Continuo endossando meu próprio texto sobre a brutal morte de Genivaldo, mesmo sentindo um incômodo. Parece muito frio a forma como trato a situação, abordando capacete e segurança no trânsito, mas depois de passado o brutal fato (que me embrulha o estômago) a única forma de evitar que se repita é indo para as causas, todas, até as que não importa se são cômodas ou profundamente incômodas para o momento. E quanto antes tratar do assunto melhor. Se já teve parente morto resolva todas as pendências o mais rápido possível. Exemplo simples e direto é a questão da documentação legal e divisão dos bens; a lei diz que se fizer e encerrar o inventário num prazo curto paga muito menos imposto. Se o inventário demorar, tiver discórdia, briga, não só o imposto sobe e muito, como o defunto continua circulando pela casa.
Falar sobre violência policial neste país não preciso, até porque é o que mais se fala nos meios de comunicação. Ademais, não entendo do assunto. E o que aconteceu com Genivaldo está gravado e não tem contra argumentação; ou tem, no corporativismo generalizado deste país. Aliás, falar sobre violência neste país cansou e não se faz nada para frear a barbárie.
Sobre corporativismo devo comentar as primeiras palavras de Bolsonaro, de um diretor da PRF, e da OAB que só veio a se posicionar dois dias depois. É o famoso "Vamos com calma" que só serve para proteger os responsáveis diretos e indiretos. Como fica quem treinou? Como fica quem comanda os 3 policiais que não estava no local, mas é responsável? Como fica, como fica, como fica... os indiretamente envolvidos? O que se tem que mudar, este é o ponto? As cenas do assassinato de Genivaldo são claríssimas, mas o que mais?
Na rádio acabei de ouvir que os treinamentos da PRF estão cada dia mais curtos, que nestes últimos 3 ou 4 anos foi tirada a matéria de direitos humanos e que precisa dar treinamento específico para abordar pessoas com problemas mentais. Em muitos casos é simplesmente impossível perceber a patologia. Até mesmo psiquiatras e psicólogos erram, o que dirá de um policial.
"Capacete parece um detalhe, mas não é" escrevi, e não é mesmo. Assim como o que se faz com engenharia de trânsito, engenharia de segurança no trânsito e educação para o trânsito também não é um detalhe. É a base de boa parte de nossos problemas. Uma cidade mal gerida é adubo perfeito para uma sociedade torta.
Os problemas que temos são tão absurdos que muitos deles tem que ser resolvidos não através da lei, do que seria aparentemente lógico, mas de como é possível resolvê-los, de como se come o mingau fervendo. Sopra, deixa esfriar por si só, dá uma bronca na cozinheira, muda o prato, coloca num raso, passa pomada nos lábios.... e aí, o que vai ser.
Lembro daquela escola de Capão Redondo, o CIEJA - Centro de Integração de Jovens e Adultos - Campo Limpo, que foi considerada a escola mais problemática do Estado de São Paulo e que ninguém conseguia resolver. Um dia entrou uma nova diretora que depois de um tempo tentando colocar ordem usando os ditames formais e não conseguir qualquer resultado, decidiu conversar com os alunos e perguntar o que eles queriam. A resposta pareceu absurda: "Não queremos aula, não queremos matéria, não queremos ficar dentro da classe", e ela comprou o pedido deles. Absurdo? Não! Não sei como está agora, mas durante muitos anos foi considerada uma das escolas modelo pelo UNESCO, simples assim.
Por último, na primeiro publicação, da original, onde se lê "Sob este prisma (da sanidade mental), Bolsonaro, Lula e todos seus fanáticos seguidores são exemplos de normalidade?" faço uma correção seguindo a mesma linha de pensamento do resto do texto e generalizando. Leia-se: Fanáticos seguidores de políticos, religiosos e ideologias são exemplos de normalidade? Da forma que está só gera discussão de quem é mais louco nesta história e na verdade estamos todos completamente loucos.
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