O trânsito da Itália é a prova cabal que há uma diferença entre estar seguro e sentir-se seguro. O trânsito de Roma tem uma fluidez que parece caótica, e de certa forma é, que dá sensação de insegurança, o que não condiz com a verdade dos fatos. Eles param para pedestres! Ou deixam cruzar a rua! O que é quase a mesma coisa. No fim das contas, chega-se do outro lado da rua sem ser atropelado. Mas aqui em Roma, pelo menos até se acostumar com os usos e costumes locais, vida de pedestre é com alguma emoção.
Pelas ruas se vê ingleses, alemães, suecos, americanos e gente de outros países de trânsito bem organizado que ficam em pânico até entenderem como é o jogo. Em seus países o trânsito para nos dois sentidos no momento que o pedestre põe o pé no asfalto até quando ele sobe na calçada por completo. É o correto? Sim. Pode ser. Talvez?
Em Roma não, os carros param só quando o pedestre está na linha de frente para o capo do carro. E o pedestre segue assim até chegar na calçada do outro lado. Saiu da frente do carro, ele começa a se movimentar. Não se preocupe com motos, scooters, patinetes, e bicicletas que vão passar pela frente e por trás e que só pararão quando for inevitável. Mas param. Parece uma loucura, mas acreditem, cruzar a rua nesta bagunça é seguro. As velhinhas simplesmente invadem a pista e seguem em frente. Mata a velha não rola por aqui. As "mamma" são tudo querida. Sem elas não tem macarronada!
Limite de velocidade? Creio que tenha, mas é um mero lembrete, ou coisa que o valha, como contei num outro post. As motos e scooters aceleram sem dó, nem ré, mi, fá. Sol, lá, si, do então... nem dizer. Seria muito mais agradável se não acelerarem tanto e tão rápido e mantivessem uma velocidade constante, baixa, de preferência. Menos a ver com, segurança, muito mais com incomodo sonoro.
Domingo passado saí pedalando pela cidade, longe da área turística, que em qualquer parte do planeta sempre é complicada. Roma praticamente não tem ciclovias ou ciclofaixas. Perigoso? Não, aí sem piada. O mesmo que pedalar é Paris ou NY.
O trânsito da Itália é uma loucura? Pode ser, depende de quem o vê. O ideal seria que fosse menos fluído. Mas é inseguro? Pelo menos aqui em Roma não é, mesmo que pareça o contrário.
Roma me fez entender mais uma vez que há uma enorme diferença entre parecer inseguro e ser inseguro. O ideal é que pareça é seja seguro.
Num trânsito como o brasileiro, que no geral parece e é inseguro, o entender o que é insegurança fica complicado. O que leva a um segundo ponto, o da narrativa distorcida sobre o que segurança e mais distorcida ainda sobre como se construir um trânsito menos agressivo. Seguir acreditando que impor segurança goela abaixo de uma sociedade viciada trará resultados imediatos é de uma cegueira sem-fim.
A saber, quanto maior o número do ranking, melhor é a segurança. Brasil é o 97°. Suécia o 174°. Holanda, uma de nossas referências prediletas, 172°
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