sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Parques lineares, Programa Córrego Limpo e as bicicletas

Para mim um dos legados dos holandeses do I-Ce foi mostrar a importância de usar a bicicleta para proteger a qualidade das águas. Os Países Baixos, que inclui a Holanda, só existem porque sua população aprendeu a controlar as águas e água não admite erros. Errou ou morre afogado ou morre de sede, simples assim. Mais, é um povo com história ligada ao comércio marítimo, portanto sempre conviveu com outras culturas e delas se apropriou. Holandês procura viver com o que é necessário, olhando sempre para o que é prioridade, para o que for melhor para o coletivo. Eles não estão preocupados com detalhes, mas com a essência, com o que de fato é importante. 
No último texto que publiquei, a guerra d'agua, acabei apagando um parágrafo que ali ficaria um pouco solto, mas cabe perfeitamente aqui. Conta a história do projeto "Um milhão de árvores" da SVMA MSP, com Werner Zulauf então Secretário de Meio Ambiente. O projeto parou no meio porque de cada 10 árvores plantadas pelas ruas da cidade 9 acabavam depredadas, partidas ao meio, arrancadas do solo, mortas. Erraram em fazer o plantio com as mudas ainda pequenas, mas isto não justifica a barbárie. Mesmo nos bairros da "zelite" paulistana, os Jardins, pouquíssimas sobreviveram para contar história. Desde a casa Madre Teodora, em 1982, um relatório com proposta de Raul Ximenes, Asis Ab Saber e outros, apontava para a urgência do plantio e replantio de árvores em São Paulo, e que estas deveriam ser de espécies típicas da região que atraíssem pássaros, e o aumento do sombreamento da área urbana do Município.
Anos depois voltaram a plantar mudas maiores, com uns 2 metros, e a selvageria continuou em menor grau, mas continuou. Quando não arrebentavam a muda arrebentavam a grade de proteção, ou estragavam tudo. Muitas estão por aí dando sombra, atraindo pássaros que comem insetos, e diminuindo a temperatura local, o que dentre outras coisas diminui a possibilidade das tempestades.
Há muito, muito mesmo, se fala na necessidade de se aumentar as áreas verdes e a permeabilidade do  solo paulistano. Um dos trabalhos realizados pela SVMA na gestão Werner foi localizar e oficializar as praças da cidade. Até 1997 a Prefeitura de São Paulo não tinha certeza do que era público ou não, simples assim. O cocuruto verde do bairro Cidade Jardim, por exemplo, foi colocado no mapa porque Luis Fernando Calandrielo, o saudoso Tio Lu, sempre pedalava por lá e chamou a atenção da SVMA que aquilo era o último resquício de mata atlântica do bairro. Não fosse isto provavelmente teria virado uma majestosa mansão com invejável vista para os Jardins e a Paulista e ninguém jamais saberia.
Só para entender a baderna que sempre foi esta cidade, só quando Eduardo Jorge foi Secretário de Meio Ambiente, gestão Serra, 2005 - 2008, é que se corrigiu os esgotos dos edifícios dentro do Parque Ibirapuera, que ninguém sabia de onde vinha e para onde ia. Boa parte para o lago, certamente. Os bares e restaurantes funcionavam em situação irregular desde a inauguração do Parque, ou seja 1954. Em 2007 tive que fazer uma vistoria nas ruas próximas a estação do Metro Guilhermina - Esperança, Zona Leste, e para meu espanto quando fui olhar nos mapas oficiais da Prefeitura umas das ruas, aberta na década de 70, simplesmente não constava mesmo com residências estabelecidas lá desde então.  
Sobre o Programa Córrego Limpo não falo mais para não repetitivo, mas é um completo absurdo terem parado. Poderia ter ajudado e muito a diminuir as enchentes de segunda-feira.
Um técnico da SABESP deu uma entrevista dizendo que o problema das enchentes só vai ser resolvido quando se resolver os problemas dos córregos. Diminuindo a velocidade de vazão destes córregos, hoje em boa parte canalizados, o Tiete e o Pinheiros vão encher mais devagar e ter mais tempo para escoar, portanto diminuindo a possibilidade de alagamentos. O mapa hídrico de São Paulo diz tudo. 
Obras atrasadas? Qual a razão? Todas as administrações que tivemos em São Paulo, sem exceção, e porque não dizer em todas as cidades brasileiras, sempre foram acusadas de falta de ação. Qual a razão, qual a raiz do problema? O que precisa ser corrigido aqui e em todo Brasil? Esta é a questão. 
Termino repetindo que um país que tem uma lei de licitação com número 8.666 não pode funcionar. 8 de infinito. 666 da besta do apocalipse. Lei que tem como prioridade o menor preço, não a qualidade, a durabilidade, a funcionalidade, a inteligência....

🆘 São Paulo submersa ‼
“Há muito tempo tenho alertado e reivindicado o preparo de São Paulo para as chuvas violentas das mudanças climáticas. Poucos dão importância! A Lei de Mudanças Climáticas está abandonada.  Pararam com o Programa Córrego Limpo e a Operação Defesa das Águas.  Deixaram de fazer calçadas permeáveis;  as matas da Cidade estão sendo dizimadas por quadrilhas do crime; nossos Parques estão abandonados;  quase zeraram o plantio de árvores. Gastaram menos de 50% da verba para enchentes em 2019. O valor disponível para usar em obras e serviços de combate às enchentes era de mais de R$ 973 milhões, o valor usado de fato foi R$ 474 milhões. E digo: piscinão somente, não é solução! ❌ Precisamos pensar em soluções sustentáveis. ✅ 🌳 A prevenção e o combate às enchentes tem sido precários! E as chuvas serão cada vez maiores e mais violentas.”  ⛔⚠
Gilberto Natalini
Vereador (PV-SP)
Presidente do Comitê de Chuvas e Enchentes da Câmara Municipal de SP
Relatório do Comitê de Chuvas e Enchentes:
http://bit.ly/3bnzSct

Olá,
Entre obras atrasadas, cortes de orçamento e falta de planejamento adequado, é revoltante imaginar que, se não tivessem sido abandonados os parques lineares planejados pelo então secretário do verde Eduardo Jorge, há quase uma década, a situação da cidade hoje poderia ser bem diferente.
Não bastasse o drama de quem teve a casa alagada e correu risco de vida, além de ficar debaixo d'água, São Paulo travou.
Nossos desafios são enormes; estruturais, ambientais, de saúde, de mobilidade...
Como já informado no email enviado mais cedo, hoje, esta terça temos audiência pública sobre a Reforma Administrativa.
Mas a pauta legislativa tem de ir além! Temos de avançar em projetos que transformem o modelo de drenagem da capital, como a Operação Urbana Bairros do Tamanduateí, e colocar em prática as ações indicadas pelo Comitê de Chuvas e Enchentes da Câmara, mas também precisamos usar criatividade e inteligência para tirar do papel projetos que ajudam a desatar os nós da mobilidade, como o incentivo ao trabalho à distância, o home office.

Para saber mais sobre o home office 👉🏽 http://bit.ly/2NAVyYq

Para conhecer o relatório do Comitê de Chuvas e Enchentes da Câmara, acesse: https://www.saopaulo.sp.leg.br/wp-content/uploads/2019/12/Relat%C3%B3rio-Comit%C3%AA-de-Chuva-e-Enchentes.pdf

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