terça-feira, 11 de junho de 2024

Alugar um carro e conhecer terras novas

Podem falar o que quiser do automóvel, mas uma coisa ninguém pode negar: em inúmeras condições ele oferece uma liberdade quase única. Viajar pelo interior de onde quer que se esteja, com tempo contado, muito melhor se for dirigindo. Adoraria fazer o que fiz dirigindo pedalando uma bicicleta, mas infelizmente uma série de obrigações não me permitiram ou permitem. É a vida. Agradeço muito aos automóveis que aluguei pela vida. 

Tive meu próprio carro, mas usava tão pouco que vivia quebrando. O fim do último, um Fiat Pálio herdado de meu irmão, sofreu um P.T. estacionado. Depois disto só aluguei. Muito mais barato, muito mais prático, e de certa forma muito mais divertido. A maioria das vezes aluguei para ir para o interior visitar parentes, não raro com custo mais baixo do que se tivesse ido em ônibus. O cálculo leva em consideração tempo perdido, quantos viajam, o que carregava, distância... É um cálculo simples de fazer.

Viajar para fora e ter a oportunidade de conhecer o interior de outros países é uma experiência maravilhosa. Recomendo a todos. De automóvel se tem autonomia, se pode mudar o planejado, parar onde quiser...
 
Na Europa alugar um carro pode ou não valer a pena. Eles têm um sistema de trens que funciona muito bem. Nunca peguei ônibus na Europa, mas sei que são excelentes. De qualquer forma precisa fazer um cálculo de custo, tempo, e outras variantes mais para decidir. Lembre-se que não maioria dos centros históricos das cidades carro não entra. Mais, em vários países é muito fácil conseguir uma bicicleta para se mover dentro da cidade.
  
Estados Unidos é outra história. Tudo empurra para o uso do automóvel. Ou se for muito distante, para o avião. Alugar acaba sendo praticamente a única opção. Desta vez eu queria repetir uma viagem que fiz de trem, mas acabei descobrindo que não dá mais para fazer o mesmo trajeto completo e que a qualidade das viagens em trem piorou muito. Então, mudança de planos. Pena. Aluguel de carro.

Locadora de automóvel é o que não falta nos Estados Unidos. Opções também não. Uma vez, em Miami, 2015, aluguei um direto na loja do aeroporto. Quando perguntei o que tinham disponível, a atendente colocou sobre o balcão um livro imenso para que eu escolhesse. Dentro do meu orçamento tinham umas vinte ou mais opções. Perguntei se tinham um híbrido e me deram um Ford C30 Max, que adorei.
Depois de uma boa caminhada no imenso estacionamento, entrei no carro e fiquei como um imbecil me perguntando porque não ligava. Demorou para cair a ficha: estava ligado, não faz barulho, é só engatar a marcha e sair suavemente. Rindo fui embora. Foi uma experiência maravilhosa em Miami e  pelo interior da Florida. 
Nesta viagem aprendi que em estrada americana tem saída pela direita e também pela esquerda. Perdeu a saída... vai ter que rodar um montão.

Nunca saia da locadora sem entender bem como funciona o carro. Certa vez, em Montreal, quase bati de frente porque estava procurando algo nos controles do carro. Foi apavorante. 
Fora do Brasil não tem frentista em posto de combustível. Você é quem desce do carro e faz tudo. Em geral você coloca o cartão de crédito na bomba, digita a senha, tira o cartão e enche. Não se preocupe porque o cobrado será o correto. Ou vai dentro da loja e paga o que quer, tipo US$ 20,00 ou qualquer outro valor, dinheiro ou cartão. O cuidado que se deve ter é na Europa onde há a opção de gasolina ou diesel. A maioria dos carros que aluguei lá foi diesel. Colocou gasolina... vai complicar para valer. 
Entenda: fora do Brasil você tem direitos e deveres. Diferente daqui, errou pagou, líquido e certo. Eles vão para frente porque sequer fazem ideia do que significa a palavra "jeitinho". Aliás, tentar um jeitinho pode facilmente acabar num tribunal e no cumprir uma pena ou pagar pesada multa. Nunca dê uma de bobo, não seja idiota.

Na França aluguei um Peugeot 3008. Entrei no carro e não consegui me entender com o painel todo digitalizado. Tive que chamar ajuda para conseguir abrir o mapa. Boa parte das funções disponíveis e que ajudariam na viagem nunca entendi como funcionavam. Quando entreguei o carro no fim da viagem perguntei ao garoto que recebeu como desligava o rádio. Ele não fazia ideia.

Tome cuidado onde entra com o carro, em especial se for em terras italianas. A locadora de Florença está dentro da área do centro histórico, onde só podem circular automóveis com autorização. Quando voltei para entregar o carro, coloquei no mapa, que deu a rota para o outro lado do rio, na área de restrição, atrás da estação ferroviária, mas longe do famoso centrinho histórico. Óbvio que um tempo depois recebi uma multa por circular em área proibida. Uai? Então onde entregava o carro?

Numa outra viagem, para a linda Bologna, escolhi um hotel fora da área de restrição exatamente para não repetir o problema de Florença. Um tempo depois recebi uma multa aqui no Brasil. Eu não poderia ter circulado na rua onde está a única entrada do estacionamento do hotel onde fiquei. Como? Tentei recurso, mas nada, tive que pagar.

Então, muita atenção onde circula na Itália. 
Lembrei de outra: nas estradas do sul da Itália as placas indicando as cidades ficam em cima da saída. Não tem sinalização uns quilómetros antes avisando onde tem que sair. É uma piração. Sem mapa no painel é perder se não certa.
Itália é uma delícia, maravilhosa, mas tomar ou não multa é mais que prestar atenção, é uma questão de sorte.

Nesta última viagem.
Para os 10 dias viajando entre NY e Atlanta o aluguel de um carro "pequeno" em NYC sairia US 3.000,00. Voltei para o hotel e procurei opções assustado por não ter alugado com antecedência, o que normalmente faço. Um pequeno imprevisto, o tornado que atingiu Houston, me obrigou a uma mudança de planos de última hora. O outro detalhe complicador é que era um dos principais feriados americanos. Pela internet vi o que tinha disponível por perto. Acabei pegando um taxi e indo para Carteret, New Jersey, do outro lado do rio Hudson, simpaticíssima, e lá aluguei o mesmo carro "pequeno" ofertado em NYC por US 1.700,00. O carro pequeno, no caso, foi um Toyota Corolla Cross idêntico ao que temos aqui no Brasil. Carro menor que este eles não costumam ter, nem sabem bem o que é. A bem da verdade, pelo movimento nas estradas, é melhor estar num pequeno SUV que aqui no Brasil é carro grande.

O prata a direita
Novo contratempo em Atlanta, a ruptura de uma adutora que deixou o centro sem água, e tive que alugar um outro "carro pequeno", nova SUV, desta vez um Daihatsu XC60, do mesmo tamanho do Toyota, e uma delícia. Como sempre e é comum, todos os comandos de painel, e alguns do carro também, eram completamente diferentes do que conheço. Tive que pedir ajuda para conseguir colocar o mapa para funcionar na tela do carro. E até o fim da viagem fui aprendendo detalhes de funcionamento do carro. É muita eletrônica embarcada, é muita confusão.

Agora, que eu prefiro ir de ônibus ou trem, isto prefiro. O carro ganha porque você faz uma viagem deliciosa na estrada, mas quando você desce do ônibus... Aqui no Brasil, assim como nos Estados Unidos, o transporte coletivo urbano é bem precatório. Na Europa não, tudo funciona de ponta a ponta.

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