Os dois enormes golden retridever vem arrastando seu gordo proprietário. O velho de camiseta vermelha que mal lhe cobre o barrigão, barba por fazer, branca, e cara bonachona parece se divertir com o exercício forçado. Não dá para ser diferente com tão simpática raça de cachorro. É véspera de Natal e o velhinho faz lembrar Papai Noel a algumas horas de sua entrada em ação. Tropical, bem tropical, pernões brancas e gordas ao vento, chinelão de dedo, urbano sem dúvida. Provavelmente mora num dos apartamentos e tem que sair com seus maravilhosos golden para fazer pipi umas tantas vezes por dia, mas tal figura nunca foi vista antes. Segura uma coleira em cada mão como se estive sob o comando do grande trenó puxado pelas renas. Dá passinhos apressados como se estivesse voando sobre nossos tetos, corpo inclinado para trás como se freando o trenó para entrar na próxima chaminé.
O pequeno de passos ainda incertos se segura no carrinho de bebe da irmã que dorme sob a luz suave do fim do dia olha para o velhinho e seus golden. Vai girando a cabeça até que o Papai Noel passe por trás do arbusto. Agarra e puxa a saia da mãe que segue em frente meio apressada e esta pergunta meio impaciente "o que é?". O pequeno gira a cabeça e o corpo para procurar o velhote gordo, quase cai, a mãe num gesto rápido consegue segurar o pequeno. Ela para, agacha-se, segura o filho com mãos delicadas, maternal, olha nos olhos do menino que tem uma expressão de espanto e magia enquanto estica o bracinho e aponta para trás no vazio. A mãe sobe o olhar, percebe uma fachada ricamente iluminada, cheia de pingos de neve brilhantes num pinheirinho. O velhote e seus golden desapareceram, mas o instinto maternal de alguma forma sabe que ele passou por lá.
Cruza caminhando leve um senhor mulato, magro, mochila velha com ferramentas de carpinteiro visíveis, provavelmente voltando para casa de um bom dia de trabalho. Sorridente deseja um Feliz Natal a todos.
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