Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo
Lula fez mais uma vez um discurso onde coloca a necessidade, justíssima, de se atacar o grave problema da pobreza mundial. Disse que a questão ambiental tem que ser atrelada a da pobreza, o que a princípio faz sentido. O problema é que esta matemática não se resume a 1+1=2, pela simples razão que com a diminuição da pobreza haverá o aumento do consumo, que por sua vez é um dos principais problemas ambientais. A questão é como, ou melhor, o que significa pedir para reduzir o drama horroroso da pobreza. Se for com o quanto mais se gasta, mais gira dinheiro, melhor para os mais pobres, como o PT fez na nova matriz econômica do governo Dilma, o desastre ambiental está definitivamente plantado. Se for sem controle de gastos públicos, o resultado desastroso para os pobres se repetirá mais uma vez, o que trará mais consequências para o meio ambiente. Uma das razões para a pobreza é a questão da propriedade, do direito a moradia e a terra, o que tem que ser resolvido de maneira racional, com acordos que não sejam ideológicos, ou teremos mais derrubada de verde, morte de nascentes e perda de biomas, como aconteceu por todo Brasil, principalmente o urbano. Alguns comentaristas políticos perguntaram: o discurso de Lula foi para seus apoiadores ou com vontade sincera de resolver graves problemas que afetam o planeta? Acredito que os dois. Misturar prioridades urgentes pode dispersar soluções necessárias, a história ensina. Sob a ótica da economia e das ideologias que nos regem hoje, ter poços de petróleo na foz do Amazonas pode melhorar a economia e hipoteticamente ajudar a reduzir a pobreza, mas os especialistas dizem, e há boas razões para acreditar, que é um perigo de crime ambiental sem tamanho. Golfo do México, por exemplo, que o diga. Nosso meio ambiente sofre muito pela ineficiência, para dizer o mínimo, de nossos órgãos fiscalizadores e reguladores, aliás sofremos todos, principalmente os mais pobres. Todos, sem qualquer exceção, afirmam que tudo passa pela educação, mas estranhamente nestas últimas muitas décadas não conseguiram fazer educar. Não temos projeto de Estado, projeto para o Brasil, mas projetos destes ou daqueles que se dizem salvadores da pátria. Até a qualidade da educação de nossa elite é questionável, o leva a tomada de decisões equivocadas, para não dizer a facilidade para a má fé. Ninguém duvida que se todos governantes e políticos tivessem cumprido o dever constitucional pela educação teríamos menos problemas ambientais, de pobreza, e sem a menor sombra de dúvida menores problemas ideológicos; mas aí complica para eles, incluindo os aproveitadores de plantão. É vital que se resolva o absurdo da pobreza, mas não serão emocionantes palavras corretas num plenário mundial que farão diferença. Só a educação resolve. Temos urgências urgentíssimas em relação ao meio ambiente, que é prioridade inquestionável e absoluta, ou ninguém vai se dar bem, sejam ricos, remediados e pobres. A pobreza só resolveremos quando as ideologias forem silenciadas em nome da racionalidade, dos resultados, o que só se consegue com educação, e a isto estamos um ano luz de distância. Resolver a pobreza à luz da ideologia ou populismo com o povo e sua elite ignorantes poderá ser nosso fim, e com ele o do planeta.
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