sábado, 30 de março de 2019

Justiça pré Internet: anacrônica e injusta

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Acabo de receber um Mandato de Citação sobre um processo de Usucapião onde estão citadas minha mãe, morta em 2004, com nome e sobrenome grafado errado, e uma tia também morta nesta época. Dos seis herdeiros das duas o único que aparece citado sou eu, o resto é desconhecido, mesmo que sejam facilmente encontrados na Internet.   
A Justiça não teve o cuidado de checar a razão social ou fazer pesquisa básica na Internet para encontrar o endereço e quem é o presidente da mega empresa multinacional Sky, aquela que veicula montes de propagandas com a Gisele Bündchen. Citaram duas vezes uma pequena empresa de administração de bens.
É fácil encontrar muitas páginas na Internet sobre Teresa D'Aprile, mesmo assim sofreu um transitado e julgado por não ter sido encontrada durante 10 anos, alegou a Justiça. No mesmo processo foram julgados e condenados o ex marido e o cunhado, este desembargador aposentado, ambos vivos e também não encontrados. Teresa D'Aprile deu sua primeira entrevista para a grande imprensa em 1993 na TV Cultura, em seguida foi matéria de Veja São Paulo e desde então não parou de aparecer em todas mídias. O processo relacionado a compra de um apartamento pelos sogros, mortos um antes e outro no início do processo, tramitou por mais de 30 anos. Neste meio tempo o advogado sumiu, o ex cunhado, desembargador, não acompanhou o processo, que foi transitado e julgado. Final da história, Teresa é a única que está pagando o pato.
A Justiça brasileira tarda e falha até por erros simplórios, inadmissíveis com as ferramentas que temos hoje. A Justiça não consegue sequer encontrar pessoas ou empresas que tem documentação farta na Internet, imagine com a população de baixa renda.  Sem uma simples busca na Internet Transitado e Julgado por desconhecimento de paradeiro é letra fácil, injusta e cheira a populismo. Linche-se! Caso resolvido. Que se superlotem as cadeias.

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