domingo, 24 de julho de 2022

O custo empobrecedor das estradas brasileiras

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Durante décadas a Serra do Cafezal, que sempre conheci como Serra do Café, na BR 116, Regis Bitencourt, teve sua duplicação impossibilitada por uma luta ambiental cujo preço para o desenvolvimento do país foi incalculável, incluindo aí a proteção ambiental. O curto e sinuoso trecho de 30 km de pista simples e mão dupla passou com toda razão a ser chamado de estrada da morte. A lentidão e as constantes paradas do trânsito em razão de acidentes fizeram deste trecho de estrada um dos piores do Brasil. Por mais justa que fosse a causa faltou aos defensores do meio ambiente lembrar, dentre outras coisas, que o que mais devasta é a pobreza. Não é difícil concluir que em razão de uma luta justa houve um empobrecimento de todo país com consequente dano ambiental causado por este processo de justas boas intensões que demorou décadas para terminar. Faltou a todas as partes bom-senso e principalmente inteligência para encontrar uma saída racional, o resto que se dane. Foi tanto tempo de luta na justiça que com certeza teria sido possível abrir um túnel a picareta e talhadeira de ponta a ponta da Serra do Cafezal. O custo Brasil desta estrada disfuncional foi monumental, uma perda econômica que nunca se irá recuperar. Leia matéria sobre os resultados da duplicação.
Fui de carro para Belo Horizonte, de lá tive que ir ao Rio de Janeiro para depois voltar para São Paulo. A BR 40 rumo ao Rio de Janeiro tem uma condição de rodagem vergonhosa para o momento que vivemos e a importância estratégica que tem para a economia do Brasil, do Estado de Minas Gerais e de Belo Horizonte, a terceira  mais importante capital deste país. Incrível que não se tenha aprendido nada com a Regis Bitencourt e sua Serra do Cafezal. É estrada pedagiada e mesmo assim tem vários trechos de rodagem em ridícula pista simples com mão dupla e um pesado trânsito de caminhões. O projeto da estrada é de outra era e ainda não foram realizadas correções no traçado da rodovia, nas inclinações percentuais, na largura da pista e sinalização. É absurdo ter um estreitamento de pista em curva quase na cabeceira de uma ponte simples de mão dupla construída na década de 70; dentre outros detalhes anacrônicos. Quanto empobrecemos aí?
Saindo do Rio para São Paulo, nos primeiros km da Rodovia Dutra, em Nova Iguaçu, o trânsito praticamente parou por mais de meia hora. Pensei que houvesse um acidente, mas não, era só trânsito. Segundo um motorista profissional que vive na e da Dutra a situação é comum e diária numa região recheada de grandes empresas estratégicas para o Rio e Brasil. Imagino que esta situação seja considerada aceitável porque não me lembro de ter lido ou ouvido reclamações. Quanto empobrecemos aí? 
Não podem ser plausíveis as razões para estes anacronismos. É inaceitável do ponto de vista macro econômico, portanto social. É um descalabro o que se sabe de estradas Brasil afora que escoam nossas riquezas. O que fazer se mesmo fugindo a qualquer racionalidade é aceita até esta estúpida incompetência ao redor deste triângulo de capitais cruciais para nosso desenvolvimento e riqueza, leia-se também e principalmente para a diminuição e futura extinção de nossa vergonhosa miséria.
Como fui para Belo Horizonte pela Rodovia Fernão Dias com seus pedágios baratinhos de R$ 2,70 posso afirmar que estrada pedagiada sim, com certeza, mas pedágio populista de pista remendada, mal sinalizada, sem atendimento, definitivamente não. Mesmo os que reclamam reconhecem que as estradas de São Paulo deveriam ser a regra geral. Isto tem um custo e inúmeros benefícios, ou seja, gera riqueza. 
O descalabro começa nas nossas estradas e termina num país sem uma política estratégica de transportes. Imagine só como estão nossas ferrovias.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário