"Genial nada! De uma demência impar!!!" comentário sábio de Thomas que estava gravando e assustou-se com o 'pequeno erro' que cometi.
Como tudo nesta vida o discreto tombo foi uma burrice cortada por "faca de dois legumes", o primeiro esportivo(?), se assim se pode chamar(?), o segundo simbólico e metafórico, relativo ao comportamento social.
A razão do tombo esportivo(?) explico no blog Escola de Bicicleta correio, mas o resumo da ópera bufa foi: IDIOTA!
Eu sei o que estou fazendo amaldiçoa nossa humanidade e o planeta, nem de longe é minha exclusividade. Pouquíssimos são os que sabem de fato o que estão fazendo. Menos ainda quando um ser humano vai fazer o que não é o trivial. Estamos na era dos super heróis, dos vencedores, dos que não podem falhar. Somos uma sociedade incutida de todos estes predicados e mais o "vai que vai dar certo". Será?
Mesmo no mais trivial vira e mexe cometemos erros básicos, risíveis, estúpidos ou qualquer outro adjetivo que se prefira incluir à besteira, burrice, idiotice... Você decide.
Por exemplo: outro dia coloquei óleo de soja diretamente no fogão. Como assim? Para que? Ora, para fritar a cebola e preparar o arroz. A panela estava à minha esquerda. Ora! por pouco! Pequena distração... (só rindo para não chorar). Felizmente estava com o fogo fechado. (Fogo fechado é ótimo, deve ser coisa de religião).
Começa no "você não me deixa falar", passa pelo "deixa que eu faço", e outras frases afirmativas que têm a ver com a obrigação de ser socialmente vencedor, ou não aceitar que não sabe o que está fazendo, ou não interessa o que o outro sabe... Resumo: quem não é vencedor é perdedor, dogma inquestionável de nossa civilização; ou será civilidade?
Estou tentando ajudar uma prima que está com Alzheimer. Tudo que pensava até entrar neste processo sobre os que tratam, acompanham ou os que não conseguem lidar com o doente simplesmente foi revisto ou caiu por terra, e a maioria das minhas (frágeis) verdades se provaram invalidas, algumas completamente estúpidas. Meu "é lógico que consigo..." está sendo um fardo além do que posso carregar.
Somos todos humanos.
Contribuo com um dinheirinho para a AAC, sempre me preocupei com o pessoal que tem necessidades especiais, mas só fui ter a dimensão correta do problema individual, familiar, social e coletivo quando nasceu o filho de um primo com Síndrome de Down; e olha que não fui afetado diretamente, só procurei saber como ia a situação. É uma destas realidades brutas da vida que desmancham, desintegram o "é lógico que consigo...", o conceito de vencedor, de super herói ou qualquer outra besteira.
Vivemos dentro do que nos é suportável, não da realidade.
Minha vida começou a mudar quando ouvi "Quem você pensa que é?". Desmoronou de vez quando vi a largada dos deficientes físicos na São Silvestre. Com eles entendi o correto sentido de "eu vou conseguir".
"Não toca em mim. Eu caí, eu me levanto só. Por favor me ensina a me levantar só. Não quero e não vou ficar dependente de ninguém" disse em voz alta e firme a recém paraplégica para os que a estavam ensinando a andar com as muletas que iriam acompanhá-la até que a morte os separe - literalmente.
Em Werneck, um vilarejo próximo a Paraíba do Sul, pequena cidade no Estado do Rio de Janeiro, conheci um mecânico de bicicletas que não tinha nada dos dois braços. Fazia tudo com os pés, tudo, inclusive montar uma roda do zero, o que para quem sabe como é sabe que com as duas mãos é trabalho para poucos. Ele é meu herói.
É lógico que consigo! É mesmo? Prove!
(Brasil país do futuro? É mesmo?)
"Não me interessa o que você está dizendo. Quero saber o que você vai fazer de fato". Palavras sábias.
Esta pandemia talvez tenha servido para boa parte da população entender que não sabe nada. Caso tenhamos aprendido esta lição temos boa possibilidade de construir um bom futuro.
"É lógico que consigo..." vale quando não há qualquer soberba envolvida, o que é difícil acontecer. Consegue quem sabe de fato, conhece seus limites, suas possibilidades e tem responsabilidade para realizar. É disto que precisamos.
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