sábado, 25 de abril de 2020

Pedalar sem máscara e manter isolamento

Creio que foi a Áustria que apresentou um plano de saída do isolamento da pandemia tendo como um dos pontos básicos a bicicleta como modo de transporte. Parece que na Alemanha as bicicletas continuam livres. Milão, na Itália, está fazendo um projeto para aproveitar a oportunidade e reorganizar a cidade tendo como base o transporte público, que já é forte, e melhorar a vida de pedestres e ciclistas. Por trás da ideia está Janette Sadik-Khan, a mesma que em NY teve importância crucial no desenvolvimento do sistema cicloviário. Lembrando: Janette fez mais de duas mil reuniões públicas (todas em agenda oficial) com a população afetada antes de dar passos. 

Mais uma vez a bicicleta é peça importante na reconstrução social. Parafraseando um dito da época da virada do século XIX para o XX, "ao socialismo se vai de bicicleta" hoje se pode afirmar que "a reconstrução se faz com bicicleta". Toda vez na história que o sistema de transporte entrou em colapso ou está muito precário a bicicleta se apresenta como uma opção mais que inteligente. Viva a bicicleta! 

A opção Europeia e agora da OMS pela população pedalar mostra que 'se bem usada', 'de maneira civilizada', a bicicleta não coloca em risco o isolamento, ao contrário de transporte de massa ou mesmo de pedestres aglomerados. No final das contas tudo é questão de como os malditos perdigotos ficam no ar.

Eu tenho pedalado e sei que estou fazendo minha parte no isolamento, mas fico assustadíssimo com o que o pessoal que pedala tem feito. Pedalar próximo do outro provavelmente aumenta o risco de contaminar-se. Tem muita gente pedalando no vácuo do outro, o que não dá tempo para os perdigotos se dispersarem. "Estou de máscara" ajuda, mas atenção porque elas não são inseticida de vírus. Uma pesquisa científica realizada no Japão usa uma câmera de precisão e luzes laser para ver o que acontece com os perdigotos quando as pessoas respiram, espiram ou tossem. Meu caro amigo Álvaro, de formação médica, me explicou que a experiência é válida para ambientes fechados. E completou que a contaminação vai depender da carga viral necessária para o sujeito ficar infectado. Não é uma única gota que vai contaminar, mas um determinado número, grande, de gotas.

Eu não estou usando máscara na rua, mas estou fazendo malabarismos para ficar longe de outras pessoas. Caminhos alternativos não raro são bem mais acidentados, o que é bom para o treinamento.
Sempre tenho uma máscara no bolso que uso para entrar em ambientes fechados.

Os perdigotos ficam, mas parte do texto se perdeu. Vamos lá; voltando...

Faz um bom tempo perguntei a Rosilda Veríssimo, Professora (acho que ela é Doutora e chefe de cadeira) da Faculdade de Enfermagem da UFSC, sobre usar máscaras no meio do trânsito, então no máximo da moda, e resposta dela foi a mesma que os médicos estão dando agora nesta pandemia: tem regras para usar corretamente, tem que trocar de tempo em tempo, máximo 2 horas, e se não for absolutamente necessário é bom não usar por que mascaras retêm as "coisa ruim" (simplória explicação minha) do corpo de quem está usando, o que não é nada bom para o usuário. 
Hoje tomei coragem e fui para estrada, Anhanguera, e fiz deliciosos 58 km, muito tranquilos. Esperava encontrar uma estrada muito mais vazia, mas foi uma bela pedalada de exatas 3 horas com minha bicicleta de poste. Cheguei dolorido, mas sou outro. 

A verdade é que tenho vergonha de sair na rua. Acredito que o isolamento dá bons resultados. Saio meio que escondido, pedalo longe dos outros, em caminhos alternativos. Não quero contaminar outros, mas quero respirar livre, para isto basta ter senso de coletividade.

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