quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Fim das Yellow: diminuíram sensivelmente os assaltos

Ontem ouvi que o fim das Yellow Bikes fez diminuir radicalmente os assaltos. Hoje sai perguntando para PMs e todos, em vários cantos da cidade, confirmavam com alívio o fim das Yellow. Estavam sendo usadas não só para assaltar ciclistas e roubar suas bicicletas, mas para vários outros crimes, em especial assalto para levar celulares. Segundo ouvi a maioria era menor de idade e pouco se pode fazer para controlar a grave situação. O mesmo está acontecendo com as Tembici, as bicicletas do Itaú, mas numa escala muito menor. 

Perguntei sobre os patinetes e a resposta foi que o problema é muito menor. Pelo jeito continuará sendo. É comum ver os patinetes usados de forma estranha que nada tem a ver com mobilidade. Criança brincando com patinete é natural, ótimo, mas pré adolescente circulando com olhar de caçador não. O quase atropelamento de um garoto cruzando a Faria Lima em fuga não sei de quem num patinete verde foi cena de terror. 

Não me lembro de ter lido, ouvido ou visto notícia sobre mais estes problemas. Vi sim muita Yellow com sua trava machucada por batida de pedra, a forma encontrada para destravá-las. As notícias falaram sobre atropelamentos de ciclistas, alguma coisa sobre segurança dos patinetes, umas poucas matérias sobre os assaltos na ciclovia da Faria Lima e da Pedroso, mas específico sobre o uso intensivo das Yellow para assaltar não. Por que será? Se noticiaram por favor me comuniquem.

Misturando canais, o que ouvi foi o comentário que os patinetes não deram certo por aqui porque a cidade não foi preparada, e que Paris tinha sido preparada para receber os patinetes elétricos de aplicativo. 
 Primeiro: o uso de patinete comum, sem motorização, é hábito do parisiense muito antes da existência dos aplicativos. A criançada de lá vai para escola em patinete muitas vezes acompanhados por seus pais ou mesmo avós, o que vi pessoalmente mais de uma vez. Cansei de ver velhinhas em patinetes. Sem querer escrevi "parinetes", pois então, Paris é também dos parinetes.

Segundo: em nenhuma cidade civilizada do planeta mudanças são realizadas na porrada como se fez por aqui. Também nunca vi ou ouvi "somos diferentes (do resto do planeta) e fazemos do nosso jeito" típico do que foi feito em São Paulo. Muito menos "Faz, depois a gente corrige", que não sei de quem é a brilhante frase, mas é típica de brasileiro. Como assim "faz, depois a gente corrige"?, tá louco? Também nunca ouvi ou li que em qualquer cidade civilizada que a prioridade deveria ser quantos km e não a qualidade do sistema, único caminho para perenizar os resultados.

Nunca me disseram, nunca vi, nunca soube que a dita mobilidade deveria ser enfiada democraticamente goela abaixo de toda a população, só aqui. Sim, preparar as cidades para os novos tempos se faz urgente, mas existem formas e formas de se fazer. 
Da mesma forma que me deprime ver lixo jogado nas ruas passei todo este tempo de existência das Yellow deprimido com o nível de depredação, roubo, descuido na condução, desrespeito aos outros, uso indevido que tivemos aqui. E não foi só pelos ladrões e assaltantes, ou gente pobre que aproveitou a situação de boa fé, ah!, não foi não. Pouquíssimas vezes vi cidadãos de boa condição social e econômica levantar uma Yellow do chão, reposicioná-la para não atrapalhar os outros. Mas vi montes destes cidadãos privilegiados largando as bicicletas no meio da calçada, na frente da entrada do edifício, no meio do cruzamento dos pedestres, largando onde lhes fosse mais cômodo. Também nunca ouvi uma palavra sobre estes problemas por parte dos que lutam pela mudança de paradigmas da vida da cidade. 
Mobilidade não é ideologia, mobilidade não deve ser luta, revolução, porrada. A nova cidade com sua nova vida e mobilidade deve ser alcançada pelo convencimento, e não existe convencimento sem respeito, sem acordo, sem educação. Convencimento a força é submissão, e a história prova que submissão não funciona.
Mais uma vez nos comportamos como brasileiros, mais uma vez perdemos uma oportunidade. Tudo é assim. É deprimente ver a Cidade Universitária da USP emporcalhada sem que um universitário se dignifique a se abaixar e pegar um saquinho de salgadinho do chão para jogar no lixo. Queremos mudança, que é definitivamente necessária e urgente, mas queremos já e não queremos sequer pensar nas arestas.

Esta história das Yellow me faz lembrar a filmagem das duas mulheres sendo assaltadas e espancadas perto do Hospital Universitário da USP. Aconteceu faz muito tempo, bem antes de existir aplicativos. O violento roubo das duas bicicletas não foi o único na USP, muito pelo contrário. Todo mundo sabe onde vão parar as bicicletas, poucos vão atrás, menos ainda fazem B.O.. A maioria cala.

Como a maioria não se dignifica a teclar o 190 a PM não vai ter informação, sem informação a história vai continuar. "Com o fim das Yellow eles só vão mudar o modus operandi" foi o que ouvi. Alguém duvida?

Um comentário:

  1. Quando roubaram a minha bike elétrica, fui fazer o B.O. na delegacia do bairro levando a foto do ladrão roubando a bike (câmara da loja). Lá o delegado e os investigadores que estavam na sala morreram de rir, e disseram: "esquece, nunca vamos achar" !!!!! E pelo jeito, nem procurar. E a foto mostrava claramente o rosto do ladrão. Esse país não tem jeito ! Triste

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