São Bento do Sapucaí acabou sendo uma grata surpresa. A pequena cidade ainda está bem preservada, guarda o charme das cidades caipiras com suas estradinhas no entorno levam a paisagens lindíssimas cercadas de montanhas.
Cheia de residências e construções que preservam a fachada original, ruas estreitas, igrejinhas pequenas e charmosas ou acolhedoras, negócios de longa data, ou seja, uma rara cidade com personalidade. Senti falta de um "secos e molhados" da minha infância com seus sacos de milho, farinha, feijão, arroz e outros secos abertos no chão, monte de coisas penduradas, prateleiras cheias de utensílios, um balcão de bebidas e comes e bebes, coisa que sei lá se em algum lugar ainda existe, mas lá caberia. Estranhei tudo abrir depois das 9:00 h, para mim tarde, horário de Buenos Aires, não de interior brasileiro. Impossível tomar um expresso antes. Neste horário tem padaria aberta, mas o café definitivamente não é do meu gosto.
Não imaginei que iria ter Carnaval e por sorte dei com uma festa de família, cheia de crianças pequenas e pais, muito parecido com o mágico pré-carnaval que vivenciei em Olinda em 1986, uma das experiências mais mágicas e felizes que a vida me proporcionou.
Ver em São Bento do Sapucaí bonecos grandes correndo atrás de crianças, rodando, brincando ao som de uma pequena banda de percussão, boa, tocando vários ritmos e andamentos diferentes, foi uma experiência maravilhosa. São menores e mais simples que os bonecos de Olinda, de Silvio, o criador dos grandes Homem da Meia Noite, Menina da Tarde, A Bruxa (pouco conhecido; sai a meia noite de terça-feira) e inúmeros outros que vieram depois e são tão populares. Chama a atenção os bonecos pequenos que são levados por crianças de uns 8 ou 10 anos. O bloco sai pontualmente as 19:00 h, dá a volta pela cidade e acaba em uma hora e pouco no mesmo ponto, diversão para todos, principalmente para a gurizada.
Em São Bento do Sapucaí não há crianças e adolescentes vestidos de clovis, bate bola ou fantasminha como em Olinda, em compensação os bonecos interagem muito mais com o público, em especial com as crianças, e são bem poucos os fantasiados.
Desagradável foi ver um imbecil com um bebe de uns 4 meses sobre os ombros caminhando junto aos bonecos que volta e meia giram e suas mãos dão "tapas". eu diria bofetadas, nos foliões. O pai foi atingido enquanto protegia o bebe com uma mão e reclamava do boneco. Não era lugar para ficar com um bebe tão pequeno. Tomei uma "bofetada" enquanto filmava a saída dos bonecos e posso dizer que não é legal para uma criança, menos ainda para um bebe. Vi um óculos sair voando, pensei que fosse o meu, mas era do cara ao lado.
As mãos dos bonecos giram numa altura que ao girar passa por cima dos guris, só pegando de adolescente para cima.
Não consegui subir a serra da Pedra do Baú. Não sei ao certo se é o pós Covid, o que meu médico diz que provavelmente é, se falta de treino, se precisava de mais redução, se o calor infernal... Não consegui. Nos primeiros 200 metros de ganho de altimetria estava com o coração tão alto que tive a rara consciência de dar meia volta e descer; algo que não sou muito afeito. Todos para quem pedi informação disseram que é uma subida contínua de 7 km com média de 15% de inclinação, uma barbaridade. Não é exatamente. No último dia subi de carro até a Pedra do Baú e fiquei chateado com minha experiência no pedal. Até onde cheguei, uma curva antes do Acampamento Paiol Grande, caso tivesse pedalado mais uns metros e teria o primeiro trecho de descanso. A ladeira pós este trecho curto, a bem da verdade, talvez seja pior, mais inclinado, que o do começo da serra. São 8 km de tortura. Ainda volto e subo, assim espero.
Confesso que foi confuso pedalar naquela lindeza pensando na barbárie que passa a Ucrânia. Quantas emoções juntas!
A Pedra do Baú está recebendo melhorias, o que a princípio é bom. A estradinha que leva ao mirante e o recém-inaugurado Restaurante Bananada é de terra e deveria ser mantida. Está muito ruim. O mirante no topo está pela metade, estacas de madeira fincadas no solo e ponto final. Não sei quem projetou o restaurante, mas provavelmente não faz ideia do que é um carro e menos ainda o público que se desloca em um carro. O acesso ao estacionamento do restaurante é uma piada grosseira. Pena porque o local é simpático, com vista para a mata fechada, a comida é boa e farta. Eu não teria colocado o restaurante naquele ponto, mais isto é uma outra história que vai lá saber suas razões.
A pergunta que fica é porque a coisa pública não consegue fazer projetos com a qualidade encontrada em todo SESC? Porque sempre que tem Prefeitura ou Governo do Estado tem que ter uma qualidade duvidosa, um cheiro de baixa inteligência, e uma sucessão de erros idiotas?
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