Estive tão atarantado com coisas que são minhas e ao mesmo tempo não são minhas que acabei esquecendo de colocar o lixo na rua, dois saquinhos e um sacão imenso com o que foi podado do jardim. Enterrei a cara no notebook e publiquei "Lei de Murphy por 3 diaS" que saiu de enfiada, coisa rara, já disse - não sou jornalista, e ia trabalhar mais uma vez no rascunho infinito do "Pensamentos perdidos sobre cidades, economia e turismo no Brasil". A questão é que entre um e outro texto saí da telinha e fui para a telona ver o jornal e com isto não podia ter outra reação a não ser ter um chilique completo.
"Que país é este? Que país é este? Que país é este?" letra de punk genial.
Em que mundo estamos vivendo? Não é só Brasil, mas neste exato momento é especialmente Brasil, república de casca de banana. A banana ou já foi roubada ou foi comida, de qualquer forma patinamos na casca que sempre jogam no nosso chão.
Que escolha se deve ou devo fazer na vida? OU, temos escolha? Olhamos para o indivíduo ou para o coletivo?
A resposta é o equilíbrio, sempre. Sem cuidar do indivíduo, de si próprio, não temos condição de cuidar do coletivo. Acompanhei o caso de uma pessoa com raríssima capacidade de transformar indivíduos com seríssimos problemas em gente (as hipérboles aqui são mais que justas) até o momento que ele próprio foi obrigado a se tratar devido a inúmeros problemas físicos e mentais consequência justamente deste olhar coletivo. Ou seja, incapacidade de cuidar-se, cuidar da própria individualidade.
Por um momento esqueço de vocês, leitores, e intimamente me faço a pergunta: Qual é minha opção de vida, indivíduo ou coletivo? Equilíbrio? Estás brincando? Reconhecendo minha própria insignificância respondo sem medo: sei lá!
Mais ou menos na mesma época que minha prima adoeceu abriu-se a possibilidade de ajudar Socorro na feitura de um plano de mobilidades ativas, caminhar e pedalar para começar. Mas acabei sendo atropelado pelo meu instinto de ajuda ao indivíduo.
Num gesto típico de nossa sociedade minha prima foi praticamente deixada à própria sorte. Acabei descobrindo a situação real meio que por acidente e entrei de cabeça. Socorro e o MMC, museu de motos e bicicletas, tchau. Fui cuidar de um indivíduo, de uma figura que pela vida foi boa gente. Valeu a pena, mas perder a oportunidade de ajudar o coletivo, Socorro, dói, como dói.
Aqui entramos em outro plano: cuidar do indivíduo, no caso o outro, ou cuidar do coletivo, no caso o conjunto de indivíduos? E isto leva a outra pergunta: E eu?
Indivíduo = egoísmo? That's the question?
A melhora que minha prima vem apresentando é uma benção para mim. Resolver os problemas dos outros me faz respirar leve. Não conseguir resolve-los agonia. Simples assim.
O dilema extrapola e muito o que pensa Arturo Alcorta e tem a ver com instinto de sobrevivência. Se der merda em volta o mínimo que vai acontecer é ter que limpar a merda da sola do meu tênis, e quem já limpou merda da sola do tênis sabe a merda que é. Enfim, se pelo menos eu não deixar a merda de meu cachorro no meio da calçada já é de grande ajuda para o coletivo e por consequência para mim, o individuo. Individualismo ou egoísmo?
Cuidar do coletivo é a melhor forma de auto preservação. Quando ajo em prol do coletivo estou de certa forma sendo egoísta e agindo em causa própria. Portanto não é sobre desejos ou vontades, mas sobre as necessidades coletivas que afetam cada indivíduo.
Não sei no que daria Socorro. Sei que minha prima melhorou. O trabalho que está sendo feito com ela de alguma forma está sendo documentado. Diz Vânia, que coordena o tratamento, que nunca viu uma melhora assim. O individual oxalá servirá para o coletivo.
"O que nós estamos fazendo? O que nós estamos fazendo? O que nós estamos fazendo?..."
Almoçando em Santos com minha prima e as duas cuidadoras dentre outras besteiras que falávamos para rir, as santas cuidadoras soltaram que Anitta fez uma tatuagem no cu e tem um link sei lá onde que ela cobra para quem quiser ver. Mais, que ela, Anitta, encheu o cu de dinheiro com as visualizações da dita tatuagem. "Como?" Confesso que não acreditei, ok, acreditei porque as meninas (cuidadoras) são sérias, mas não acreditei acreditando. Afinal, dá para acreditar que uma das referências sociais desta Pátria Amada Brasil não só fez uma tatuagem no cu como está enchendo o 'bolso' com o pequeno detalhe. Bem no centrão, se quiserem e melhor, bem no Centrão.
Tiro ao alvo?
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