Limpando a poeira de minha estante achei isto:
Em 2005 ou 2006 fui chamado à Prefeitura para olhar uns mapas e ajudar a resolver um problema. Cheguei lá e me foi entregue um belo caderno com mapas e descrições dos bicicletários que foram implantados nas estações do Expresso Tiradentes, aquele elevado absurdo que Maluf implantou sobre o rio Tamanduateí, vulgarmente chamado de Fura Fila, que começa no Parque Dom Pedro e termina em Vila Prudente.
O pequeno problema em questão é que implantaram os bicicletários (Que ótimo! Que bom para os ciclistas! Que progresso para a cidade!), mas esqueceram, simplesmente não pensaram, nos acessos, na funcionalidade, na localização... Em suma, os bicicletários não serviam para nada, não tinham usuário, eram dinheiro público jogado no lixo. O que fazer?
CPTM é do Estado. A Prefeitura foi avisada do lindo presente, toma que o filho é teu, pegou, abriu o pacote e... Fazer o que?
Nada foi feito até porque esqueceram de ver se tinha usuário da linha que era ciclista, que chegava nas estações pedalando, um pequeno detalhe no projeto e construção dos bicicletários, alguns já em funcionamento. Não tinha. Assunto encerrado.
Não foi a primeira vez que isto aconteceu, muito pelo contrário. Talvez com boa vontade, talvez não, talvez com outras intensões, um funcionário ou um departamento de um órgão público simplesmente age. Que lindo! Sem conhecimento do resto da coisa pública, tipo compra a bola, aluga o campo, paga o juiz e os bandeirinhas, chama a imprensa e esquece de avisar os times que vai ter jogo. O triste é que eles acabam fazendo a partida num campinho de terra da periferia. A melhor de todas foi a ponte que já estava praticamente pronta, mas era desconhecida por funcionários da CET que deveriam estar no projeto. Tem montes desta histórias.
Projetos não darem o resultado esperado é relativamente normal. A Estação Pinheiros do Metro teve 3 vezes mais usuários que o projetado porque a linha do metro que deveria ligar a Estação CPTM Santo Amaro a Moema e a linha Norte Sul atrasou.
Agora, tem um limite ou o erro não deve ser encarado como erro, mas no mínimo como malversasão de verba pública (sempre achei que era má versão, mas é malversasão).
Estou sendo muito chato, repetindo demais, mas não dá para aceitar esta festa ddo caqui que nunca termina. São dois crimes que como civil burro não consigo aceitar: a indústria de projetos que de princípio se sabe que não serão executados, mas sustentam inúmeras empresas de engenharia e custam muito dinheiro público, leia-se nosso, e a indústria das jaboticabas, obras inúteis, dinheiro público jogado no lixo, resta saber lixo de quem. Está cheio de pontes e viadutos abandonados pelo Brasil afora. Tem ferrovia, porto, conjunto habitacional...
Há um outro detalhe aí, que são as assinaturas técnicas que têm que ser dadas por funcionário público, do engenheiro ao burocrata. Ninguém responde por nada?
O nível de ineficiência e desperdício da coisa pública no Brasil é aterrador. Corrupção é um problema sério? Sim, óbvio, mas como fica quando comparada com os custos da infeciência e desperdício do setor público.
Tem que cair a ficha: somos um país pobre e não sepode brincar com dinheiro público.
Olhando o que se tem feito em nome da bicicleta sinto vergonha de ser ciclista. Passar por ciclofaixa que não serve para nada e depois passar por um cidadão passando fome me embrulha o estômago.
Eu tive um sonho... e definitivamente não era isto que está aí.
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