terça-feira, 1 de outubro de 2024

Cucarachas


Dependendo da luz é uma coisa ou outra. Na luz correta é um trabalho forte, consistente. Na normal morre.
Como é ou são suas cores na luz? 

Saí pela manhã para caminhar pelas ruas de Roma, como tenho feito todos dias. Estou a uns 700 metros da Termini, a estação central de trens. O zoológico que circula pelas imediações, boa parte turistas, é o mais variado possível, percebe-se pelo falar, a forma de caminhar e não tanto pelo vestir. Quanto mais próximo da Termini, mais se acentua quem de fato é a pessoa e de onde vem, muitos estrangeiros. Os africanos, são os africanos, não só pela pele, mas pela forma de vestir, do caminhar, do se afirmar, que é patente mesmo quando fantasiados de europeus.

Fantasiados. Todos nós nos fantasiados, esta é a verdade. Europeu em tempo de frio, principalmente, se veste tudo muito parecido, o que se pode ler como "sou europeu como vocês que cruzam por mim nestas ruas". Socialismo embutido, juntos venceremos, ou efeito boiada, assim estou protegido, ou garantido. Ou tudo junto, mais um alto nível de escolaridade.
 
Somos todos cucarachas, pelo menos os nascidos ao sul do equador e vindos das Américas, leia-se abaixo da fronteira dos Estados Unidos, que é bem acima da linha divisória norte / sul. Vale para a América do Norte e para aqui,  Europa. Cucaracha. A diferença é que europeu é mais discreto.
"Não, não somos, isto é coisa dos imperialistas..." diriam e dizem os mais radicais e os que se acham. A verdade é que somos, cucarachas!, mas esta é uma outra história.

Tenho cara de Fritz, fora do Brasil e, muito pior, no Brasil. Não sou eu que digo ou queira ter cara de Fritz, mas é a voz comum que sempre vive me chamando de "alemão". Fritz, ponto final.  Na terra mãe isto me incomoda e muito. Nunca fui um brasileiro, lá, aí no Brasil, sou um cucaracha ao contrário. "Ô alemão" ouvi de montes e é das poucas coisas que me tiram do sério.

A vantagem que tenho nestas paragens, Roma, é que minha conversa com a italianada por aqui flui. O mesmo com outros europeus. No Brasil me sinto um marginal, um invasor, um cucaracha.


Há uma enorme diferença entre ser um poodle e um poodle que o pariu. O primeiro, o original, é conhecido pela sua sensibilidade e inteligência. O PQP também, com a vantagem de ser mais resiliente. Uma das vantagens dos cucarachas.

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