O primeiro passeio noturno de bicicleta foi realizado em São Paulo numa noite quente de 1988. A partir daquele "Night Bikers" saindo do Estádio do Pacaembu para o Centro a delícia não parou de crescer. Durante muito tempo a maioria dos grupos de pedal eram pequenos e por princípio havia um cuidado muito especial de nunca deixar ninguém sobrando. Creio que mesmo no grupo da Trilha de Luizinho, de longe o maior grupo de São Paulo daquele início dos anos 90 que saía do Tremembé com mais de 1.000 ciclistas, ninguém era esquecido.
Hoje a regra do ninguém fica para trás é respeitada pela quase totalidade dos ciclistas. É comum ver grupos numerosos parados na calçada esperando o conserto de um pneu furado. Para e tagarela sem afobação. Assim deve ser. Com os mais lentos sempre tem alguém ou alguéns num para trás pode até ficar; sozinho e abandonado jamais.
Lembro muito bem o quanto fiquei bravo, para dizer o mínimo, quando vi pela primeira vez uma menina abandonada por um desembestado grupo. Eu estava no fundo do passeio, vi a jovem pendurando a língua, passei a acompanhá-la, avisei aos gritos para diminuírem, mas que nada, eles precisavam provar que eram os gostosos. Sumiram e a abandonaram, olha só, justamente a patrocinadora do grupo. Pedalei em outro grupo cujo lema era "vai quem quer, volta quem pode" e saí quando o lema passou da gozação para uma triste realidade. Exceções, felizmente, e muito fácil identificar quem quer provar que é o bom no pedal e não está nem aí para os outros. De minha parte digo: fuja deles, até porque se fossem tão bons assim comportariam se como verdadeiros ciclistas, ou seja, com um coletivo.
Segundo a matéria publicada no Estadão a Ciclocidade diz que são "cerca de 300 grupos", só não está claro se estão na região metropolitana ou na cidade de São Paulo. Até onde sabia eram uns 110 grupos que aparecem num PDF que está na Internet, o que já é notável. Sempre há um guia e ciclistas orientadores ou "apoio", como são chamados, boa parte são grupos uniformizados e têm por princípio pétreo "ninguém fica para trás". É comum fecharem os cruzamentos para todos ciclistas passarem juntos, o que deixou uma marca entre motoristas, que, diga-se de passagem já acostumados, que até reclamam, mas no fundo veem a situação com carinho, disto não tenho dúvida. Virou patrimônio de Sampa.
Como em todas as atividades humanas têm os que mancham as boas práticas.
Primeiro foram dois ciclistas sem luz ou refletores que cruzaram a av. Brasil a pleno pedal. Mesmo eles tendo passado longe de mim tomei um susto e imediatamente no canto do olho vi um terceiro que vinha a toda e também cruzou batido sem olhar o para os lados portanto sem me ver. Não passou perto, mas me deixou bem esperto. "Se vieram três deve vir mais", e vieram. Eu já estava quase no cruzamento da rua Colômbia e dei um grito para não ser atropelado pelos outros três ciclistas que também cruzavam a av. Brasil sem olhar nem os carros e muito menos para mim, ciclista como eles. E ainda ficaram bravos porque chamei atenção.
Foi uma sensação muito desagradável porque achei que os dois últimos iam me acertar no meio. Tem muito motorista que reclama destes ciclistas que são minoria e deixam uma imagem negativa para a maioria. Fico triste também que os próprios ciclistas não deem um basta nesta minoria.
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