quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Feliz Natal... com Covid

Foi um dos mais bem realizados casamentos. Longe pacas, lá em cima do morro, local ermo, talvez no passado uma casa de fazenda, chique, espaçosa, com muito verde, e flores, lindas decorações, vasos imensos. Festa divertida ao ar livre, gente pulante, camisas suadas, empapadas, danças, muitas, e uma comida deliciosa, mesa de frios e saladas quase sem igual, e uns doces... ah! os doces! 
Não bebo, e mesmo os que beberam, e não beberam pouco, não conseguiram nem chegar perto de terminar a adega oferecida. O melhor whisky não foi a bebida preferida naquele casamento carioca, coisa estranha para o gosto paulista. Que casamento! Quer saber, o casal mais que merecia, benção dos céus. Mais doces que todos os doces, maravilhosos doces que foram servidos.


No dia seguinte, almoço com toda família, incluindo a casada, e a noite jantar de aniversário de Clara. E abraços no pai da noiva, tio da adolescente, gente boa, grande amigo. E mais abraços.

Véspera de Natal e vem o alerta geral. "Você não leu o Whatsapp? O pai da noiva está com Covid!" Todos para o exame de Covid. Um pouco depois nova notícia: a mãe da noiva está com Covid! Correria geral. Véspera de Natal e todos os locais onde fazem exames de Covid sem hora e data disponível. 
Corre para lá, corre para cá, e finalmente se consegue exame para toda a tropa. Tudo negativo. Ufa! Quase. A médica consultada diz sem titubear o que já se sabe: antes do 5º dia todo teste... Ou, em outra perspectiva, acabou o Natal em família. "É recomendável que vocês não fiquem junto a idosos e bebes" dá a médica o veredito final. Bingo! Na mosca! O Natal é com idosos e dois bebes, um deles recém nascido. Acabou!

Feliz Natal a todos!

Óbvio que estou chateado, mas não vou colocar em risco ninguém. Por outro lado estou muito feliz por que de certa forma meu Natal já está feito. Como? Não consigo passar o Natal sem deixar alguém um pouco mais feliz. Um pouco de atenção, carinho e principalmente comunhão, é este o espírito da coisa. Cristo recém nascido ainda chorava pelo leite materno e nem sonhava com festas, alegria, comunhão, mas com certeza seus pais, os Reis Magos e o povo que viu a estrela e foi à manjedoura ia achar divertido todo mundo reunido comemorando o nascimento de Jesus e a esperança que neste dia nos traz.
Mais tarde o próprio Jesus já Cristo iria achar o máximo uma festa de aniversário, não para apagar as velinhas, mas deixar os outros felizes e bem alimentados. Natal? Papai Noel? Não exatamente para ele, definitivamente não exatamente. Muito menos o Natal emocional da Coca Cola com seu Santa Klaus definitivo que está na mente de todos. Creio que nem Ele reclamaria da propaganda bem feita e comunitária.

Meu Natal, o de minha alegria, será realizado mesmo que eu não esteja presente. Infelizmente. Dia 25 acontecerá um almoço de Natal para 20 pessoas que diariamente fazem 1.500 bolinhos e pães, mais um cafezinho com leite, para moradores de rua. E distribuem mais outros 1.500 à noite. E em breve vão começar servir refeições também. Detalhe: os 20 que trabalham pesado na padaria foram todos moradores de rua. O que tenho a ver com isto? Muito pouco, mas colaborei, colaborei com que pude, muito menos do que pude, mas colaborei um pouco mais que havia colaborado nos Natais passados.
Comunhão. Doar-se. Paz de espírito.

Por precaução dia 25 "provavelmente" não apareço por lá, no almoço de Natal do Pão do Povo da Rua, mas estarei lá, isto sim, estarei lá. Já dei um mínimo de felicidade para eles. A maioria nunca, repito, nunca teve uma árvore de Natal, nem presentes, sequer algum dia de suas vidas sentaram-se numa mesa para almoçar em família. Mesa para jantar é um luxo para poucos.
Neste Natal vão sentar juntos para comemorar o nascimento de Jesus. Acho que Ele gostaria, não pelo próprio Nascimento, mas por vê-los juntos e felizes.

Feliz Natal a todos

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