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14 de Junho de 2010
Pedir aos futuros
candidatos
A
eleição está bem próxima. Finda a Copa do Mundo de Futebol o circo pega fogo. Entra
no jogo quem tiver gasolina. Seria interessante que mais uma vez o pessoal que tem
demandas se organize para entregar reivindicações para os candidatos dos três
níveis, presidência, governador de estado e deputados federais. Distrito
Federal também elege nesta.
A
partir da eleição de 2000 um grupo pequeno de ativistas pela qualidade de vida
na cidade, em especial o saudoso Sérgio Luiz Bianco, vem entregando um detalhado
manifesto pró bicicleta e ciclista para todos os principais partidos, para
alguns candidatos majoritários e alguns deputados federais interessantes. Antes
de 2000 já havia alguma pressão, mas feita de forma individual e focalizada em alguns
candidatos, mesmo assim deu resultados.
Na
eleição presidencial de 2002 um acordo para a entrega de reivindicações acabou
resultando na primeira manifestação pública da história sobre a bicicleta feita
por um candidato à presidência do Brasil, no caso o Serra. Esta entrega de
documento acabou gerando uma seqüência de fotos de Rita Camata tomando um tombo
da bicicleta que foi primeira página em praticamente todo país. O mesmo
documento foi entregue para a campanha de Lula que acabou não se manifestando. Sérgio Luiz Bianco havia trabalhado e assinado o projeto de governo de Lula, Marina Silva para o
Senado, e do candidato a governador para o Estado de São Paulo do PT. De qualquer forma a pressão
acabou surtindo efeito tempos depois com a criação do Bicicleta Brasil do
Ministério das Cidades.
Desde
então a situação da bicicleta mudou muito. Há um bom tempo era possível sentir
que a bicicleta estava cada vez mais presente no dia a dia. Um pouco depois
estourou uma epidemia ciclística mundial, a bicicleta passou a ser um “must” lá
e cá. Aqui bicicleta há muito já era o veículo mais usado no país por várias
razões: transporte coletivo de massa caro e ineficiente, congestionamentos cada
dia piores, busca de liberdade de transporte pessoal e de mercadorias. Muito da
mudança foi espontâneo, empurrado pela sociedade civil. E o poder público
correu atrás. De qualquer forma o Bicicleta Brasil apareceu, trabalhou no que
pode, infelizmente sem a força política e verbas necessárias e esperadas para o
tamanho do problema.
Nesta
sexta-feira passada, dia 11 de Junho de 2010, houve uma reunião em Brasília
para avaliar as propostas apresentadas visando rever e corrigir o rumo do
Bicicleta Brasil. Os anos vindouros da bicicleta tem que ser mais produtivos e devem
atender melhor as necessidades de todos, ciclistas, pedestres e outros modos de
transportes não motorizados. Fomos divididos em grupos de trabalho e para o
nosso, Articulação e Integração, chamou atenção o número de propostas enviadas mal
feitas ou sem qualquer noção da realidade e possibilidades legais dentro da coisa
pública. Passado uma década algumas coisas praticamente não saíram do lugar,
principalmente a maturidade política dos ciclistas.
A
Escola de Bicicleta dispõe há um bom tempo a página “política e ativismo” - http://www.escoladebicicleta.com.br/politica.html
(infelizmente pouco visitada), onde se encontra o texto (explicativo sobre) “o
funcionamento da coisa pública” - http://www.escoladebicicleta.com.br/cicloativ.html,
revisado por Laura Ceneviva, ex-diretora do Pró-Ciclista de São Paulo, profunda
conhecedora das coisas do setor público, além de uma das melhores cabeças deste
país. O texto foi criado exatamente para
evitar que o pessoal fique batendo em tecla desafinada e os sonhos demorem
tanto para a se realizar. Quando se fala de ação pública é bom não gastar
cartucho à toa ou há o risco de servir de inocente útil ou, pior, virar um
idiota.
Sugestão:
É
muito importante não perder o que já foi alcançado. Portanto é crucial que haja
pressão da sociedade civil para que o processo avance. A página “bicicleta,
política e ativismo” - http://www.escoladebicicleta.com.br/cicloativismoEB.html
- oferece uma espécie de manual de feitura de uma documento de reivindicações,
que nós chamamos de manifesto. A formula é a mesma de outros carnavais, ops...,
desculpem, outras eleições. O que se quer é dar objetividade ao que se pede,
fazendo assim que o documento tenha a maior força possível perante os partidos
e candidatos.
Talvez
o ponto mais importante seja manter o que já existe para aperfeiçoá-lo para
frente. Manter o Bicicleta Brasil e sua micro estrutura é crucial. Do contrário
se perde muito tempo para fazer a máquina engrenar, e tempo é justamente o que
a questão da bicicleta não tem para desperdiçar. Infelizmente o Bicicleta
Brasil existe por decreto e não por lei, o que faz deste avanço muito frágil.
Não há nenhuma garantia de sua continuidade.
Outro ponto que para mim básico é organizar o setor da bicicleta no Brasil, que hoje pode ser definido como muito precário. Eu simplesmente não acredito em resultado pleno dos esforços para implantar sistemas cicloviários de qualidade sem ter todo o setor produtivo, distribuidor, bicicletarias e oficinas funcionando com um padrão mínimo de qualidade. O que temos é inaceitável em termos de política estratégica para o desenvolvimento da segurança, conforto e prazer do ciclista.
Ponto zero da questão é rever todos impostos que incidem sobre o setor, que hoje são os mesmos dos veículos motorizados. Segundo, é crucial uma política de treinamento para todas as bicicletarias, que quem faz a ligação mais direta entre o setor produtivo e distributivo com o ciclista, e é quem difunde conceitos que influenciam diretamente na integridade do ciclista, portanto nos resultados de segurança dos projetos cicloviários. De novo e sempre lembrando que técnicos de trânsito acreditam que 35% morrem por falha mecânica da bicicleta, o que é uma vergonha nacional.
É impossível pensar numa política urbana que exclui a bicicleta porque ela faz parte da cidade. O que necessitamos é construir uma cidade melhor para todos onde a bicicleta seja parte da construção desta melhoria. Pedestres e deficientes físicos e de mobilidade devem caminhar juntos, quando não a nossa frente.
Sobre os candidatos
Dois
dos três mais fortes candidatos à Presidência eu tenho certeza que têm em seus
times lutadores da causa da bicicleta.
Serra, que em sua época de universitário usou a bicicleta, conta com o deputado
Walter Feldman, há muito apresentando leis e empurrando a causa; Stela Goldenstein,
ex-chefe de gabinete; Aloísio Nunes, ex-Casa Civil e pedestre apaixonado;
Gilberto Nataline, para citar alguns nomes que já vi resultados. Marina tem no
time de ponta Soninha Francine, Vereadora em São Paulo e ex Sub Prefeita da
Lapa, e Eduardo Jorge, ex Secretário do Meio Ambiente do Município de São
Paulo, ambos ciclistas no dia a dia e muito briguentos pela causa; além do
Gabeira, a quem conheci pessoalmente quando da longa visita dele ao Museu da
Bicicleta de Joinville.
Sobre
o pessoal da Dilma eu desconheço, mas sei que no partido há quem realmente
gosta da bicicleta. O que não sei é quem do núcleo quer para valer resolver a
questão da bicicleta. Como fui visinho do Suplicy, quando ele morava na rua
Grécia, e o conheço faz tempo, digo por experiência suas falas são bastante oportunistas
e só. Diferente do caso do Nabil Bonduki e do Chico Mascena. Mascena em
especial mostra que o objetivo é a bicicleta e que é aberto para chegar aos
resultados. Enfim, não sei quem são e como é “núcleo duro” da campanha de Dilma.
O fato que nos interessa agora, ciclistas, é pressionar. Quer ajudar seu candidato, ótimo. Mas se quiser resultados de fato para nossa questão é necessário pressionar todos os lados, independente de nome ou partido. Vamos a luta!
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