Quando começou a obra e vi os tapumes sendo colocados a dois metros do meio fio fiquei pensando o que poderia sair de lá. Até pensei que poderia ser o alargamento da calçada, mas nem de longe foi a hipótese aventada mais provável. Gato escaldado desconfia até de garrafa pet. Quando começaram a cimentar o alargamento simplesmente não acreditei. Que felicidade!
Está feito. Depois de décadas os problemas de cruzamento de pedestres e ciclistas na Ponte Cidade Universitária estão praticamente resolvidos. Pelo menos o conflito entre pedestres e ciclistas deve terminar, bastará um mínimo de cortesia por parte dos ciclistas.
Falei décadas? Sim. Mesmo antes da construção da rampa de acesso para a ciclovia Capivara já passavam por lá ciclistas, estudantes da USP e muitos trabalhadores. O volume de cruzamento era alto tanto que chegaram a projetar uma ponte passarela em paralelo a atual que sairia de dentro da Cidade Universitária direto para a outra margem e a estação CPTM. Nunca saiu do papel por razões que, dizem, vão além da lógica racional e se encaixam na mais pura coisa boçal. Esta ponte acabaria com o perigoso cruzamento de pedestres que segue lá quase na entrada da USP, logo depois de uma curva fechada de acesso dos veículos para a marginal sentido Santo Amaro, durante muito tempo uma das provas cabais da displicência das autoridades. Displicência é de uma educação sem fim. Que seja. Já foi muitíssimo mais crítico.
Reginaldo me lembrou que houve um outro projeto, na época do PedalUSP, bons tempos. Seria uma passarela sobre este cruzamento no acesso, ligaria o interno da Cidade Universitária com a ponte, obra relativamente simples. Também não foi para frente. A história do porque o metro não passa por lá justifica a inteligência do não, discretamente reforçada pelo velódromo abandonado.
Bom, alargaram! Milagre! é o que me resta pensar. Faltam os acabamentos, mas com tal feito quem se preocupa?
Sou homem de fé, dependendo do desejo mais para uma esperança vã. Urge o alargamento da calçada que hoje é mais ciclovia na Ponte Cidade Jardim, mas se fizerem esta vou passar a acreditar em gnomos e que tais. Ali o conflito é absurdo nos fins de semana. Pedestres? Quem? Entre ciclistas. Baderna generalizada. Aliás a escadaria metálica permanentemente improvisada de acesso à ciclovia Pinheiros sentido Santo Amaro é um crime. Mínimo: alargamento e rampa; mínimo!
Esta situação se repete em várias pontes. Não posso deixar de citar (de novo) a ponte que liga Ermelino Matarazzo ao bairro de Cumbica em Guarulhos, um absurdo para trabalhadores, pedestres, ciclistas, veículos particulares e de transporte, talvez o símbolo máximo do descalabro que há muito vivemos.
Pelo menos o primeiro milagre aconteceu. Uau!
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