terça-feira, 12 de junho de 2018

Froome e o pedalar preservando energia


Ontem pedalei ao lado de um ciclista jovem e muito forte, vestido de terno e mochila, provavelmente voltando do trabalho para casa. Estávamos rápido pela rua Paes Leme e tive vontade de orienta-lo sobre a forma de pedalar nas ruas e no meio do trânsito. Infelizmente não deu. Não senti que havia espaço para comentar os erros dele, que provavelmente pedala bicicleta de estrada. Bicicleta na rua não é ciclismo, mas se pode aprender muito do ciclismo esportivo para para melhorar a segurança nas ruas.
"Ciclismo é a arte da suavidade", ou em outras palavras "Ciclismo é a arte de preservar energia". No ciclismo de competição ser suave, que outras palavras significa preservar energia, é essencial para obter bons resultados. O ciclista que não consegue antever, pensar, prever as situações e o pedal como um todo fica desperdiçando energia que no final, ou em algum momento, fará falta. No Giro d'Italia deste ano tivemos ótimo exemplo do que se deve e não deve fazer. Yates era lider e venceu uma prova de montanha como há muito não se via, deixando o pelotão para trás, indo só de cara para o vento os últimos 8 km e chegando muito a frente dos demais. Errou feio. Nas etapas seguintes desapareceu do Giro, morreu como se diz. E Froome mais uma vez provou que o uso inteligente das próprias forças é o melhor caminho para o bom resultado, no caso uma vitória incontestável neste Giro d'Italia 2018.
Ser suave e preservar energia nas ruas e principalmente no meio do trânsito é mais que essencial para a própria segurança e chegar bem em casa. Ser suave para evitar incidentes desnecessários e assim ter energia para situações inesperadas ou de emergência. Ver o sinal fechado e continuar pedalando até ter que frear com força é mais que um simples desperdício de energia, é colocar-se em risco mais a frente. 
"Quem só pensa em perigo não tem tempo para ser seguro" pode ser lido como "...e os outros? O perigo está nos outros". Segundo pesquisas não está no outro, pelo menos não como o dito popular erroneamente faz crer. Os números não mentem: não há qualquer sombra de dúvida que conduzir qualquer veículo, incluindo bicicleta, com suavidade praticamente zera a possibilidade de acidente, independente dos outros. É a famosa "direção defensiva".
Cris Froome tomou um senhor tombo na primeira etapa deste Giro 2018, colocou a cabeça no lugar, olhou para prova como um todo, manteve a calma, deixou para trás o acidente, coisa que acontece, e teve mais uma vitória incontestável em sua carreira. Prevaleceu a inteligência. Porque não aprender com os campeões?

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