As notícias que o Velib, sistema de bicicletas públicas de Paris, passaria a estar a disposição do público estavam estampadas em todos os jornais já fazia um tempo gerando grande expectativa no público. No final de uma tarde de pedal, ao lado do Cemitério de Montparnasse, dei de cara com uma apresentação oficial da novidade nos transportes. Uma pequena estação de bicicletas, algumas Velib zero km, lindinhas, uma menina sem uniforme com folhetos na mão, um punhado de cidadãos olhando curiosos e ouvindo, uma bicicleta solta da estação que aliás nem perguntei se poderia dar uma voltinha.
Velib não foi primeiro sistema de bicicletas coletivos, mas sem dúvida foi o que chutou o pau da barraca e vendeu a ideia para o mundo, afinal Paris é Paris, definitivamente não é uma cidade qualquer. Nascia ali uma revolução não só nos transportes, mas nas mobilidades e no pensar o uso do espaço das vias e porque não dizer dos espaços públicos. Nada disto era novidade, tudo já havia sido tentado, aplicado e dado certo ou não em outras cidades, mas, de novo, Paris é Paris e implementar um sistema destes na Cidade Luz é avisar ao mundo o caminho a seguir - isto se desse certo, e deu certo, como deu!
Não foi em 2007 que experimentei a novidade. Só 2012 fiz a inscrição e saí usando as bicicletas Velib que se espalhavam por toda Paris, muitas delas já bem surradas. Fim de semana ou chegava cedo numa estação ou corria o sério risco de ficar a pé. Durante a semana era comum vê-las sendo transportadas em carretas de um lado para outro da cidade. Não demorei para entender que para o sistema de bicicletas prestar o serviço que a cidade de Paris necessitava era necessário carregar as estações segundo a demanda, numa logística muito mais complexa que podia imaginar. Todas Velib são rastreadas e com isto a municipalidade aprendeu muito sobre as mobilidades realizadas fora dos automóveis, ônibus e metrô. Mais, foi criado um banco de dados completo cruzando as movimentações com os dados pessoais do usuário que ao retirar a bicicleta encosta seu cartão Velib na estação. Bingo! Paris e todas outras cidades que implantaram sistemas de mobilidades públicas não motorizados, bicicletas e patinetes principalmente, se descobriram.
Só é possível organizar para valer uma cidade entendo como vivem os cidadãos que fazem uso dela. O serviço que as bicicletas públicas prestaram aos administradores sérios e inteligentes foi inestimável. Não é errado dizer que a cidade vive um antes e depois desta experiência.
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