quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Enfim a troca dos semáforos de São Paulo

São Paulo reclama
O Estado de São Paulo

vermelho em lugar do verde
Depois de um longo e doloroso empurra empurra parece que vamos ter em São Paulo um sistema semafórico que funcione. Depois de tantas lambanças passadas só vendo para crer. Li a matéria publicada no Estadão e terminei com alguma preocupação, não pelo custo, mas pela falta de esclarecimento sobre que tipo de sistema foi comprado. A importância da fluidez de pessoas e mercadorias vai muito além dos custos com a perda de tempo, tem uma relação direta com violência urbana, baixa produtividade, baixo rendimento escolar, agressividade social, doenças variadas, desenvolvimento urbano desordenado e principalmente com o estreitamento das perspectivas de um futuro promissor para a cidade em si.
Segundo a matéria o novo sistema vai dar fluidez para veículos e mobilidades públicas. Isto definitivamente não basta. Não houve discussão com a sociedade sobre o que se está comprando. Sistemas semafóricos podem ter vários níveis de inteligência e eficiência. O sistema básico dá fluidez aos veículos motorizados e pedestres. Os mais sofisticados fazem fluir por ordem transporte coletivo e pedestres, bicicletas, veículos de carga, motocicletas e automóveis particulares, analisando e dando respostas para o trânsito momentâneo e suas importâncias diferentes para a fluidez social e econômica da cidade. Cidades que já estão neste presente futuro têm sistemas altamente sofisticados que controlam a fluidez de cada um destes elementos e de todos juntos, elemento crucial para a tão desejada equidade.
É inacreditável que São Paulo, a cidade chave na economia do Brasil, não tenha atualizado, melhor, trocado todo seu sistema semafórico a décadas, quando toda esta porcariada que temos aí já se mostrava inviável para os interesses da população e da própria cidade. O custo econômico foi monumental. É responsabilidade direta da própria população termos chegado nesta situação patética que vivemos com centenas de semáforos quebrados / dia e uma cidade que se arrasta.

E aqui deixo algumas perguntas:
Onde ficará a central, ou as centrais, de monitoramento do novo sistema semafórico da cidade? Terá interface com as centrais da CET, como a da rua Bela Cintra, uma delas? Estas centrais serão modernizadas sob as custas de quem?
Quando se vai controlar o roubo de cabos de energia que alimentam os semáforos? Se vão conseguir controlar a partir de agora, como dizem, porque já não o fizeram? 
A quem interessou o caos que vivemos? 
Controlado o roubo de cabos qual a garantia que a fiação aérea não será derrubada por um caminhão ou galho de árvore desligando o futuro moderno sistema? 
Como será controlada a fluidez? Se for por leitura fotográfica o poder de multa aumentará de forma exponencial, o que a mim não desagrada, mas duvido que a população no geral aceite. Caso a fluidez continue sendo feita por sensores instalados no asfalto continuaremos correndo o risco que percam funcionamento ao primeiro buraco ou um simples golpe de machado. 
Pelo que entendi o principal, o sistema mais sofisticado, atuará na área do Centro Expandido. A cidade é um organismo vivo e deveria ser tratada como tal. O ideal é que se dê fluidez a todos pontos de trânsito mais complicados, mesmo os ditos periféricos ou mais distantes. Qualquer técnico de trânsito e principalmente os marronzinhos sabem que a velocidade de expansão dos congestionamentos é muito rápida, impressionante, e extensas áreas a quilómetros de distância são afetadas por um simples acidente ou quebra de semáforo.  
Perigoso pensar o novo sistema semafórico levando em consideração a cidade presente. Tem que ser levado em conta as áreas de interesse ou a especulação imobiliária. Sim, o trânsito é crucial para estruturação do desenvolvimento sadio da cidade. Exemplos contrários é o que não faltam.
Como será trabalhada a carga de trânsito das marginais Tiete e Pinheiros no novo sistema semafórico? Mesmo não tendo semáforos nas marginais, a pesadíssima carga de trânsito interfere no fluir da área central. 
Necessitamos uma sinalização fixa e móvel integrada ao novo sistema. Está no contrato?
Há um projeto atualizado para a troca dos atuais semáforos ou todos, incluindo os que não fazem mais sentido, continuarão onde estão? Serão instalados novos semáforos? Quantos? Quem define estas mudanças?
Qual a formação, o pensamento e a política de engenharia de trânsito que está sendo aplicada nesta mudança? Quem discutiu os aspectos técnicos, urbanos e humanos? Que eu saiba não foi a população, a maior interessada.
As perguntas não deveriam parar por aqui.

Tudo indica que tivemos o famoso "quanto pior melhor". O novo sistema, qualquer que seja, traz consigo o título de "smart city", o que quer que isto venha significar.

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