O trem transformou e muito a vida das pessoas, algo que só pode ser comparado com o que está acontecendo agora a internet. Os une a velocidade e uma nova compreensão de tempo.
Nos seus primórdios o trem teve que abrir caminho por propriedades rurais e cidades, criando conflitos de interesses e prejudicando muita gente, principalmente nas cidades. Fazendas, bairros e comunidades foram cortados ao meio para a passagem dos trilhos e quem estivesse no caminho simplesmente perdia sua casa ou terreno, ou, pior, era despejado sem receber um centavo. Era a regra daqueles tempos.
Muitos ficaram assustados com aqueles monstros soltando fumaça correndo a espantosos 40 km/h exatamente como muitos ainda tem dificuldades de fazer "mágicas" com seus smart phones. De trens correndo a velocidade de uma internet por linha de telefone fixo em pouco tempo alcançavam 100 km/h, 120 km/h, 180 km/h, isto ainda no tempo das maria fumaças.
A partir de meados do século XIX o trem fez uma revolução de costumes e conhecimentos inimagináveis até então. A distribuição de bens de consumo e produtos inéditos da revolução industrial iniciada décadas antes foi muito facilitada. Viajar com conforto e rapidez permitiu para um número muito maior da população olhar, viver, conhecer, e ter, possibilitando uma troca de conhecimentos e culturas, até degustar o que até então era possível para bem poucos. Mercadorias desconhecidas tornaram-se disponíveis para venda com um preço muito mais acessível ampliando seu público consumidor. Bom exemplo foram os frutos de mar, sabores desconhecidos no interior da Inglaterra e de todos países que construíram ferrovias. Tudo isto fez uma enorme diferença no olhar, pensar, viver, organizar e no transformar a cidade.
Hoje a internet une interesses de todos tipos, incluindo os mais estranhos e daninhos. E como o trem daqueles primórdios as redes sociais têm uma impressionante capacidade de aproximar ou afastar pessoas, de endeusar ou discriminar, de construir nomes ou arruinar vidas sem consequências.
Foi com o trem que a comunicação por correio explodiu, passou a ser muito mais rápida e segura. Foi por causa do trem que surge o telégrafo e sua comunicação a longa distância imediata. Mais tarde, aproveitando os mesmos postes de linha de telégrafo surge a possibilidade de ligações de longa distância por telefone.
Quanto mais próximo do centro da cidade o trem chegasse melhor. Com isto nas grandes cidades foram construídas várias estações ferroviárias, norte, sul, leste, oeste, por exemplo, ou no sentido do destino com mais movimento, com linhas de transporte de carga, principalmente, e de pessoas. No entorno da estação ou das estações, conforme o porte da cidade, a riqueza cresceu rapidamente, novos negócios floresceram trazendo para a sociedade novos ricos e com eles transformações culturais.
Trens de diferentes usos e velocidades circulam na mesma linha o que obrigou os operadores a criação de uma padronização e um sistema de precisão e qualidade inédito. Depois de um início cheio de acidentes foi criada toda uma metodologia, uma logística, sendo o primeiro sistema de alta qualidade, moderno, refinado, no qual hoje se baseia não só os transportes, mas serve como base a praticamente tudo o que se refere a qualidade de vida. Até muito recentemente o padrão de largura dos ônibus, caminhões, consequência do padrão de vias, túneis e pontes, foi baseado no padrão de trens, que por sua vez era baseado no padrão de cavalos e carroças.
metrô Londres |
Houve uma corrida tecnológica entre países para o desenvolvimento dos trens e de seus sistemas. O aumento da velocidade é o ponto mais fácil de entender. Por incrível que pareça um trem movido a vapor passou de 180 km/h, o que parece nada comparado aos trens bala de hoje quando alguns ultrapassam os 400 km/h.
Estação Central Milão |
A grande diferença que temos hoje é a velocidade, instantânea, com que se espalha informação. Infelizmente mesmo com esta incrível possibilidade não olhamos para o passado para aprender com os erros e acertos passados. Continuamos os mesmos humanos.
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