quarta-feira, 15 de julho de 2020

Para melhorar as cidades brasileiras: favelas e cortiços

Covid 19 não foi o primeiro vírus que obrigou as cidades tomar medidas de contenção, e provavelmente não será o último. Pelo que se vê o ciclo entre pandemias está ficando cada vez mais curto. Se faz necessário tomar providências imediatas para minimizar os efeitos da próxima crise. 

A prioridade é controlar possíveis focos de contágio de qualquer pandemia, o que está gerando restrições a aglomerações, lugares mal ventilados e de baixa insolação, e evitar contato com elementos poluentes, nem dizer contato com esgoto. Favelas e cortiços se encaixam em todas definições do que deve ser evitado, ou seja, são focos potenciais.

Se nós, brasileiros, queremos ter um mínimo de controle sobre as pandemias urge que se intervenha nas favelas. As ações que tem sido apresentadas ou impostas pela pandemia falam sobre a vida na cidade oficial, ou economicamente desejada: bares, restaurantes, cafés, academias, transporte público... Não propor um plano realista e realizável para favelas é ampliar o distanciamento social e seus dramas, e aumentar mais ainda a pressão que já está para lá de alta. A cidade tem favelas, ponto indiscutível; algumas são verdadeiras cidades dentro das cidades. No conjunto de favelas e cortiços vivem um alto percentual de cidadãos, sobre isto também não há discussão. Se não for controlada a saúde desta massa de cidadãos não se controla a saúde pública de toda cidade, portanto de cada cidadão. Ou todos tem saúde ou ninguém tem certeza de sua saúde, disto não se escapa.

Urge ter mapeada todas favelas, não só suas ruas e vielas, mas cada casa, cada propriedade, cada cômodo, cada habitante, cada vida, cada comércio, cada detalhe; tudo. Sem conhecer é imprudente, para dizer o mínimo, pensar e mais ainda agir. Conhecendo o problema é necessário explicar, vender a ideia de uma mudança, de uma melhora, de um futuro, e iniciar conversas, acordos; respeitar, legitimar. É preciso saber como estão indo os projetos de melhorias já implantados, aproveitar os bons resultados, entender, repensar e corrigir os erros. Deve haver muita informação de qualidade sobre a vida nas favelas e sobre cada favela, não se deve estar partindo do zero o que é uma imensa vantagem.

O maior empecilho está nas leis e na justiça, em processos que se arrastam por décadas e nunca chegam a um fim. Temos que decidir: ou andamos para frente ou morremos de indecisão judicial. Ou o poder público em nome do bem comum age e resolve graves problemas urbanos ou os contágios nunca irão parar: o contágio da pobreza, da baixa educação, da violência, e das pandemias, sejam varíolas, tuberculose, difteria... e agora coronavírus Covid 19...  Qual será o próximo? Como estaremos preparados?

Não é um problema simples de resolver, não é barato, mas ou resolve ou resolve, ponto. Mais; não é pela pandemia que se tem que dar jeito neste gravíssimo problema, é pelo futuro de cada um de nós. É absolutamente impossível ficar imune, por mais que se viva numa fortaleza medieval.

Quem quer faz. O resto é balela.

2 comentários:

  1. Precisamos de administradores abnegados e com vontade de promover a mudança.

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  2. Precisamos que a sociedade civil entenda que a mudança é inclusive para o próprio bem dela. Um país mais justo será um pais muito melhor para todos. "Pense globalmente, aja localmente"
    abraço

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