta é pós-Covid, que está mais concentrada por causa do dia da semana que caiu. O que quer que seja, eu pedalei junto com uma fila de 85 km de romeiros, uma loucura maravilhosa, e a bem da verdade um pouco perigosa para os ciclistas.

Fui numa tacada só do hotel até o pedágio de Aparecida, 70 km só parando rapidamente para pipi e reabastecimento de água com banana, e toca vento na cara. Pelo menos estava encoberto, mesmo assim foi pesado. No pedágio furou o pneu, um pouco antes tinha murchado por completo minhas forças. Queria completar os 85 km direto, mas a exaustão agradeceu aos céus eu ter que parar para fazer os dois remendos. 

Quando o frentista do posto de gasolina respondeu que só faltavam 14 km junto com a alegria a exaustão lá no fundo da consciência sussurrou "será que você aguenta?". Aguentei mais para lá que pra cá. Enfim a Basílica de Aparecida.

Acredito que esta foi a última romaria. Sempre adorei estas festas populares, mas por princípios vou mais para ver e participar que para rezar. Acredito que alguém lá em cima furou o pneu para fazer este maluco aqui parar, não fosse isto ele chegaria lá - numa ambulância. Para mim fé e religião são coisas bem diferentes. 
 
Detalhes: Tanques sobre caminhões passando pelos romeiros ou desfilando um dia antes de Aparecida? E no final da tarde o helicóptero presidencial ou Bolsonaro fazendo um sobrevoo na Dutra?

Voltando de ônibus para São José sentei ao lado de outro ciclista, Robson, abelha_bio, que foi para Aparecida pela estrada velha, 100 km, segundo ele divina, tranquila, imperdível. Ai que coceira.

Tinha a intenção de depois de Aparecida ir para Pindamonhangaba, dormir lá e subir para Campos do Jordão, mas a musculatura do velhinho num 'guenta. Fica para próxima.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Desastres previsíveis em áreas urbanas

Agora com as eleições a vida real está esquecida, abandonada até o fechar das urnas e seu resultado final.  Não tenham dúvida que as torrenciais chuvas tropicais que vem aí não estão nem aí para eleitos ou não, muito menos para a população. Vai chover, em algum momento vai chover baldes, ventar e ventar, e isto vai matar, desabrigar, levar sofrimento. 
Desastre natural? Não, é da natureza.
Prevenção, exagero ou fake news da oposição? Quem se importa?

Um gás até aqui indefinido causou pânico, intoxicou e matou habitantes na cidade de Pontal, interior de São Paulo. Pelo que foi noticiado ninguém sabe, incluindo órgãos de segurança, o que foi e de onde veio. Não foi noticiado qual é o resultado dos exames de sangue para descobrir qual foi o elemento químico responsável. 

Imaginei este texto quando saiu mais uma notícia sobre desastre, não me lembro se foi enchente ou desbarrancamento, ou qualquer outro drama social trivial relacionado às chuvas, melhor dizendo, a irresponsabilidade do uso do solo. Não estou apontando o dedo para a população de baixa renda que invade onde não devia, mas muito mais para os que permitem absurdos por omissão ou por interesses escusos. Não tinha me lembrado dos perigos de gases e outros poluentes.

Enchentes, desbarrancamentos, gases assassinos... Este é o país do "Antes de entrar neste elevador certifique-se que o mesmo se encontra neste andar", ou seja, o país onde os responsáveis sempre encontram um meio de tirar o deles da reta. Brumadinho? Ora Brumadinho...

O que podemos fazer, nós, os simples mortais?
Não deixar morrer as histórias. Se possível conversar indo um pouco além da curta notícia divulgada. 
Deixe uma tempestade de ideias novas se abater na sua cabeça. Ideias, ao contrário dos desastres naturais, não matam nem arrasam, salvam vidas, enriquecem, faz bem faz o bem.

Responsabilidades?
pessoas, indivíduos
coletivo, povo
coisa pública, poder público
leis
responsabilidade civil e criminal 

Por que aconteceram os escorregamentos?
pedra é segura por baixo ou como 
cobertura do morro
sistema hídrico - por onde correm as águas
% morros carecas que escorregaram
% morros invadidos que escorregaram 
diferença estabilidade contra escorregamento por tipo de cobertura vegetal 

Como corrigir?
tempo de recuperação
estabilização
custo 
técnicas de drenagem água subterrânea
condição de medição 
alguma tipo de barragem?

Técnicas de construção
problemas legais 
relacionamento com a comunidade para resolver 
terreno íngreme diferente de terreno instável
leitura da instabilidade - técnicas de avaliação

Propostas, projetos, caminhos para solução 
eleição de projetos ambientais
% projetos realizados 
% propostas / projetos aprovados 
teor das leis
porque não são aprovadas
conflitos legais - necessidade / realidade
leis obsoletas ou que atrapalham

Consciência coletiva,
vícios atávicos 
estudos acadêmicos 
ONGs
informação existente
conhecida
desconhecida
IBGE

Informação disponível,
mapas      
qualidade
data
específico hídrico
não específico
onde estão
como estão - em que condição física e de atualização
nível de acesso 
versão digital?
caso material não acessível qual razão
mapa aéreo fotografias 
satélite
drone
leitura em terra
topografia 

Como formar comunidade para monitorar?
experiências de bons resultados 
grupos ecológicos
ambientais
grupos / clubes de aventuras
ONGs
como aproveitar?

Quais foram e quais são os planejamentos lançados para recuperação da área e reconstrução casas?

Projetos recuperação, 
morros urbanos / rurais / mata
como foi resolvido em outros países

O que se deve controlar?  
% máximo de veículos circulando sobre via área de risco
escadarias
velocidade máxima de descida água 
/ inclinação
comunicação população área de risco
resultados alcançados 

Ferramentas geológicas
ontem 
hoje 
diferença nos mapas
grau precisão

Prevenção, socorro, ações,
tempo de reação socorro
o que tem a dizer? forma de comunicação
o que eles não tem ou podem dizer?
exemplos
fazer congresso ou já foi feito
experiências - banco de dados
o que se aprendeu
documentado ou não
onde está 
tempo de retirada do ônibus em Petrópolis

Aconteceu,
o que restou
alguma forma de aproveitamento da lama
entulho
tratamento ambiental - posto de gasolina, outros

Ver o desastre,
drones
pessoas locais vendo
técnicas de Israel - Brumadinho
técnicas de resgate vivos
mortos 
restos 
bichos 
leis

A história sempre como precisa referência,
memórias apagadas
experiências esquecidas 
desastre na ditadura - Rio, Carnaval


Não aguento ficar parado

Ontem fiz um teste importante para ver como está minha saúde física e mental: vim pedalando de São Paulo para São José dos Campos. Nova romaria para Aparecida? Bom, esta foi a alegação para não assustar a família, lorota convincente. Estou tendo um pós-Covid que não acaba, melhorou muito, mas ainda falta e não sei quanto, em parte pela insegurança, a incerteza que consiga voltar a fazer o que era capaz a dois anos, daí esta "romaria".

Confesso aqui que o plano inicial era fazer uma boa parte da estrada ainda de noite, um pouco mais além do trecho que é iluminado e termina em Guarulhos. Piração total. Inseguro, confesso que não fazia ideia de até onde conseguiria chegar e em que condição física iria parar. Minha cabeça pediu uma resposta: ou vai ou racha. Fui, para minha completa surpresa, e cheguei bem.

Saí depois do almoço, 12:45h, horário pouco recomendável, sol quente e calor, pedalando com raro cuidado. Primeira parada depois de 2 horas pedalando, segunda com quase mais duas horas, e para meu espanto consegui chegar a Jacareí ainda com um fim de luz do dia. Um pouquinho depois do pôr do sol já estava em São José dos Campos, muito melhor do que eu esperava. 
De quebra, muito feliz e curtindo tudo passei batido pela passarela onde deveria ter cruzado a Dutra o que me obrigou a pedalar uns 2 km na estrada, melhor, no acostamento, a noite, um velho desejo realizado, completamente imbecil diga-se de passagem. Para completar os imprevistos adolescentes quando cruzei a Dutra e peguei o caminho urbano para entrar em São José dos Campos as ruas não tinham iluminação, breu total. Ou seja, meus últimos 10km demoraram uns 45 minutos ou mais. 
Sem faltar mais nada, pizza que veio diferente da que pedi. Nada que um chope de brinde não tenha resolvido.

Sai de São Paulo com reserva só para o dia seguinte. Tudo lotado, congresso religioso. Pizza na boca, feliz da vida, já estava preparado para dormir... sei lá onde. Debaixo do viaduto? Uai, pode ser. Minha sorte sorriu e consegui hotel para dormir e tomar banho,  ah! bainho quentinho. Demorei para pegar no sono. Continuei viajando na Dutra lotada de romeiros, linda, linda. Nunca tinha visto tantos caminhando. Emocionante. Ciclistas? Só encontrei cinco, sendo uma menina que estava mais morta que ciclista.

Uns dias antes desta romaria fiz uma série de exames, incluindo tomografia de pulmão. Ainda está manchado, mas segundo meu médico, Bettarello, muito melhor que o que se via na tomo anterior. A sensação horrorosa de dor no peito já não acontece mais com a mesma intensidade e frequência. Pedalando pela Dutra a senti uma única vez muito suave, diminui o ritmo e voltei ao normal. Cheguei com a musculatura cansada, mas sem caimbras. 

Quando eu tinha uns 20 e poucos anos tive um apagão completo, uma pequena morte, que redirecionou minha vida. O pós Covid está tendo o mesmo efeito, mas com uma dimensão maior. As incertezas não são só minhas, mas da humanidade. 
Me joguei na estrada como um adolescente inconsequente, o que confesso foi maravilhoso, talvez uma saída deste beco.
Banho tomado, alimentado e me sentido em paz olhei pela janela do confortável quarto a mesma paisagem que sempre me acalmou, só que não desta vez. Ótimo, ser inconsequente e mais atirado pode dar respostas, mas com a mesma paisagem e as mesmas coisas. 
Cansei de ser acomodado.
Mas...

sábado, 8 de outubro de 2022

Tsunami de populismo

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Muito se fala no escândalo da Petrobrás, mas pouco se fala sobre o custo total por morto Covid, o que dependendo da forma como se faça o cálculo dá um outro roubo Petrobras para o Brasil. Temos praticamente 700.000 mortos por Covid no Brasil, sendo que especialistas e cientistas dizem que a má gestão do Governo Bolsonaro pode ser responsabilizada por algo em torno de 200.000 mortes. Segundo o site do Tribunal de Contas da União a "Pandemia já custou mais de 600 bilhões aos cofres federais". Neste cálculo possivelmente deve entrar (assim espero) custo estimado de investimento em formação / educação e perda de produtividade dos brasileiros mortos. Normalmente estes cálculos são feitos sem olhar para efeitos periféricos e ou colaterais, o que acaba diminuindo o tamanho do desastre. A diferença entre o roubo na Petrobras e possíveis cálculos sobre o custo Brasil dos 200.000 brasileiros mortos é que as planilhas e o balanço anual da Petrobrás estão estampados na cara de quem quiser ver, o que o não acontece com a vida dos indivíduos brasileiros perdidos em inúmeros dados difíceis de serem localizados, até porque não interessam a todos estes populistas que temos aí. É muito possível que o Brasil nesta última década tenha picado algo em torno de R$ 1.5 trilhões, ou mais, uma loucura. 
Qualquer que seja o resultado das eleições a situação do Brasil será ruim, muito ruim. Não precisa o Credit Suisse quebrar, não vai precisar a recessão em um terço do planeta em 2023 que o Banco Mundial está anunciando, não precisa de mais nada. O tsunami de populismo que vem varrendo o Brasil dá cabo de qualquer má notícia transformando-a em uma sub avaliação do desastre. Espero que para piorar ainda mais a situação não se vote por colocar as instituições em risco. Um pouco menos desvairados não nos fará mal.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Futuro problemático para o Brasil sem discutir a realidade.

A reclamação de Ciro Gomes nos debates políticos foi muito mais que pertinente. Apontar o dedo para o adversário só serve para encaminhar o Brasil para um beco sem saída. Sim, Ciro, o malvado, o maldito, um dos dois, junto com Tebete, que tentou levantar a discussão da situação do Brasil e apresentar propostas para governo com números, dados, estatísticas. Alguém quis ou quer pensar o Brasil?

Perguntei para uma amiga, lulista, petista ferrenha, como estava da ressaca das eleições (primeiro turno) e a resposta dela foi seca "Não estou de ressaca. Nós ganhamos". A resposta parece ser fato isolado, mas infelizmente não é, mostra o estado de ânimo que fez e continua fazendo desta eleição um momento crucial de nossa história. Não conseguiu entender que vamos ter um Congresso de direita, extra direita e populista religioso, que já demostrou ter posições nada amigáveis às mulheres e principalmente aos LGBT+, dentre outros esquecidos deste país. Casada com uma outra amiga, e gosto muito das duas, mesmo que se confirme a vitória de Lula no segundo turno terá tempos difíceis, pelo jeito bem difíceis, para não dizer desagradáveis. Já teve com um vizinho ultra bolsonarista. Imagine o que será a vida de milhões de brasileiros "diferentes"?

Aluísio Nunes, uma figura política experiente e sensata, acaba de dar uma entrevista na Rádio Eldorado e disse o óbvio: só se constrói um país, um futuro, o bom progresso, com as discussões entre a direita e esquerda para se chegar a um ponto comum, que sempre existe. Acho que com este futuro congresso será difícil que se venha a ter esta sensatez. 

O Brasil está inserido no planeta, acredite se quiser. Tem quem não acredite. Ingleses enganados por uma ideia maluca votaram no Brexit, deixaram para trás o famoso unidos venceremos e agora colocam a mão na testa. O planeta está globalizado e vai continuar globalizado para sempre em vários setores, em outros nem tanto. Apostar num nacionalismo feroz fazendo qualquer besteira não vai dar certo. Europa e Estados Unidos estão passando do aviso para ações para proteger a Amazônia, o exemplo mais claro do que tem que ser entendido imediatamente por nós ou a coisa aqui vai ficar muito feia. Falta de vacina e o Brasil se transformar em disseminador para o planeta de doenças extintas? Upa!

Pós pandemia, guerra na Ucrânia? Que tal o Credit Suisse, um dos bancos mais icônicos do sistema financeiro internacional com perigo de quebrar? Como assim? Pelo que li estava alavancado. O que é isto? Não bom, simples assim. Banco suíço alavancado? Algo tipo investir sobre o dinheiro investido que também veio de investimento. Upa! 

Eu não entendo nicas de economia e muito menos de macro economia, mas como cidadão macaco velho aprendi que se eles, o pessoal que administra nossas vidas, cometem erros básicos, primários, quem se ferra para valer somos nós; então é melhor prestar atenção nas marolas e muito mais ao recuo do mar antes do tsunami. 
Não duvidem, seguro mesmo é o arroz com feijão ou feijão com arroz, não importa como vai ao prato, se a direita ou esquerda, fato é que com o básico não tem erro, você estará alimentado. Então dará para arriscar nos complementos, experimentar novidades, um quiabo a milanesa (que eu adoro) por exemplo, não vai fazer sucesso.  Quem não gosta que fique no delicioso e nutritivo feijão com arroz e peça outro acompanhamento. Com básico ninguém passa fome.

Como é, vão apresentar projeto de governo agora no segundo turno? O que houve, cartas marcadas no primeiro para afastar quem não interessa?
Vi de dentro de um navio dois jangadeiros pescando a 55 milhas náuticas de distância da terra, isto aí, uns 100 km da terra. Para os jangadeiros sem problema, eles sabem navegar. Imaginem se na jangada estivesse alguém de extremo populismo dando ordens para o jangadeiro? Vai atirar o jangadeiro no mar por ser musculoso, estar bronzeado e sem camisa e rezar Pai nosso para  voltar para terra? Eu acho que não vai dar, só acho, mas há quem acredite que este é o único caminho. 
O Brasil não tem projeto nem rumo. 

Dois artigos que foram publicados no caderno Economia do Estadão apontam para um futuro bem problemático para o Brasil. Servem de esteio para uma verdade: vamos votar sem saber no que estamos votando? De novo? Mais uma vez? Vamos ouvir blá blá blá e aceitar? Onde estão os números? Onde está o projeto para o Brasil? Que Brasil temos hoje? Para onde queremos ir? Quais são as prioridades que temos que atacar? etc... Sem um alvo nosso voto será um tiro no escuro. 

O primeiro vem do The Economist e tem como título "A nova divisão econômica; Falta de vacina para países pobres alimenta temores de crescimento desigual e pânico nos mercados globais" e fala sobre a diferença de velocidade e amplitude de vacinação, e outros cuidados para conter o contágio da pandemia, e sua relação com o crescimento econômico de países. Foi publicado faz um bom tempo e na mosca! 

A pandemia nos mostrou o valor da informação. A desinformação causou uma barbaridade de mortes e miséria. Desinformação é uma pobreza - literalmente - que nos leva a degradação, a miséria, ao caos. 
Aliás, O Estadão publicou um longo artigo sobre uma pesquisa que não deixa dúvidas que voto errado é fruto da baixa qualidade da educação. Bingo! A prova está aí. 

O segundo, também no Economia, "Crise expõe falhas de modelo elétrico; Garantia de estrutura superestimada, que induz à contratação insuficiente de usinas, deixa o País mais vulnerável ao risco de apagões. O problema é que, no Brasil, a garantia física nem garante, nem é física". Título e sub título longos, mas de novo na mosca. Sem energia elétrica... não preciso dizer o resto.
Qual é o gasto energético per capita, por local e por setor econômico? Qual é o custo / benefício de ter disponibilidade segura de energia na construção de bens de capital com valor agregado? Qual é o comparativo de nosso uso de energia com países de primeiro mundo? Qual é nosso índice de desperdício e perda de energia, pergunta mais que pertinente quando se sabe o tamanho do problema que temos com a água potável. Qual é o share de uso de energia para sistemas de comunicação e inteligência artificial? Qual é o grau de estabilidade que nosso sistema tem por região? Quem, onde, como, porque, para que, para quem, quanto, quando, sob que números...?
A verdade é que não entendo porra nenhuma de energia elétrica, mas me interesso pelo Brasil e por conseguinte leio, procuro me informar. O que para mim é claro é que temos um custo Brasil insuportável causado por absoluta falta de informação, discussão, respostas e projeto. Fé em Deus definitivamente não é projeto de governo, está até nas palavras sagradas.

Depois destes dois artigos publicados lá atrás saíram inúmeros outros. Alarmismo?
Números de hoje podem ser voo de galinha, e tudo indica que serão. Cocó ou banania? 

Vamos votar neste para ir contra aquele? Nossa decisão será tão medíocre, simplória? 
Jabuticaba brasileira como foi a mudança no padrão das tomadas é tudo o que não podemos repetir.  
 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Ressaca dolorida da eleição

Muito duro o resultado das urnas, muito duro! Os perdedores precisam aprender com a derrota e os vencedores devem ter a altivez da boa vitória. Vai ser difícil, muito difícil, mas é a única saída. Do contrário "By by Brasil".
O ideal é que todos setores da sociedade estivessem representados, o que definitivamente não acontece. Colocar todos ovos numa única cesta nunca é recomendável, e estamos próximos disto.


Renata Falzoni teve 45.890 votos para Deputada Estadual, creio que contagem fechada. O fato é que não entrou, o que para mim não causa nenhuma surpresa. Vivo o meio da bicicleta faz mais de 40 anos e não tenho a mais remota dúvida que é um setor que não consegue se olhar como uma unidade nem nos pontos onde não há a mais remota possibilidade de discussão. Renata seria uma ferramenta poderosíssima para a bicicleta e os ciclistas, mas nem isto o pessoal consegue entender. "Ah, Renata está num partido de esquerda" ouvi, o que deve ter pesado, mas não creio que tenha sido "o" determinante. 
  • ciclistas estão divididos entre coxinhas (o apelido não foi dado por mim) e trabalhadores
  • eu coloco ainda a categoria coxinha "libelu" (Liberdade e Luta, anos 70), minoria ativa
  • e os ciclistas de fim de semana, que são muitos, nas áreas centrais a maioria
  • coxinhas e libelu pouco se conversam, libelu faz política,
  • trabalhador trabalha, pedala em horário que perante os outros o torna invisível
  • minha percepção é cada um no seu canto
  • o mercado da bicicleta vai bem porque as bicicletas caras vendem como água
  • quem paga uma barbaridade por uma bicicleta quer pedalar sem pensar ou para não pensar
  • "tem que ser (uma bicicleta com rodas) 29" diz muito sobre falta de cultura e cidadania
  • o setor da bicicleta é fragmentado em nichos e cada um olha para sua sobrevivência
  • o setor da bicicleta até hoje não entendeu o que deveria ser valor agregado e perenizar
  • ter aumentado muito o número de ciclistas nas ruas não significa ter cidadãos diferentes
  • há vários órgãos representativos do setor da bicicleta, até onde sei "não se misturam com politica"
  • boa parte dos trabalhadores de baixa renda querem mesmo uma moto
  • a qualidade das bicicletas nacionais baratas pode ser traduzido como "bicicleta é coisa de pobre"
  • as melhorias introduzidas, incluindo lazer, começaram ou estão em bairros "ricos"
  • muito do que temos hoje é a moda da bicicleta: bicicleta é legal, dá status
  • a maioria dos ciclistas, e incluo ciclo ativistas, não faz ideia do que é ou deveria ser uma cidade
  • ciclovias e ciclofaixas da forma como foram implantadas são conflitantes com os pedestres
  • o discurso do ativismo pode até ser correto, mas não conversa com a maioria dos cidadãos
Renata é muito conhecida, destas figuras públicas que se não lembram do nome de imediato quando se fala em bicicleta, ciclista e seu cabelo vermelho a lembrança é imediata com sorrisos de quem gosta, isto em praticamente todos grupos sociais. 
O setor da bicicleta não ter um representante no Legislativo resulta não só da posição política ou partido que está, mas é consequência de uma série de fatores que alguns expus acima. Não ter um representante eleito aponta para o não ter interesse em um representante dos ciclistas, da bicicleta e do setor, e aqui não falo sobre Renata especificamente. 

Boa parte do Brasil que foi votado agora é de um populismo baixo, medíocre, em boa parte perigoso, muito perigoso. Bicicleta? Bicicleta é de um refinamento civilizatório que nossa falta de cultura e suas consequentes brigas inúteis não conseguem captar. Aliás, não conseguimos captar nem o incêndio queimando nossos pés, o que se dirá dos sons, aromas e acontecimentos agradáveis que uma prática sadia nos dá ou pode trazer. 

Confesso que o final de tarde e noite de ontem, momento de contagem de votos desta eleição de 2022, foi um dos mais angustiantes de minha vida. Deprimente. Do fundo do coração espero que eu esteja errado, mas me faltam elementos para ter tal esperança.

domingo, 2 de outubro de 2022

E se Renata Falzoni não for eleita?

Eleição é uma caixa de surpresas. Quando não é uma caixa de pandora, mas isto é uma outra história.

O IBGE não pesquisa o número de bicicletas e ciclistas circulando no Brasil desde 1981 e não sabemos ao certo hoje quantos são, mas outras pesquisas ainda apontam a bicicleta como modo de transporte mais usado no Brasil. Há indicadores de diversas fontes que apontam bem mais de 30 milhões de ciclistas / dia pedalando neste Brasil, o que por si só já faz urgente que se tenha representantes no Legislativo e Congresso. Ninguém melhor que Renata Falzoni, sua história carimba esta posição. Renata vem de mais de 35 de ativismo de ponta, seja como empreendedora, jornalista ou articuladora, e seu incansável trabalho foi fundamental para a bicicleta ter alcançado o reconhecimento que hoje tem em todo Brasil, não só em São Paulo, sua base. Mesmo com toda popularidade que Renata tem só vamos saber se ela foi eleita para Deputada Estadual no final do dia ou amanhã.

Este texto ia subir depois das eleições, mas decidi colocar agora pela manhã das eleições. 
Faço parte de pequeno um grupo que vem a décadas lutando pela inclusão de ciclistas, pedestres e pessoas com necessidades especiais nos programas e ações de governo. Por isto ainda tenho esperança, mas mui provavelmente Mara Gabrilli não será eleita a Vice-Presidente do Brasil, o que é uma perda para todos brasileiros. Sempre repito que só o grupo de pessoas com necessidades especiais representa bem mais de 15% da população brasileira, ou seja, no mínimo 30 milhões de cidadãos praticamente invisíveis e esquecidos. 

Respeito! Meu voto será pelo respeito, o que não foi exatamente o forte deste pessoal que aí está. Respeito por todos, não só pelos seus. Aliás, espero que quem quer que entre tenha respeito por todos brasileiros, não só pelos seus, o que já aconteceu de montão. 
Tenho esperança, e aí vai meu voto, na esperança.

Conheço Renata Falzoni desde a mais tenra infância. Somos meio primos, velha paixão. Como já disse espero que ela entre, por ela e pela causa. E se não entrar?

Acompanhei a carreira política do Walter Feldmann, que infelizmente perdeu uma eleição quando não devia e, mais, definitivamente não merecia pelo seríssimo trabalho que fez em suas décadas como Deputado e Secretário de Governo. Meses depois de perder a eleição o encontrei na rua e fiquei impressionado com o brutal estrago sofrido pelo ser humano Walter Feldmann. 
Renata chegou muito muito perto de entrar em duas eleições para Câmera dos Vereadores de São Paulo, na segunda tentativa virou a segunda suplente e acabou Vereadora por um único mês. Renata está tentando ser eleita para Deputada Estadual porque ama o que faz, ama a bicicleta, a cidade, sonha com a construção de uma vida melhor para todos, principalmente porque obstinada. Por outro lado, é figura pública, daquelas que saem na rua e vira e mexe é parada para self ou uma palavra. Ser reconhecida, o mínimo para todo esforço.

Nossa opção foi por um setor da vida que é divertidíssimo, gera ótimas amizades, ótima qualidade de vida, mas é dificilíssimo, só sabe que está no meio. Vivo dizendo que "Sou muito louco, mas não sou dono de bicicletaria", "Sou muito muito louco, mas não o suficiente para trabalhar no setor de bicicletas". 
"O amor emburrece" repete com frequência minha querida prima Thereza Whitaker. Nós amamos a bicicleta. 

Qualquer que seja o resultado espero que a mulher, prima, mãe, filha, ativista, saia desta inteira, de preferência eleita, mas inteira.
Eleição só acaba quando termina.