SP Reclama
O Estado de São Paulo
Fim da curva da traição.
Faz mais de um século (1898 - NY) que as grandes cidades mundiais se reúnem regularmente para trocar experiências sobre o que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida de suas populações. São Paulo insiste em seguir seu próprio caminho com endosso implícito da maioria dos paulistanos, não importa o custo, não importa os passivos que são deixados para trás. São Paulo não pode parar, foi tomado ao pé da letra no desenfreado abrir novas ruas e avenidas para melhorar o fluxo dos automóveis. Deu certo? O trânsito vem melhorando? Dentro destas experiências sobre desenvolvimento urbano, que são amplamente debatidas, publicados e praticadas por cidades do mundo com sucesso, fica muito difícil entender as possíveis razões para a retificação da Curva da Traição na Marginal Pinheiros que está em andamento. Passo com frequência pelo local e nunca vi algo que justifique ou faça pensar os benefícios da obra e da derrubada de árvores. É perigosa, afirmam. Perigosa para quem? Para quem vem a milhão acima do limite de velocidade? Em vez das pistas contornarem uma pequena mata remanescente que em parte já foi derrubada, os 800 metros da marginal expressa correrá numa reta. Quem trabalhou com trânsito sabe que uma reta não necessariamente diminui os acidentes. Pode ocorrer o contrário. Óbvio que devem ter justificativas oficiais mais que cabíveis, sabe-se lá para que ouvidos. Não cai a ficha que mesmo que a obra tenha custado dois palitos, o que é duvidoso, custou dois palitos que a cidade de São Paulo não tem, mesmo que os receba de "grátis". Não existe almoço grátis, não acredita nesta verdade quem não quer.
Olha o que eu descobri. Leia no meio desta imagem do terreno na Curva da Traição que ficará entre a retificação da marginal e a pista local.
Prolongação da Marginal Pinheiros até Jurubatuba.
Caso a cidade de São Paulo tivesse um planejamento pertinente ao momento que o planeta vive seria possível questionar o futuro prolongamento da mesma Marginal Pinheiros entre a Ponte Transamérica até Jurubatuba, mas é praticamente impossível entrar no tema. Está provado com documentação farta: quanto mais vias, mais trânsito, mais congestionamentos, mais outros problemas, dentre eles desequilíbrio social e violência. Este prolongamento fará aumentar a pressão sobre vitais áreas de proteção ambiental porque estimulará a especulação imobiliária, mandando para mais longe ainda a população de baixa renda. Será um problema a mais para as já poluídas águas das represas Guarapiranga e Billings. Não adianta comentar e muito menos questionar, mas na minha loucura ouso fazê-lo. Todas estas novidades paulistanas, estas modernidades se transformam num deslumbre em velocidade desenfreada que enche os olhos de todos, com amplo endosso e apoio popular, sem pestanejar. Soluções milagrosas, populistas, costumam se transformar em erros crassos, mas são aplaudidos em pé. Exemplos é que não faltam. É uma questão de cultura: São Paulo não pode parar! A saber, como sutil detalhe: construíram a ponte Jurubatuba sem que boa parte dos altos funcionários da CET SP soubessem da obra. Não faço ideia se a ponte Jurubatuba e a avenida Jair Ribeiro da Silva ligada a ela foram projetadas para receber a carga de trânsito do trecho que se pretende prolongar. Se não foi, preparem-se, o caos vai ser grande.
Até quando nossas cidades vão aguentar o passivo que não para de crescer? No delírio populista que nos encanta a todos perdemos a noção do que nos agrada e o que renderá frutos futuros. Não há almoço grátis, isto é líquido e certo. O buraco que estamos metidos é muito, mas muito mais em baixo. São Paulo é um transatlântico a deriva com um grande furo no casco que traz a reboque o Brasil. Quem fala contra o que está ai é considerado um imbecil, e exausto me incluo dentre estes.
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