terça-feira, 19 de maio de 2020

Ainda não afundou porque a turma do baldinho evitou

É incrível, mas ainda estamos na estaca zero de uma discussão mais ampla e direcionada sobre como agir numa situação de colapso como a que estamos vivendo. Na primeira versão escrevi "discussão sobre quais as possíveis saídas para o pós pandemia", mas não é isto, não é o pós, mas tudo. Percebi o erro de posicionamento enquanto ouvia as mesmices no rádio e revisava este texto. 

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Passados dois meses de parada forçada os brasileiros, principalmente os que comandam este país, seja no Poder Público, seja na sociedade civil, não conseguiram traçar um caminho minimamente prático, realista e convincente que dê pelo menos esperança à população. Ter discussões abertas, intensas e variadas sobre problemas, alternativas, soluções e saídas deve ser a regra, mas no meio de um naufrágio é necessário traçar o mais rápido possível um plano e ter uma única voz de comando clara, segura, ouvida e acatada por todos. Quando o capitão e seus comandados se perdem é prudente passar a ouvir a voz de quem tem experiência, sejam timoneiros, velhos marinheiros e sábios que não se veem normalmente no convés. Estamos no meio de um maremoto num "barco furado que não tem pão, onde todos brigam e ninguém tem razão". Salve-se quem puder. Pular fora é afogamento certo ou ficar ao prazer dos tubarões. A algazarra é geral enquanto um barco chamado Brasil vai fazendo a cada hora mais água e só não afundou ainda porque a turma do baldinho até agora evitou. Espero que um balde por vez chame outras mãos com outros baldes ou não teremos salvação. 
É deprimente ver autoridades competentes falando no vazio. Na histeria enlouquecida de alguns o caos está instalado, cada um faz o que sua medíocre verdade diz. Quando todos têm sua verdade não há verdade, não há coletividade. Salve-se quem puder; e que ninguém reclame dos corpos nas praias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário