terça-feira, 22 de novembro de 2022

Qualquer discussão rasa afeta o mundo ESG e tudo mais

Environmental, Social and Governance
os três intimamente ligados e interligados

"Pessoas que jamais trataram de assuntos densos começaram a tratar deles sem robustez e passamos a ter discussões rasas" - Fábio Alperowitch

Será que nestes tempos de rede social e... e... e... os Twiter da vida com suas reduzidíssimas palavras eu preciso explicar o que é discussão rasa? Espero que não. Sendo justo tenho a dizer que discussão rasa não é nenhuma novidade, sempre foi uma prática útil para certos fins, mas só piorou muito, muito mesmo. 
Neste momento de discussão planetária sobre nós e eles o pensador Andrei Pleşu coloca com conhecimento que "As ideologias não estão preocupadas em encontrar e expressar a verdade por seu valor de verdade. O que lhes interessa é confeccionar uma verdade utilizável. Em outras palavras, "a verdade" não é, para o ideólogo, senão um instrumento manipulador, um dispositivo apto a servir, funcionalmente, um interesse político determinado e um projeto de ação". E viva o efeito boiada. 
Estes campos de redução de inteligência, portanto de discussões rasas, vêm de longa data, como vêm!
   
Estamos sendo entrevistados pelo IBGE, eu fui no questionário básico que é muito mais reduzido do que esperava. E quando entrei em contato com meu entrevistador ele contou que dos 200 papeis pedindo retorno que deixou nas caixas de correio das casas por onde passou sem encontrar ninguém fui o único que retornou. Literalmente deprimente; efeito cloroquina provavelmente.

Viva o churrasco com cerveja e amigos. Viva!

Neste domingo passado não vi os cones de Ciclo Faixa de Domingo, mas como sempre acontece quando a ciclo faixa não é montada vi ciclistas pedalando à esquerda como se lá os houvesse. Fato comum. Parei para orientar uma menina jovem, uns 18 e linda, que vinha pimpolha à esquerda da av. Brasil na altura da Nove de Julho com os carros esquentando sua orelha e brincos como se o que não existisse fosse ela. Induziram toda população a pedalar na esquerda e é isto que dá.
Os demais, muitos, que se aventuravam pelas invisíveis porque inexistentes Ciclo Faixas que deveriam estar conificadas seguiam felizes à esquerda para meu completo pavor. E mais um carro passa raspando; "Ufa! desviou!" e seguiu em frente mão na buzina provavelmente mandando saudações à mãe do ciclista; e com toda razão. O que eles fazem a esquerda (da rua)? 
Sem os cones como fica o uso de bicicletas como prática ambiental, social e de boa governança? A resposta é um tanto complexa, bem a frente da luta por uma causa, mas quem se interessa. Eu quero o meu, ponto final. Carros malvados! Conificar vias nos fins de semana é como reflorestar uma área devastada com eucalipto. Para quem não entendeu, a área fica verdinha, reflorestada, linda de se ver, mas a verdade é que o bioma não foi restaurado, muito pelo contrário, criou-se com o simplismo outros problemas. Sem aprofundamento da discussão, solução rasa. Ciclo Faixas prestaram grande serviço no estímulo, mas não se transformaram em mudança ambiental da cidade, muito pelo contrário. A discussão foi rasa e aceita em nome da causa; fortaleceu a ideia que bicicleta é para fim de semana e carro, o grande problema, é para a semana. Mais: pedalar só é seguro quando segregado. Mais ainda: e a cidade que existe fora das vias conificadas, existe?
Discussão rasa: Levar a discussão da segurança do ciclista para dois vocábulos, ciclofaixa e ciclovia, é para lá de discussão rasa. Daí Ciclo Faixa de Domingo é meio que consequência, ou seja, conversa rasa. 
   
Discussão virou politizar, primeiro erro ou erro primário, a escolha é sua e está aberta a discussão. 
Politizar alguns temas é uma besteira que não tem tamanho e estamos politizando tudo numa escala completamente irracional. O que deveria importar numa discussão é o resultado alcançado, o mais abrangente, portanto melhor possível, nunca a forma. A questão é que na maioria dos casos a equação está se restringindo a 2+2=4, quando tanto, ou pior, em discutir se 2+2 pode ou não resultar em 4 como já afirmou um(a) presidente(a) num brilhante questionamento metafórico da tabuada. Agora cloroquina. 
Discussão: a complexidade da vida está muito mais para a equação do caos, algo como esta figura com uma equação a seguir que não faço a mais remota ideia do que signifique. Tenho ideia do que possa ser, mas paro por aí, não dá para discutir sobre, disto procuro ter esta consciência, procuro.

O simplório (ou o despreparo extremo) sempre vai deixar futuras arrestas, algumas incontornáveis. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, não tão simples assim.

O governo que sai simplesmente implodiu as práticas ambientais, sociais e principalmente de governança. "A terra é plana", ponto, e a boiada foi atrás. A maluquice não começou com eles, mas foi refinadíssima por eles.
Infelizmente funciona assim: num projeto de ampla repercussão as discussões iniciais por aqui não costumam ser rasas, mas a medida que o processo vai evoluindo as variantes vão encolhendo, encolhendo, encolhendo até atender a interesses particulares os mais rasos possíveis. 
Talvez o lado bom desta barbárie que espero tenha ficado para trás é a retomada de discussões que não sejam tão rasas. 

"Pessoas que jamais trataram de assuntos densos começaram a tratar deles sem robustez e passamos a ter discussões rasas"
Discussão rasa afeta mundo ESGentrevista - Fabio Alperowitch, especialista em investimento ESG. é sócio da Fama Investimentos. fundada em 1993 /
Estadão - BLUE STUDIO / 20 de novembro de 2022


ESG é uma sigla em inglês que significa environmental, social and governance, e corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. O termo foi cunhado em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins. Surgiu de uma provocação do secretário-geral da ONU Kofi Annan a 50 CEOs de grandes instituições financeiras, sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais. Na mesma época, a UNEP-FI lançou o relatório Freshfield, que mostrava a importância da integração de fatores ESG para avaliação financeira. Já em 2006, do PRI (Princípios do Investimento Responsável), que hoje possui mais de 3 mil signatários, com ativos sob gestão que ultrapassam USD 100 trilhões – em 2019, o PRI cresceu em torno de 20%.

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