sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Velhos, aponsentados e abandonados

Estou cuidando de uma pessoa próxima e querida que tem Alzheimer. Só sabe o que é quem já passou pela experiência. 

Faz muito meu médico recomendou que em vez de gastar dinheiro com remédios caros gastasse com alguma diversão ou algo que me fizesse bem. Foi minha opção e para o caso funcionou. É provável que os remédios tivessem acelerado a recuperação, mas a diversão foi muitíssimo mais barata. É o que eu estou voltando a fazer agora. 
Empresas com alta eficiência tratam bem seus funcionários exigindo que eles parem, descansem, se divirtam, não só para diminuir custos com saúde, mas também para aumentar a produtividade. Esta técnica é mais que conhecida e funciona.
Fugir é bom para diminuir a pressão, mas dependendo da consciência que se tem da realidade não resolve. Não sei de quem é a frase "a ignorância é uma benção", maravilhosa ideia que neste momento não consigo aplicar. Conforme a intensidade dos ventos nem o salto no vazio para cair suavemente de paraquedas no gramado verde de terra firme acalma.
Tudo tem um limite e tem vezes que só diversão não resolve, o que parece ser o caso agora, mas ainda vou tentar mais um pouco. Não sou fã de remédios.
Como detalhe: Paris tem uma única farmácia 24 horas em toda cidade. É de se pensar. Que seja.


Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Estou tendo contato com Alzheimer pela segunda vez. Meu avô se foi faz tempo, numa época que pouco se sabia sobre como manter alguma qualidade de vida do doente. Hoje é fácil acessar documentos que oferecem orientação sobre como agir corretamente para o bem-estar de quem se cuida. A questão é que para cumprir o básico é necessário muito tempo disponível e principalmente dinheiro. Tempo disponível é um luxo para pouquíssimos. Dinheiro? As contas simplesmente não fecham mesmo com tudo na ponta do lápis e consultoria de uma excelente, responsável, cuidadosa especialista no tratamento da doença. 
A regra básica é respeitar o histórico do doente. Dependendo do nível de consciência tirá-lo da convivência de sua casa, afastá-lo de seus hábitos e dos seus é mais que uma violência. Mandá-lo para uma instituição ou casa de repouso é muito cômodo para todos e mais barato, mas dependendo do estágio da doença é literalmente desumano. Deixá-lo largado ou cuidado por não profissional é grande risco de piora ou sofrimento. 
Um ponto dramático é o custo das cuidadoras que por conta das leis trabalhistas saem caríssimas. A lei não olha para os cidadãos que necessitam cuidados especiais e contínuos, muito menos para a realidade da maioria os próximos que simplesmente não tem condições de se adequar a situação legal.
Colhendo informações sobre tratamento confirmei que a vida da maioria destes doentes ou pessoas com necessidades especiais via de regra é muito precária, não raro pior que o dito inferno. Falo aqui de grande parcela de mais de 15% dos brasileiros.

A conclusão do que estou vivendo é que ou este povo que trabalhou toda sua vida pelo país acaba do jeito que dá, praticamente sem reconhecimento e assistência do Estado, ou vira business, em outras palavras, um belo negócio rentável. Que mal estes cidadãos fizeram para o Brasil?

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