quinta-feira, 23 de abril de 2020

Unir todas elites e parar de dar ouvidos a uns poucos

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

No Brasil é muito difícil conseguir união para sair desta brutal crise, a bem da verdade de qualquer uma. Não é discurso de esquerda, mas pura realidade historicamente patente em números que temos uma pequena e muito rica elite, alguma classe média e uma imensa maioria de pobres. Desde a organização da humanidade em tribos sempre houveram lideres que acabaram formando as elites. Hoje mesmo os mais pobres têm uma melhora na qualidade de vida impensável faz pouco mais de 100 anos que foram criadas e implantadas por elites; portanto elite não é o problema, mas sua forma de ação sim. A reclamação da população de baixa renda que seus problemas e dramas não afetam a elite brasileira é triste verdade, mas parcial. Condiz com a morosidade e privilégios de todos poderes públicos, estes sim a elite da elite brasileira, mas generaliza erroneamente o conceito "elite" quando critica indiscriminadamente a sociedade civil. "elite: o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social" define o dicionário, portanto dentro das comunidades também há elites, umas boas, produtivas e outras não. É óbvio que os gravíssimos problemas causados pelo Covid 19 não terminarão com o fim do isolamento, assim como é óbvio que não encontraremos saída enquanto não houver união de todos, principalmente das boas elites, as que sempre estiveram preocupadas com o Brasil, todo Brasil, todos brasileiros. É hora de olhar a essência e deixar passar detalhes. Ter desarticuladas as boas elites interessa e muito a uns poucos. Passamos e muito do ponto de deixar de só dar atenção a certas elites tão prejudiciais, inclusive para as elites brasileiras de boa fé. 


Num Brasil que sempre foi tão desigual é conveniente apontar o dedo para um inimigo único, no caso a elite, mas a pandemia está deixando claro com divisões e conflitos que existem elites de todos tipos, algumas claramente sem qualquer noção de civilidade ou no respeito pela verdadeira coletividade e cidadania. Há as que se arvoram o direito inalienável de impor o que pregam ser o correto para o Brasil, independente da realidade, do custo e das consequências. É urgente que se pare de só dar ouvidos a estes. Brasil é imenso e diverso, o que mais uma vez fica claro pela rápida e ampla reação positiva no enfrentamento dos males causados pelo coronavírus por parte de vários grupos que devem sim ser reconhecidos com elites, o que de fato o são. O que nos falta, ao Brasil brasileiro, é dar-lhes ouvido. Elites diversas já estão a tomar as rédeas e guiar a população para uma saída menos traumática da baderna geral que já tínhamos e está catalisada por esta pandemia. Temos a frente uma realidade onde quem for socialmente honesto, inclusive com os seus, vai deixar de lado diferenças e trabalhar em soluções que sempre existiram, mas geravam discórdia, algumas pesadas, pelas diferenças em detalhes e formas apresentadas. É responsabilidade das elites brasileiras guiar sua população, toda a população, principalmente os mais necessitados, para uma saída. A missão é dificílima, mas factível. O primeiro passo é fazer acreditar que no fim do túnel do isolamento construiremos um país melhor, unido, sem esquecer ninguém. Para isto urge que a elite educada assuma sua responsabilidade primeira de mediação e pacificação. Com passos seguros, as mãos estendidas para a união, o olhar na boa esperança e seus bons resultados, temos uma oportunidade única.

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