Mais uma vez o jornalismo divulga que São Paulo está aumentando os
quilômetros de ciclovias, vide "Ciclovias se espalham por mais de 158 km
da capital" de Priscila Mengue, O Estado de São Paulo; A12 | Metrópole |
segunda-feira, 15 de março de 2021. Sobre o assunto deixo algumas perguntas.
Nos locais onde estão sendo implantados os novos km foi realizada pesquisa O.D.
que justifique o gasto e a implantação? Como é a curva de aumento de ciclistas
circulando e por onde estão circulando? Qual é a influência dos entregadores de
aplicativos nesta contagem e no aumento de ciclistas nas ruas? Se há contagem,
estão incluídos nela os inúmeros trabalhadores de baixa renda que pedalam de
madrugada em horários que normalmente não aparecem em pesquisa de campo? Está
sendo realizada pesquisa O.D. específica ou ainda se usa o O.D. do metro? Qual
a metodologia e o critério usado nas pesquisas O.D.? Para que público,
incluindo nível social e econômico, está sendo direcionado estes novos km? O
gasto com novos km de ciclovias e ciclofaixas vem acompanhado de ação
relacionada a educação geral dos ciclistas? Há pesquisa confiável sobre
incidentes e acidentes nas ciclovias e ciclofaixas que balize os projetos dos
novos km para corrigir inúmeros erros do passado? Qual é o gasto com sinalização
vertical e semafórica e o que será feito? Nestes novos km o que se fará para
aumentar a segurança de pedestres? Como a SVMA a destruição e diminuição
sensível do verde de canteiros centrais e outros verdes para a implantação
de ciclovias? Está previsto alguma ação para resolver o problema nas pontes,
onde não há sequer espaço apropriado para pedestres? Está previsto algum gasto
para solucionar os acessos à Ciclovia Rio Pinheiros realizados pelas calçadas
das pontes Cidade Jardim e Cidade Universitária, esta com pesado fluxo de
pedestre por dar acesso estação Metro / CPTM? Alguém está controlando os custos
de implantação destes novos km, principalmente os de ciclofaixas? Por que
tantos km simplesmente ficam as moscas? Qual é o critério para implantar
ciclofaixas em locais que é sabido não circulam ciclistas? Por que não se fala
uma palavra sobre traffic calming onde é tecnicamente viável, mais barato e
mais seguro para pedestres, principalmente no interno de bairro? Por que
pedestres têm que ficar sempre em segundo plano?
Hoje se fala muito sobre a importância da ciência. Definitivamente a terra não é plana. Segurança no trânsito é uma ciência construída em cima de pesquisa, dados, detalhes, investigação, da busca dos fatos, da verdade. Bicicleta gera entusiasmo, gera esperança num futuro melhor, o que está correto; mas a segurança do ciclista só existe quando o entusiasmo dá lugar ao investigativo, a busca de detalhes que de fato constroem um futuro melhor e perene. Não é quantos km, mas é a qualidade do sistema e antes a qualidade da cidade e de todos cidadãos, ciclistas ou não.
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