O Estado de São Paulo
Mesmo antes da pandemia o culpado sempre foi "os governantes", em nenhuma hipótese a própria população, os iguais. O lixo jogado nas ruas é "o" melhor exemplo. Não me lembro de alguma vez ter ouvido gritaria e protestos da população contra absurdos cometidos por seus iguais, a própria população.
Nunca soube de caminhoneiro pedindo balança nas estradas para evitar que caminhões acima do peso arrebentem o asfalto e com isto sejam responsáveis pelo aumento do pedágio, estragos na suspensão, aumento de consumo de combustível.
Nunca soube de protesto de caminhoneiro contra caminhoneiros que mudam as especificações técnicas do caminhão tornando-os mais instáveis, diminuindo a capacidade de frenagem, tornando-os poluidores, diminuindo a visibilidade do motorista, tomando rebite, e com isso aumentando o número de acidentes que param as rodovias, o que diminui os ganhos de todos caminhoneiros. Nunca soube de um grupo de caminhoneiros pararem um caminhoneiro bêbado ou rebitado.
Nunca soube de motociclistas protestarem contra uma minoria de motociclistas completamente irresponsáveis que causam seguidos acidentes e param as cidades, exigem socorro especializado (chegamos a ter 70 por dia em São Paulo parando o trânsito), enchem hospitais, prejudicando muito outros acidentados e doentes de causas naturais.
Nunca vi ciclistas protestando contra a falta de educação de outros ciclistas, o pedalar com agressividade sem respeitar pedestres, contra os que atacam motoristas sem razão só porque são motoristas.
Nunca vi dono de bar por limite em cliente por conversa alta, falta de distanciamento, falta de uso de máscara, ou pedindo respeito aos seus próprios garçons.
Nunca ouvi um caso de reação da comunidade indo atrás, pegando e entregando para a justiça os responsáveis conhecidos e da própria comunidade por assaltos, roubos e depredações em escolas, serviços sociais, hospitais, depredação de transporte, entupir córrego com entulho ou qualquer outra barbaridade que prejudique enormemente a própria comunidade.
Nunca soube, nunca ouvi, nunca vi.
Semana passada vimos várias categorias fazendo protestos e parando São Paulo e outras localidades em nome de seus direitos exclusivos. Ter as UTIs lotadas não é problema deles. A morte de desconhecidos não é problema deles. Os sequelados não é problema deles. O custo Brasil, problema crônico muito anterior à pandemia e um dos mais altos do planeta, simplesmente não tem nada a ver com a responsabilidade individual e coletiva de cada uma das categorias que pararam São Paulo. “O que é meu ninguém tasca a mão!” e assunto encerrado.
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