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O Estado de São Paulo
Brasil está estarrecido com o ataque de um jovem a uma creche que resultou em três crianças pequenas e duas professoras brutalmente mortas. Não resta dúvida sobre a culpa do rapaz, mas como disse um delegado com sabedoria "É preciso entender as razões". Só é possível evitar futuros atos insanos como este se forem descobertas e compreendidas as razões que levaram ao trágico desfecho, do contrário barbárie como esta provavelmente se repetirá. As razões para o Brasil ter hoje mais de 410 mil vítimas estão muito em parte no passado de Bolsonaro, aquele que a negou, chamou de gripezinha, coisa de maricas, disse deixa de mi mi mi, não sou coveiro, respondendo ao jornalista "vontade de encher tua boca com porrada, tá?". O nada abonador passado Bolsonaro e de quem no passado não lhe impôs limites se apresenta hoje nos números assustadoramente crescentes de mortos pela Covid19 que parecem não estarrecer mais o Brasil. Ontem, algumas horas após a chacina na escolinha de Santa Catarina, veio a notícia da morte por Covid19 do brilhante comediante Paulo Gustavo, entristecendo a multidão e gerando inúmeras manifestações e reações. O personagem mais marcante de Paulo Gustavo foi Dona Ermínia, uma mulher sem papas na língua, com reações fortes e nada recomendáveis. Só se constrói um bom personagem de comédia tendo como base os vícios atávicos da sociedade ou a piada cai no vazio. Dona Ermínia, um fenômeno de bilheteria, fez o Brasil gargalhar por que é espelho. Bolsonaro, Presidente destemperado, avesso à formalidades do cargo, grotesco, é aplaudido em suas grosserias, é uma espécie de Dona Ermínia da vida real, bem real. O Brasil votou nele, um espelho de nosso momento. Paulo Gustavo mais que vítima da Covid19 foi vítima de nossa pandêmica falta de civilidade, nossa falta de educação e respeito coletivo. Dona Ermínia que o diga. Bolsonaro confirma. Urge entender as razões.
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