A cidade do automóvel não é novidade, não nasceu com a indústria automobilística. A saber, largura de vias e túneis foram padronizadas tendo como base a dimensão própria para uma carroça puxada a cavalo. Se fizessem uma pesquisa sobre modo de transporte antes de 1850, o início do fim da era dos cavalos, provavelmente todos diriam que prefeririam ir numa carroça ou num cavalo, nesta ordem, do que seguir caminhando, portanto, a padronização de tudo sob o ponto de vista da carroça era muito mais que aceitável.
A padronização equestre do espaço das vias, portanto das cidades e seus espaços, continuou a mesma na construção de ferrovias, depois para os automóveis. No início das ferrovias a bitola, distância entre trilhos, variava para proteger interesses particulares de cada companhia. Com o tempo esta disputa entre companhias provou-se um contrassenso econômico e estratégico e tudo foi padronizado. Interessante é que esta padronização acontece mais ou menos em conjunto com o início da padronização de produtos industrializados, em especial no setor das bicicletas com o surgimento da bicicleta de segurança, com suas duas rodas com diâmetro igual e ciclista sentado entre elas, o mesmo que temos desde aproximadamente 1890 até hoje. A uniformização da bitola aumentou a malha ferroviária para o público gerando comodidades porque não era necessário fazer baldeações, assim como a padronização das rodas reduziu drasticamente o preço das bicicletas tornando-as populares. Mais, o processo industrial das bicicletas levou a padronização e popularização dos automóveis.
Espaço público já foi dimensionado para pedestres, burros, cavalos, carroças, tropas militares, até que entrou no páreo e venceu disparado e sem freios o automóvel. O estrondoso sucesso do Ford T, o primeiro automóvel popular, deve-se a sua incrível capacidade em circular nos mesmos caminhos de cavalos e carroças, por mais precários que fossem. Não demorou para ser a prioridade com apoio unânime de capitalistas, democratas, comunistas, religiosos fanáticos e todo zoológico. "Caminhar é coisa de pobre", posicionamento social dito e repetido a torta e direita nestas exatas palavras por gerações. O espaço público passaria a ser o espaço do automóvel, e a cidade do automóvel está consolidada.
E então veio a pandemia para reforçar as mudanças necessárias. Será o fim da cidade do automóvel? Tenho minhas dúvidas. Melhor, tenho certeza que não. Temos que adaptar os espaços públicos e privados para a nova realidade, com ou sem pandemia. Adaptar; foi assim no passado muito distante e assim será. Neste cenário vai ganhar e muito quem agir rapidamente e com inteligência. Infelizmente nós, brasileiros, definitivamente não primamos pela eficiência, ou seja, nem rápidos, nem...
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