Duas matérias grandes do Estadão estão separadas por páginas e mais páginas, mas teriam tudo para ser uma só. Basta saber sobre o que realmente se trata.
"Metrópoles pelo mundo tem adotado medidas..." A qual brasileiro interessa o que o resto do mundo tem a dizer sobre suas experiências boas? Quando estivemos atentos a boas ações urbanas que deram bons resultados e resolveram problemas ditos crônicos que temos e que a cada dia se agravam?
"Violência urbana polariza busca por câmeras e blindagem" é o título da segunda matéria do Estadão que carimba "verdade" em cima do que escrevi no parágrafo anterior.
No passado, ao qual faço parte, várias gerações tentaram trazer para São Paulo, e outras cidades brasileiras, experiências internacionais com resultados altamente positivos. Quem os ouviu?
No caso de um pequeno grupo ao qual pertenci, a luta foi pela introdução do uso da bicicleta com instrumento de transformação urbana que beneficiasse a todos, não só ciclistas como foi feito. Os projetos de então levavam em consideração todo entorno, dos não ciclistas aos espaços de uso público fora linha de passagem dos ciclistas. Pretendíamos recurar córregos, várzeas, praças públicas, áreas de linha de transmissão de energia... Nos projetos estavam estabelecidos o antes, o durante e o depois das mudanças em respeito aos envolvidos direta ou indiretamente no projeto e à população local. Diálogo. É sobre a cidade, é sobre a vida de todos.
Foram feitos 400 km de ciclovias e ciclofaixas sob o aplauso de uma nova geração que desconhecia e estava pouco interessada no que foi trabalhado no passado.
Dane se o que o outro pensa. Eu quero o meu e ponto final, esta é uma das principais razões que facilitam a entrada e o estabelecimento da violência.
O que se propõe mundo a fora é que a cidade seja um local coletivo para todos vivenciarem. É sobre isto a matéria do Estadão. A bem da verdade, é sobre isto as duas matérias do Estadão, aparentemente tão desconectas e tão uma coisa só.
Sobre violência, a experiência da humanidade não deixa dúvidas: só quando estivermos unidos venceremos. Encontrar soluções individuais ou para um grupo específico é tiro certo no pé.
Qualquer ação que segregue em nome da segurança só impulsiona e fortalece a violência.
Passamos muito da hora de pelo menos olhar experiências que deram certo.
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