Wilson Simonal
Homenagem a Marin Luther King
gravação 28 de fevereiro de 1967
Wilson Simonal é destes gênios que surgem raramente no planeta. Da mesma forma que fez um sucesso estrondoso desapareceu sem que na época sua falta fosse tão sentida e se soubesse ao certo o que tinha acontecido. Hoje passa na TV um documentário que explica a história toda, meio assim com uns buracos, mas dá uma noção boa do que aconteceu. Uma coisa é certa, Simonal era um gênio negro e isto incomodou profundamente muita gente.
Fala da filha de George Floyd: "Meu pai vai mudar o mundo".
muro residencial tipico brasileiro
Muro!
Autodeclarados negros no Brasil são menos de 8%, mas população mulata vai além dos 50%. Especialistas deixam claro que o número de negros brasileiros é muitíssimo mais alto que o autodeclarado. Seguindo estes números e pesquisando o Brasil real se dá num dos campeões mundiais de problemas sociais, os mais diversos e tristes possíveis. E os muros não só afetam os negros, definitivamente não.
Eu tenho um sonho e não é de hoje: uma cidade sem muros, todos, os físicos e os sociais. Uma vida sem segregações, portanto sem medos. Muros escravizam, são fruto do medo; medo fecha portas, discrimina, mata, no sentido literal e figurado. Vida! IDH!
A mudança factível começa por detalhes muito mais que pelo grosso da história.
no muro está escrito:
QUERO SER POBRE POR UM DIA..., MAS TODO DIA É FODA
Desconhecer o outro, caminho certo para pensar bobagens.
"Eu quero que pobre se exploda" é um bordão do personagem Justo Veríssimo de Chico Anísio que define com precisão esta nação.
Italianos, Sírios, Libaneses, Japoneses, Judeus (e os coloco propositadamente com letra maiúscula) e tantos outros mais foram discriminados por aqui. Africanos em especial. Nordestinos. O que dizer dos pobres? A história continua.
Tenho um bom amigo que pelos padrões americanos não é exatamente um redneck branquela. Ele tem um ótimo casamento inter-racial e dois filhos lindos. No meio de toda barbaridade dos comentários e ações do pessoal do Bolsonaro sobre judeus fez seu comentário sobre a questão, de bate pronto, completamente espontâneo, um "deslize" que logo tentou corrigir. Perguntou se eu era judeu, respondi que meus dois irmãos eram de origem judaica. O interessante é que ele pensa a vida com um claro viés de esquerda e no caso o comentário tinha a ver com vincular judeus a bancos e fortunas, como se todo judeu fosse bilionário e fossem os únicos deste planeta que só pensam naquilo: dinheiro. Definitivamente não condiz com a realidade.
Somos todos humanos.
A gozação de Monty Python em a Vida de Brian sobre o erro de avaliação de quem foram os romanos vale para tudo e todos. Esculhamba bem esculhambado as besteiras, das raciais às ideológicas.
A qualidade de vida que temos hoje foi construída, dentre outras coisas, com a assimilação da cultura africana. A saber: higiene na cozinha só chegou ao Brasil com os cultos religiosos africanos. Antes, entre portugueses e europeus, o trato com os alimentos era um horror, que se descrevo aqui talvez vomitem. Todo primeiro mundo foi e está fortemente influenciado pela cultura africana. Somos todos humanos, coitado de que não entende isto.
Como mudar? Por onde começar?
Tem que ter um gatilho social para acionar mudanças corretas e perenes, não sei qual e não creio que haja respostas. A morte de George Floyd deve gerar mudanças nos Estados Unidos. No Brasil, onde morre-se aos montes, assim sem mais, até de morte morrida, morte de uns não faz muita diferença. Se fizesse qualquer diferença já teríamos feito algo para mudar há muito tempo. Nossos números são asquerosos, assim como nossa falta de vontade de muda-los.
Lá fora a discussão ultrapassou e muito a questão da violência policial e de estado. No meio desta profunda crise macro econômica alguém usou o termo livestock para trabalho humano, o que é usado normalmente para gado. O que somos; boiada? Com certeza! Foi assim que a humanidade progrediu, é assim que será, mas alguns valores desta equação precisam imediatamente serem revistos.
Todo sistema está completamente desbalanceado; não dá mais para continuar como estamos levando o planeta e nossas vidas. Se nós aceitamos, o planeta não aguenta mais. A equação não fecha, só duvida quem vive na terra plana e outros imbecis do gênero.
Medo escraviza. (Daí porque sou contra implantar ciclovias e ciclofaixas indiscriminadamente.) Sonho como uma cidade livre, sem muros e segregação, mas com uma ordem que liberte. A união liberta, a cidade sempre foi o ponto de união. Selfie é um direito individual, mas também é um muro social. A cidade/sociedade do selfie está provado que não funciona. Unidos jamais seremos vencidos!
O assassinato de George Floyd no meio deste caos pandêmico escancara. Resta saber se queremos ver e agir. Eu quero, eu tento, pelo menos tento. E você? Talvez só tentar não baste mais.
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