quarta-feira, 27 de julho de 2022

Padronização, organização, eficiência e o bem público

O espaço público foi definido por tentativas e erros e hoje seguem regras que atendem a fatores humanos e ou econômicos, dentre outros. Passaram ao longo do tempo por um filtro de lógica, praticidade e eficiência. Do pequeno para o grande, do individual para o coletivo, numa sequência lógica. 
Neste momento da história estamos tentando caminhar do coletivo uniformizado para a maioria para um individualizado que ainda assim atenda o coletivo, o que fortalece nichos sociais.
De qualquer forma algumas convenções não devem ser mudadas porque está provado que são absolutamente funcionais e beneficiam tanto o coletivo quanto o individual. A escala humana é a principal.
A padronização dos utensílios usados pela humanidade surgiu num processo natural de evolução ligado aos usos e costumes de cada local e momento da história. Mesmo um machado de pedra lascada foi criado e evoluiu levando em consideração o tamanho da mão e força de seu usuário ou simplesmente não teria utilidade. A experiência ensinou que cortar um arbusto é uma coisa, atacar um animal é outra, portanto machados diferentes. E está estabelecida a regra de forma e função, com a ela o padrão.
Sabe-se lá quando foi inventada a roda. Com ela está completa a base da evolução: quadrado, triângulo (machado), círculo, e com a roda a linha. Cada forma com sua função. A medida vem como consequência. Experiência, lógica, funcionalidade, utilidade.

Hoje vias públicas e porque não dizer os espaços públicos são praticamente padronizados, processo que começou com o uso do cavalo, que por sua vez influenciou os padrões das ferrovias, que se mantiveram com a chegada da indústria automobilística e com ela foram completamente universalizados. O automóvel quando comparado ao cavalo tem alta funcionalidade, é simples de usar, muito útil, a experiência mostrou que é lógico. A cidade passou a ser pensada e padronizada a partir da lógica do automóvel, faz todo sentido.

A padronização e sua consequente facilidade de uso nos trouxe a precisão, que por sua vez tomou conta de nossas vidas a tal ponto que estamos caminhando rapidamente para uma padronização universal. Não faz muito tínhamos como medidas o métrico, a polegada e mais umas tantas outras medidas esdruxulas, como a britânica Whitwhort, hoje completamente obsoleta e esquecida. O plug dos carregadores de celular será uniformizados em breve. A experiência faz vencer o melhor, mais prático, mais funcional. 
Mesmo para medidas maiores, como ver a largura de uma rua, não faz muito era medida por trena de pano, madeira, ou metálica, e hoje por uma trena lazer, que dá uma precisão impensável faz alguns anos. Conforme o aparelho se pode chegar a centésimo de milímetro, o que faz uma enorme diferença no resultado final de um projeto, construção e manutenção de um espaço público.

Por um outro lado, quanto maior a precisão, melhor o resultado, menor o custo a longo prazo (custo linear), mais benefícios sociais resultantes.

Hoje a padronização busca apoiar-se num olhar muito mais aberto e genérico que foge até do objeto fim. Não é mais uma rua ou uma praça, mas a função social, as consequências sobre o funcionamento da cidade, os custos futuros, meio ambiente... A simples construção de uma residência ideal deixou de ser um só um teto para a família e agora busca os objetivos de cada indivíduo que irá habitar ali, ser autossustentável, ter geração de sua própria energia, reciclagem dos dejetos, reaproveitamento da água, gerar o mínimo de impacto urbano... 
Nesta padronização X individualização os espaços públicos passaram a ter Internet de alta qualidade, o que os transformou em local de trabalho, de lazer, de relaxamento, rede social, compras, liberdade para filhos e pets...

A humanidade chegou aqui com uma padronização cada dia mais sofisticada. Padronização de padronizações, o coletivo atendendo o máximo possível o individual.
Definitivamente organizar uma cidade não é reformar a praça central com novo chafariz, nem construir um portal de entrada na cidade. Também não se pode supor que em nome ao respeito das individualidades se possa quebrar alguns padrões práticos e funcionais que foram construídos por séculos. 

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