segunda-feira, 25 de maio de 2020

Fazer o que?

"No que posso ajudar?" dá prazer de ouvir e falar.
Dá para fazer algo e ajudar nesta crise brutal. Sempre dá, em qualquer circunstância, a história ensina.
Mesmo sendo uma pessoa socialmente pouco hábil consegui, ajudei no passado. Agora não estou conseguindo e isto me doe, e muito.

Reli meus últimos textos e minha sensação foi dúbia. Fiquei ao mesmo tempo um tanto envergonhado e orgulhoso, pelo menos pela qualidade do texto, o que talvez não adiante muito neste momento, já não sei mais. Alguém tem uma resposta?

Envergonhado porque é fácil escrever críticas sobre o que os outros estão ou não fazendo. Duro é não ficar apontando o dedo acusatório para o próximo, vício meu, humano ou brasileiro? Olho no espelho e me sinto repetindo as minhas próprias palavras críticas acusatórias. Ou, pior, ficar esperneando como barata que em chão liso não consegue desvirar de sua carapuça. Não sou o único a ter estes sentimentos, acredito eu, mas talvez nem nisto deva acreditar.

Ajudar...
"Formar formadores de opinião", esta é a missão da Escola deBicicleta. Nos seus mais de 16 anos ajudou, forneceu uma base de informação sobre a bicicleta e as possibilidades de uso, sobre o ciclista e seu meio ambiente, questões legais, formas de agir, um pouco de história; um básico geral que só excluiu logística de distribuição e tributário, temas muito específicos.

A fórmula para construir o site, passar a informação e com isto tentar ajudar os outros foi a mais básica possível: colocar no papel, organizar, parar, revisar, editar e distribuir a informação. Mais ou menos assim: http://escoladebicicleta.com.br/bicicletauso.html .

Mesmo não sendo um site com números muito altos (faz uns bons anos tínhamos tido 7 milhões de entradas) cumpriu seu dever. Influenciou um bom punhado de eficientes atores e mesmo que alguns resultados não tenham sido como eu sonhava, no geral creio que tenha ajudado muito na melhora da qualidade do geral da vida do ciclista, das cidades, da relação com o poder público, e da bicicleta em si. Desde que foi colocado no ar em sua primeira e primária versão, ainda em texto Word creio que lá por volta de 2001, mesmo sem qualquer propaganda ou mídia social chamou atenção e fez diferença. Acabou decolando sozinho.

Uma das principais razões para o Escola de Bicicleta ter conseguido o resultado que conseguiu foi dar informação com o máximo de neutralidade possível. Nem patrocinadores foram aceitos.

Quem me conhece pessoalmente sabe que sou confuso, disperso, pulando da gozação para irritação com facilidade, tenho dificuldade de comunicação e principalmente de interação social. Muito diferente do sou quando escrevo, mas isto se deve às inúmeras revisões* que faço nos textos. Demoro até dias para finalizar. Mas fiz.

Se eu fiz qualquer um faz. Todos nós temos algum conhecimento ou vivência que pode ajudar muito nesta crise. A carência do Brasil é muitíssimo maior que imaginávamos antes da pandemia, em todos os sentidos. O que agregue qualidade é mais que bem vindo, urge.

Ajudar e coçar é só começar.

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