quinta-feira, 23 de junho de 2022

IBGE olha com detalhe as cidades: só agora?

Equipes do IBGE começam pesquisa urbanística para preparação do Censo 2022
Nesta segunda (20), mais de 22 mil agentes iniciaram estudo para mapear a geografia e a infraestrutura dos municípios brasileiros.
“Essas informações vão mostrar como é a qualidade de vida dos brasileiros no ambiente urbano, qual é a característica do local onde as pessoas vivem e onde tem carências e onde tem abundância de serviços públicos”,

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

A notícia de que o IBGE vai iniciar estudo para mapear a geografia e a infraestrutura dos municípios brasileiros é por um lado muito bem vinda mesmo sendo algo que deveria ter sido levantado a décadas. É possível afirmar que a maioria dos brasileiros não sabe o que é ou o que pode ser uma cidade. Mesmo as mais limpas e organizadas apresentam problemas estruturais que deveriam ter sido superados a pelo menos um século, literalmente. O mais gritante é a falta de saneamento básico, invisível, tanto na coleta e tratamento de esgoto quanto no destino final correto do lixo e entulho que ainda hoje é lixo varrido para debaixo do tapete. Reciclagem? Construiu-se onde não poderia ter sido construído por ser área de risco, de preservação de meio ambiente ou mesmo terreno público onde deveria estar uma praça. Impermeabilizou-se muito além da lógica que nossa natureza tropical permite. Faltam parques, áreas verdes, árvores, sim árvores para sombreamento. É comum encontrar cidades com clima tórrido praticamente sem a sombra de árvores, o que é muito mais que um contrassenso; aponta tanto para erro cultural crasso que custa muito aos cofres da saúde pública, isto para não dizer dos problemas de qualidade e produtividade do trabalho, relacionamento familiar e educação dos filhos. O levantamento que será realizado pelo IBGE se dará pelo que os olhos dos pesquisadores vêem, o que sem dúvida é de grande valia, mas muito das distorções de nossas cidades está no invisível. É do convívio cordial e sadio entre cidadãos que se constrói a democracia e portanto um país. Uma das funções da cidade é justamente ser indutora de convívios cordiais e sadios. Infelizmente mais uma vez se aproxima uma eleição majoritária sem que se coloque em pauta a cidade que precisamos, o berço da democracia. A bem da verdade não se discute nada, não se propõe nada. Levantar questões pontuais desconectadas do todo, da cidade e de sua vida, é continuar incorrendo no erro que está matando o país e fomentando populismos tão valiosos quanto a reforma da fonte da praça da matriz. 

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