sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

0 descartável e lixões entupidos

Feliz da vida com meu novíssimo assento de privada da Tigre voltei para casa pedalando pela ciclovia atrás de uma 29 das baratinhas que estalava tanto o eixo traseiro que se podia ouvir a mais de 10 metros de distância. Quanto tempo vai durar? Onde será que vai travar, longe da casa do ciclista, longe de uma bicicletaria? "Não é uma Brastemp muito menos tem a qualidade Tigre" pensei. 
O assento de privada que vai ser substituído partiu ao meio com muito menos uso do que deveria é da marca Astra, uma das mais tradicionais e respeitadas marcas do mercado para acessórios de banheiro. Comprei na Leroy Merlin, empresa multinacional de origem francesa de sucesso que costuma vender produtos confiáveis. A Astra não poderia dar errado, mas deu, quebrou, as duas partes do assento se separaram, machuca a bunda.
Instalei o assento da Tigre e ao abrir a tampa ouvi um barulho e o encaixe da tampa com o parafuso de suporte estava quebrado. Epa tigrão! A qualidade dos produtos para hidráulica da Tigre é muito boa, dá segurança, provavelmente o melhor, é sempre minha primeira opção. Como pode a tampa quebrar desta forma? Olhando com cuidado a resposta veio fácil, fácil: rebarbas e a pouca espessura do material no ponto de fratura. O fato é: quebrou. É Tigre, mas pelo menos o assento de privada não é uma Brastemp.
O que faço agora? Pego a nota fiscal Extrato No. 117421 ; CNPJ 60521 663/0001-83 ; IE 105798571110 e troco o produto? Este é o correto, assim dita o Código do Consumidor, mas... Se eu trocar o produto, o que o local onde comprei fará sem discutir, a Lei manda, qual será o destino da peça com defeito? O distribuidor da Tigre vai pegar e daí para frente? Duvido que o produto volte para a fábrica e seja avaliado por um técnico, engenheiro de materiais, projetista e menos ainda pela diretoria, e olha que não duvido da Tigre e de sua qualidade geral. Duvido, e tenho boas razões para tanto, dos processos, procedimentos e filosofia comercial brasileira. A bem da verdade, da industrial também.
O que vai acontecer com o assento, vai ser descartado? Vai virar lixo ambiental? Isto já virou, mesmo que reciclem. Reciclar não passa de um paliativo, um engana que eu gosto. Deveria ser exatamente como a medicina nos ensina: tem que prevenir para não remediar. Prevenir sai muito mais barato para todos, principalmente para o meio ambiente. Ou seja, não pode dar problemas, não pode ser descartável tão fácil e rapidamente. Reciclar também tem um alto custo ambiental. A medicina nos ensina, mas nos recusamos a aprender, vide uma farmácia em cada esquina. 
Comprei uma torradeira elétrica, deu defeito. Comprei a segunda, deu defeito. Comprei a terceira, esta bateu o recorde, quebrou na terceira torrada. Nenhuma teve concerto, todas de marcas diferentes. Lixo! Lixo? Uma delas uso até hoje e para isto tenho que ficar grudado nela porque o termostato que solta as torradas não funciona e se deixar a torradeira toca fogo na casa, o que já quase aconteceu. Vai um carvãozinho aí? O mesmo com a cafeteira expresso. Melhor, com as cafeteiras expresso. Faço café no coador, paciência. Por curiosidade você já pediu para ver o lixo de uma bicicletaria? As mais divertidas são as de periferia, as que trabalham com bicicletas baratinhas, o grosso do mercado. Sempre bem cheias, com os mais variados defeitos de peças inimagináveis. O que rende mesmo é a oficina e a troca de peças. O povo acha normal. O lixo, ora o lixo, sei lá onde vai parar.
Quebrou, joga no lixo, descarta, este é a forma como nos comportamos aqui no Brasil. 
O que faço com os assentos de privada? Vou lá e troco? Ou dou um jeito de ser usado por mais um bom tempo? Tentei mandar uma mensagem para a Tigre no contato do site deles, mas a mensagem não foi enviada, sei lá por que. Não foi a primeira vez que uso o contato de uma empresa e a mensagem não vai. Estranho, não é? Talvez, mas comum.
Não posso deixar de ficar pensando que o Brasil recicla praticamente nada e que nossos lixões estão todos transbordando. Ou o lixo é jogado no terreno baldio ou córrego mais próximo. Não temos uma política minimamente eficiente e muito menos ainda uma prática correta para o descarte de lixo. E parece que ninguém está muito preocupado. Quando muito querem uma lixeira em cada poste, mesmo que joguem o lixo no chão. Mais ou menos como uma farmácia a cada esquina.

Brasil tem quase 3 mil lixões em 1.600 cidades, diz relatório

Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo e recicla apenas 1%

https://revistas.ufrj.br/index.php/rec/article/view/19713/0

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