As histórias que já ouvi que envolvem a Zona Franca de Manaus são bem tristes, para dizer o mínimo.
No meio da fábrica de São Paulo um lote de quadros de bicicletas só ponteados, ou seja sem as soldas terminadas. Todas amontoadas num imenso container iriam para ZF onde terminariam o trabalho de solda (o ponteamento servia para manter o alinhamento) e seriam devolvidas para São Paulo onde receberiam pintura e seriam montadas. Por que toda esta viagem? Benefício fiscal. O fato aconteceu faz algumas décadas, mas é bem simbólico.
Todos nossos grandes fabricantes de bicicletas fecharam suas fábricas, as fabricas de verdade, e foram parar na ZF. Se não for assim não sobrevivem, segundo quem conhece. Como assim? A maioria das bicicletas que são vendidas no nosso mercado são importadas e montadas na ZF, recebem meia dúzia de peças nacionais o que lhes dá o direito do "Made in Brasil", e um descontão bem legal, nos dois sentidos. Lembrando que o Brasil foi por um bom tempo o terceiro fabricante de bicicletas do mundo. Nosso parque não foi desmontado só pela entrada das importadas, mas pela baderna geral e pelo cagar e andar com a qualidade. Não peço desculpas pelo caga e andar porque foi a mais pura verdade quando se tratava de qualidade do nosso setor de bicicletas, com raríssimas exceções. Lucro vinha de detalhes tipo ZF. Não entendo nada de contábil e menos ainda de marmelada. Marmelo é uma delícia, mas a marmelada que nos vendem sequer é marmelada pura, vai um chuchuzinho no meio.
É com tudo, não só bicicletas. O Celso Ming sabe das coisas e escreve no Estadão de 18 de setembro de 2020 - A Zona Franca de Manaus sob novo questionamento - com detalhes que eu não fazia ideia. Eu, ignorante, por todas histórias que ouvi torço e falo pelo fim da Zona Franca de Manaus faz muito. Ou se coloca ordem fiscal no Brasil ou apaga a última luz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário